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'Donos da posição', alternativas e recuperação clínica: balanço do primeiro mês dos contratados pelo Cruzeiro

Com 'caras novas', time celeste já disputou cinco partidas na temporada

postado em 08/02/2018 09:00 / atualizado em 08/02/2018 15:03

Passados 35 dias desde a reapresentação oficial, o Cruzeiro já disputou cinco partidas na temporada 2018, todas pelo Campeonato Mineiro. Na estreia, bateu o Tupi por 2 a 0, no Mineirão. Depois, empatou sem gols com a Caldense, em Poços de Caldas, e alcançou três triunfos seguidos sobre Uberlândia (4 a 0, no Mineirão), Tombense (2 a 1, no Ipatingão) e América (1 a 0, no Mineirão). Dos sete reforços contratados, o técnico Mano Menezes utilizou seis. Alguns viraram "donos de suas posições, casos de Edilson, Egídio e Fred. Outros ainda buscam espaço, como Bruno Silva, Mancuello e Marcelo Hermes. A exceção é o atacante David, em recuperação de lesão muscular na coxa direita. Veja, abaixo, o balanço do primeiro mês de cada uma das “caras novas” do time.
 
Edílson – lateral-direito (3 jogos e 1 assistência)

Ramon Lisboa/EM/D.A. Press

Não é segredo que o lateral-direito pretendido pelo Cruzeiro era Rafinha, do Bayern de Munique. Contudo, diante da recusa dos alemães em liberar o jogador, Edilson surgiu como “plano B”. Vindo de boas temporadas por Corinthians e Grêmio, pelos quais conquistou Campeonato Brasileiro (2015), Copa do Brasil (2016) e Copa Libertadores (2017), o jogador de 31 anos assinou com a Raposa até dezembro de 2020. Sua estreia ocorreu na goleada por 4 a 0 sobre o Uberlândia, no Mineirão, pela terceira rodada do Campeonato Mineiro. Já no segundo jogo, Edilson quase marcou em cobrança de falta na vitória por 2 a 1 diante do Tombense, no Ipatingão. Por fim, o camisa 22 contribuiu com assistência na medida para o gol de voleio marcado por Arrascaeta no clássico com o América, vencido pelo Cruzeiro por 1 a 0, no último domingo.
 
“Quando o Robinho lançou a bola na frente, vi que o zagueiro não encostou tanto, então pude olhar bem para onde lançaria a bola. O Fred puxou um pouquinho para o primeiro pau e abriu espaço para o Arrascaeta. A qualidade do Arrascaeta foi fundamental para finalizar aquele lance”, comentou o lateral-direito, a respeito do passe para o gol do uruguaio. Além de ter sido um bom “garçom”, Edilson foi seguro na marcação nas primeiras partidas a serviço do Cruzeiro. Falta apenas balançar a rede na bola parada, qualidade que demonstrou por outros clubes ao longo da carreira.
 
Egídio – lateral-esquerdo (5 jogos)

Ramon Lisboa/EM/D.A. Press

Integrante do elenco bicampeão brasileiro em 2013 e 2014, Egídio retornou ao Cruzeiro depois de não renovar o contrato com o Palmeiras, clube que defendeu entre o início de 2015 e o fim de 2017. Conhecido por ser um lateral ofensivo, o camisa 6 ouviu do técnico Mano Menezes de que não precisaria ir à linha de fundo a todo instante. Ou seja, em vez de buscar o ataque várias vezes e se desgastar ao longo das partidas, passaria a avançar apenas no momento certo. As instruções surtiram efeito nos cinco primeiros jogos do lateral-esquerdo em 2018. Segundo o Footstats, Egídio contabilizou 13 desarmes certos e se tornou o líder do elenco nesse fundamento.
 
“Importância muito grande. O Mano me posicionou e disse que às vezes eu saía na bola, sendo que o melhor era segurar. Eu entendi isso, treinei isso e coloquei isso na cabeça. Sempre assisto depois aos meus treinos, que são filmados, e aos jogos. Vejo o que fiz de certo e errado. O Mano tem explicado isso, ele não quer posicionamento errado. O time sofreu apenas um gol em cinco rodadas e ficamos chateados por ter sofrido esse gol. Mas o importante é que estamos criando muito na frente e sofrendo pouco na defesa”, comentou o jogador.
 
Mas Egídio, por óbvio, não abandonou completamente o perfil ofensivo e até teve chances de fazer gol, especialmente na estreia contra o Tupi, quando finalizou uma vez no alvo e outra para fora. O jogador também possui qualidade na bola parada, porém não tem cobrado faltas em virtude da concorrência com Edilson, Robinho, Arrascaeta, Thiago Neves e outros. Seu contrato com a Raposa vai até dezembro de 2019.
 
Marcelo Hermes – lateral-esquerdo (nenhum jogo)

Ramon Lisboa/EM/D.A. Press
 
Ainda não foi testado pelo técnico Mano Menezes, mas mostrou qualidade no passe e na marcação em vários treinamentos. No coletivo dessa quarta-feira, foi o responsável pelo cruzamento na medida para o gol do atacante Fred, no empate por 1 a 1 entre titulares e reservas. Marcelo Hermes, de 23 anos, começou a carreira no Grêmio e tão longo subiu ao profissional foi vendido ao Benfica por 2,91 milhões de euros. No clube português, contudo, não teve espaço e fez apenas um jogo oficial. O empréstimo ao Cruzeiro valerá até dezembro.
 
A tendência é que Marcelo Hermes estreie pelo clube no jogo desta sexta-feira, às 21h30, contra o Democrata de Governador Valadares, no estádio José Mammoud Abbas.
 
