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Novo chefe do departamento médico do Cruzeiro promete transparência, fim do 'achismo' e dá prazo para retorno de atletas

Sérgio Campolina também comemorou investimento em novos equipamentos

Tiago Mattar
Sérgio Campolina era o responsável pelo departamento médico do vôlei do Cruzeiro - Foto: Arquivo pessoal
Não só a diretoria executiva do Cruzeiro passará por mudanças em 2018. No departamento médico, grandes novidades estão previstas para a próxima temporada. A primeira delas já foi anunciada: Sérgio Campolina substitui Fernando Lopes na chefia do setor. Ex-profissional do vôlei do clube, ele promete uma série de mudanças estruturais. Em entrevista ao Superesportes, o ortopedista revelou suas ideias e a linha de trabalho que será implementada na Toca da Raposa II. Prometeu absoluta transparência na divulgação das informações de lesionados e garantiu ânimo para promover a reformulação. 

Campolina ainda passou a limpo a situação dos jogadores do Cruzeiro que fecharam a última temporada sob os cuidados dos médicos do clube. Afirmou que acabará com os 'achismos' sobre lesão dos atletas e já deu prazo para os retornos de Dedé, Sassá, Ezequiel, Rafael Sobis e Raniel. Além disso, comentou o processo de recuperação de Judivan, que ficou dois anos e cinco meses fora dos gramados e voltou na reta final do último Brasileirão.

Veja a entrevista na íntegra com o novo chefe do departamento médico do Cruzeiro:

Como foi o primeiro contato com os profissionais do clube e os jogadores que estão no departamento médico? 

A nova diretoria formalizou o convite para eu trabalhar no Cruzeiro tão logo o Wagner foi eleito presidente.
Pedi, então, autorização para acompanhar o departamento na reta final da temporada. Fiz uma leitura completa do departamento. A condutas dos atletas, o tratamento das lesões, enfim. Já pensando nessa temporada, fiz algumas abordagens. No Dedé, Judivan, Sobis e Ezequiel eu já dei uma adiantada em algumas condutas para preparar para 2018. 

O que você pôde tirar de conclusão das primeiras observações e o que esperar para o departamento médico do Cruzeiro a partir de 2018?

O que acontece é o seguinte, uma coisa que percebi nessa visita ao departamento, que foi muito questionado ao longo do ano, é que as condutas passaram a ser influenciadas por elementos externos. Ele perdeu sua linha diretriz. Os profissionais são bem preparados, têm experiência grande, mas infelizmente eles passaram a, digamos assim, ficarem influenciados por elementos externos. As medidas ficaram muito conservadoras. 

Uma das coisas que vou implementar é uma individualização do tratamento de lesões. Vou usar mais elementos para controle de lesão. Vou implementar um serviço de imagem dentro do DM. Entre outras coisas, uma ultra-sonografia no departamento. O médico vai fazer um acompanhamento diário por imagem, não só por informação do atleta. Isso pode acelerar ou segurar um pouco mais.
Os clubes que fazem isso colhem os resultados. Em dezembro também aproveitei para visitar clubes como Palmeiras e Corinthians, que diminuíram lesões. Ambos se estruturaram em cima disso. Trauma é algo que pode ocorrer em qualquer situação, mas o tratamento pode ser influenciado por inúmeros fatos que precisam ser controlados.

E os novos equipamentos para o departamento médico?

Quando eu comecei a conversa com a nova diretoria, eles mesmos já estavam cientes da necessidade de adequação. Não só física, mas estrutural. Fiz visitas aos clubes não só para acompanhar os procedimentos, mas para ver a evolução dos clubes em relação aos equipamentos. Trouxe algumas ideias, alguns projetos, equipamentos para montar nosso DM. Foi tudo prontamente aceito. A partir de janeiro eles começam a chegar na Toca. Eles são utilizados não só em situações específicas, mas também para, a partir do momento da leitura de desequilíbrio muscular, esses aparelhos conseguem individualizar o tratamento.

Em 2018 o departamento médico do Cruzeiro sofreu uma série de críticas, precisou convocar entrevistas para dar satisfação ao torcedor.
Como enxerga isso? 

É aí que mora a raiz do problema. Todo departamento tem que ter um fluxograma e um organograma de funções. A melhor forma de consertar tudo isso que aconteceu é tendo protocolo. O que vou fazer, como sempre fiz no vôlei, é ter protocolo de lesão. Vou tirar o achismo do Cruzeiro. Você tem que ter dados que comprovam que o atleta tem condição de voltar aos gramados. Com isso sim você pode acelerar ou retardar o retorno de um jogador. 

Ao longo de sua história, o Cruzeiro alternou momentos em que optou por revelar prazos de recuperação ou mantê-los em sigilo. Como você vai trabalhar?

Além de criar esse protocolo e excluir o achismo do Cruzeiro, quero ter comunicação mais aberta. Se as partes concordam, tudo pode ser divulgado. Esconder prazo não acrescenta nada ao tratamento. Pelo contrário, cria-se um clima ruim, que não é desejável. Eu não acho que tem que ser informação sigilosa. Acho que tem que ser coerente. Não pode, também, minimizar as informações. Tendo coerência, a informação vai ser divulgada. 

Sobre jogadores o que pode adiantar? Por nomes, começando pelo Dedé

Já iniciei um tratamento com ele em paralelo. Está respondendo muito bem. Tenho tido contato durante as férias, assim como o pessoal da fisioterapia. Foi montado um organograma para ele, ele tem me dado retorno muito positivo. Ele está muito feliz com o momento dele. Em janeiro vamos fazer a leitura de chegada, se mantiver como tem informado, em breve vai estar à disposição do Mano. Vou progredi-lo para trabalho com preparação física em janeiro. Em fevereiro, se tudo correr como esperamos, estará à disposição do Mano. É essa a nossa meta.

Sassá

Ele alcançou dez semanas de cirurgia, a proposta é de 12 semanas para reavaliação. Ele vai ser reavaliado assim que voltar com o restante do grupo, em janeiro. Clinicamente está bem. Não está sentindo dores, porque antes da cirurgia ele tinha dores. Ele está bem. Animado. Acredito que em janeiro, logo depois da avaliação, vamos fazer a progressão para a preparação física. Assim como o Dedé, fevereiro é a meta para o Sassá ficar à disposição do Mano. 

Ezequiel

Ezequiel respondeu muito bem. Ele realizou processos cirúrgicos de hérnia de disco e tendão e respondeu muito bem. As dores que o incomodaram durante quase todo o ano ele já não sente mais, está recuperado, me deu esse retorno clínico. Em janeiro ele deverá estar liberado para a pré-temporada com o restante do grupo. 

Judivan

Judivan é um atleta que veio sofrendo com lesões graves, não só o trauma, mas complicações no pós-cirúrgico. Está recuperando a parte física, vai ser um atleta que terá um tratamento mais individualizado. São atletas que vou ter controle maior. Vamos fazer de tudo para que eles não tenham sintomas. O tratamento não vai ser interrompido.
 
Rafael Sobis

Fiz uma intervenção no Sobis. Um procedimento médico, que não foi cirúrgico. Ele clinicamente está assintomático, ficou livre das dores que o atrapalharam durante a temporada. Ele vai voltar para a pré-temporada à disposição do Mano Menezes. Vai realizar a preparação física com o restante do grupo em janeiro. 

Raniel

Raniel teve lesão muscular grave nas duas coxas, está assintomático há seis semanas. Pelo padrão previsto, deve começar a parte física junto com os outros companheiros, já na reapresentação do Cruzeiro.
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