Lucas Silva completou um ano de seu retorno ao Cruzeiro: no total, são 131 jogos e cinco gols marcados - Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A PressDia 3 de fevereiro de 2017. Lucas Silva era apresentado pelo Cruzeiro e concedia entrevista coletiva na sala de imprensa da Toca da Raposa II. Entre vários objetivos, o principal era ganhar sequência de jogos e recuperar a confiança que o ajudou a ser destaque no time campeão brasileiro em 2013 e 2014. Um ano depois desse bate-papo com imprensa, o volante emprestado pelo Real Madrid até junho de 2018 ainda busca seu espaço no time e está longe do brilho apresentado há quatro anos.

Em 2013 e 2014 Lucas Silva formou boas duplas com Nilton e Henrique. O camisa 16 era o cara da saída de bola, do passe preciso, dos lançamentos, da distribuição de jogo e dos chutes potentes de longa distância. Foram 93 partidas (contando também 2012) e quatro gols marcados, o suficiente para chamar a atenção do Real Madrid, que comprou os direitos econômicos do atleta por 13 milhões de euros em janeiro de 2015.

No Real, Lucas se encontrou com Cristiano Ronaldo, Benzema, Marcelo, Bale, Sergio Ramos e companhia. Ali estavam os melhores do mundo. O volante até fez boa partida em sua primeira chance como titular, na vitória por 2 a 0 sobre o Schalke 04, em 18 de fevereiro, pelo jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões. Os números levantados pela ESPN mostraram que Lucas acertou 55 passes (85,9% de êxito), desarmou duas vezes e ainda tentou uma finalização. Porém, a sequência dele no clube espanhol foi apagada e as oportunidades desapareceram. 

Com apenas nove jogos pelo Real Madrid, Lucas Silva foi emprestado ao Olympique de Marselha, onde também não rendeu. No time francês o jogador teve muitas chances e contabilizou 33 partidas na temporada 2015/2016 (22 pela Ligue 1), mas recebeu críticas de jornais locais, sendo chamado de "lento" pelo L'Équipe. Já no início da época 2016/2017, em julho, o meio-campista foi reprovado nos exames médicos no Sporting por causa de um suposto problema cardíaco - descartado posteriormente. 

O volante, então, passou por uma espécie de "período sabático" e só voltou a jogar oficialmente em 10 de fevereiro de 2017, uma semana depois de sua apresentação no Cruzeiro. Ele entrou aos 21min do segundo tempo da partida contra a Chapecoense, vencida pela Raposa por 2 a 0, pela fase de grupos da Primeira Liga. Num chute despretensioso, quase marcou um golaço. No decorrer do ano, entretanto, a tão aguardada sequência não veio da maneira esperada, pois Lucas jogou 36 das 75 partidas da equipe, sendo 20 como titular, e fez um gol. Abaixo, as razões para a falta de espaço ao camisa 16:

Mesmo que tivesse em seu auge de desempenho técnico, Lucas Silva encontraria dificuldades para ganhar uma vaga no time de Mano Menezes. Em 2017, ele teve concorrência fortíssima de pelo menos quatro jogadores: Ariel Cabral, Henrique, Hudson e Lucas Romero. 

O argentino é um dos homens de confiança de Mano no esquema do Cruzeiro. Titular em quase todas as ocasiões que esteve à disposição do treinador na temporada, ele disputou 36 jogos – foram 1341 passes certos, 75 desarmes, um gol e três assistências. Capitão da equipe, Henrique participou de 53 compromissos, foram dois gols marcados, 2021 passes certos e 68 desarmes em 2017.

Autor de gols fundamentais para a conquista da Copa do Brasil, contra o São Paulo e contra o Grêmio, Hudson também teve desempenho superior ao de Lucas Silva e, portanto, mais chances com Mano Menezes. Ele disputou 39 jogos, marcou três gols e realizou 91 desarmes ao longo da última temporada. Utilizado muitas vezes como lateral-direito, Lucas Romero jogou três partidas a mais do que o xará formado na Toca I: foram 39 partidas, dois gols marcados e 93 desarmes no último ano. 

Se em 2018 a briga por uma vaga mais defensiva no meio-campo do Cruzeiro não terá Hudson, que retornou ao São Paulo, ela ganhou outro combatente de peso. Bruno Silva, ex-Botafogo, foi um dos principais reforços para a temporada. Embora queira escalar o jogador como meia pelo lado direito, Mano já começou a testá-lo na função de segundo volante, justamente a vaga pretendida por Lucas Silva. 

Diante do cenário de poucas oportunidades em 2018, fica a dúvida: será que Lucas Silva renovará seu contrato, com duração até o meio do ano, até o fim da temporada? O volante já declarou o desejo de cumprir o vínculo até o fim, mas colocou em xeque a possibilidade de prolongar a permanência na Toca da Raposa II. A diretoria do clube considera muito cedo para comentar as chances. 

Jogos: 131. 

Gols: 5

Títulos: Campeonato Brasileiro 2013 e 2014; Campeonato Mineiro 2014; Copa do Brasil 2017

*Os números dos jogadores do Cruzeiro em 2017 foram fornecidos pelo Footstats