Bruno Silva – volante (4 jogos)

Bruno Haddad/Cruzeiro
 
Contratado por R$ 5 milhões depois de longa negociação entre Cruzeiro e Botafogo, Bruno Silva tinha planos para ser utilizado como meia aberto pelo lado direito no elenco de Mano Menezes. Nessa função, entretanto, o jogador sentiu dificuldades de posicionamento e no domínio de bola de costas para o adversário. Sem conseguir produzir jogadas ofensivas de perigo nos embates com Tupi e Caldense, o meio-campista retornou à posição de volante, conforme suas origens, e esteve em campo durante 90 minutos contra o Tombense.
 
Segundo o próprio Bruno Silva, a falta de condicionamento físico ideal de início de temporada é o principal empecilho para que ele repita no Cruzeiro o futebol apresentado a serviço do Botafogo – marcou 14 gols em 111 jogos entre 2016 e 2017.
 
“Estou adaptado. Lógico que longe da minha forma física ideal e do que joguei no ano passado. Sou um jogador intenso que corre os 90 minutos, então acho que estou longe da forma física. (Joguei) quatro ou cinco jogos, é normal, não estou preocupado. Sei que daqui a pouco estarei na forma ideal. Sei do meu potencial, isso é importante. Claro que o torcedor quer ver resultado rápido, tem gente que se adapta rapidamente. Mas eu preciso estar 100%, pois jogo no meu limite”.
 
Mancuello – meia (1 jogo)

Bruno Haddad/Cruzeiro
 
Último dos sete contratados, Mancuello foi apresentado pelo Cruzeiro em 18 de janeiro e precisou de alguns dias de aprimoramento da forma física. Adquirido por 1,8 milhão de dólares ao Flamengo – valor pago por 60% dos direitos econômicos –, o meia entrou nos minutos finais do clássico com o América e até participou ativamente da troca de passes. Com facilidade para atuar tanto em função recuada quanto avançada, o argentino tem bom chute de média e longa distância. Na ótica do técnico Mano Menezes, o camisa 21, que é canhoto, cumpre papel semelhante ao de Ariel Cabral na equipe.
 
Ao analisar a estreia pelo Cruzeiro, Mancuello disse que precisa melhorar o condicionamento físico. “Eu cheguei alguns dias depois dos meus companheiros, eles estão em etapa diferente. Tenho que tentar o mais rápido possível ganhar condicionamento e tentar uma vaga no time. O funcionamento da equipe ontem foi muito bom e isso deixa todo mundo tranquilo”.
 
Fred – atacante (5 jogos e 1 gol)

Ramon Lisboa/EM/D.A. Press


Menos de 24 horas depois de rescindir com o Atlético, em 22 de dezembro do ano passado, Fred assinou contrato de três anos com o Cruzeiro. Com o discurso de que estava retornando para casa, o jogador foi apresentado em 4 de janeiro e reencontrou no clube celeste amigos como Fábio, Thiago Neves e Rafael Sobis. Nos planos dele estava se aproximar dos números alcançados na primeira passagem pela Raposa, entre agosto de 2004 e agosto de 2005: 56 gols em 71 jogos.
 
Embora seja o jogador do Cruzeiro que mais finalizou até aqui no Campeonato Mineiro – 19 vezes (sete certas e 12 erradas) –, Fred só marcou um gol em cinco partidas – o primeiro da vitória por 2 a 1 sobre o Tombense. Diante do Uberlândia, parou em várias defesas do goleiro Felipe e na trave. Contra o América, foi impedido de balançar a rede por João Ricardo na oportunidade mais clara que teve. Num discurso de autocrítica, o veterano de 34 anos reconhece que precisa melhorar.
 
“Tive boas movimentações e estou entrosando bem. A média de gols ainda é baixa, mas tudo dentro do previsto. Já esperava mais ou menos esse entrosamento, essas coisas que acontecem no início, mas daqui a pouco as coisas se encaixam, a gente fica mais decisivo, as competições ficam mais decisivas e fica mais gostoso de fazer gols. Tomara que dê tudo certo”.
 
Com 57 gols em 76 jogos pelo Cruzeiro, Fred ocupa a 34ª posição entre os maiores artilheiros da história do clube. Considerando os 50 primeiros, ele detém a terceira melhor média de gols (0,75), abaixo de Ronaldo (56 gols em 58 jogos entre 1993 e 1994 – média de 0,97) e Ninão (168 gols em 133 jogos nas décadas de 1920 e 1930 – média de 1,26).

David - atacante (nenhum jogo)

Ramon Lisboa/EM/D.A. Press

Maior aposta do Cruzeiro na janela de transferências, David foi apresentado pelo Cruzeiro em 30 de janeiro. Com ajuda de um grupo de investidores, o clube pagará ao Vitória 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 9,7 milhões) por 70% dos direitos econômicos do atacante, que assinou vínculo por quatro temporadas. A primeira parcela, de 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 6 milhões), já foi depositada na conta do rubro-negro da Bahia.

Embora tenha sido o último jogador a ser apresentado oficialmente, David está na Toca da Raposa II desde o começo dos trabalhos de pré-temporada, em 3 de janeiro. Mas em função de uma lesão no músculo posterior da coxa direita, ele precisou de mais tempo para ser regularizado e ter o pagamento confirmado ao Vitória. A expectativa do departamento médico do Cruzeiro é que ele esteja à disposição de Mano Menezes na estreia da Libertadores, em 27 de fevereiro, contra o Racing, na Argentina.   

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