Nesta manhã, a goleada é o segundo assunto mais comentado no Twitter em rede nacional. Vários cruzeirenses estão usando a hashtag '#6a1Day' para falar daquela partida. Já o Cruzeiro publicou dois emoticons de mãos, sinalizando um seis.
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— Cruzeiro E. Clube (@Cruzeiro) 4 de dezembro de 2017
O Cruzeiro, que até fez turno razoável no Brasileiro – terminou em sétimo, com 27 pontos –, amargou maus resultados na segunda metade da competição. Logo na abertura do returno, a derrota por 4 a 2 para o Figueirense, no Ipatingão, ocasionou a demissão do técnico Joel Santana, que deixou a Toca da Raposa II com oito vitórias e sete derrotas (53,3% de aproveitamento). A diretoria buscou uma solução caseira para tentar resolver o problema e promoveu o coordenador técnico Emerson Ávila. A situação piorou ainda mais, pois o time contabilizou apenas dois pontos em seis jogos e despencou, na 26ª rodada, para o 16º lugar, com 29 pontos. Ávila acabou retornando ao cargo anterior, e o clube, por meio de mensagem no Twitter, oficializou a contratação de Vagner Mancini, em 26 de setembro.
Mancini também começou com resultados ruins. Só foi conhecer o primeiro triunfo na 31ª rodada, com os 3 a 2 de virada sobre o Atlético-GO, em Sete Lagoas. Anselmo Ramon foi o destaque do duelo, com dois gols. No geral, até o derradeiro confronto contra o Atlético, o comandante registrava 11 partidas, com duas vitórias, cinco empates e quatro derrotas. Com 40 pontos, o Cruzeiro precisava ganhar do rival na última rodada para escapar da queda. Ceará (17º, com 39) e Atlético-PR (18º, com 38) também tinham chances de fugir do descenso. Um dos mais experientes daquele grupo, o ex-volante Leandro Guerreiro relembrou, em entrevista ao Superesportes, a dramaticidade do clássico de 4 de dezembro de 2011 e enalteceu a condução de Vagner Mancini nas palestras pré-jogo.
“Foi o jogo mais tenso da minha vida. O Cruzeiro, que nunca caiu, jogaria num estádio acanhado e lotado. Passamos a semana toda concentrados em São Paulo. Se acontecesse o pior, não sei o que aconteceria conosco, pois a Arena do Jacaré é pequena, os vestiários são apertados, a torcida fica bem perto. Então era uma tensão muito grande. Jogamos sem nossos dois principais jogadores, que eram o Fábio (goleiro) e o Montillo (meia). Mal dormimos de madrugada. Mas creio que fomos bem conduzidos pelo Wagner Mancini, que nos ajudou bastante e têm uma parcela significativa nessa vitória. Ele soube nos colocar para cima, mesmo em situação em baixa”.
O Cruzeiro abriu o placar logo aos 9min, com o meia Roger, que substituiu o suspenso Montillo. Guerreiro ampliou em cabeceio certeiro, aos 28min. Anselmo Ramon, aos 33min, e Fabrício, aos 45min, fizeram 4 a 0 e deixaram em êxtase os 18.500 torcedores na Arena do Jacaré. Ali, o time ficou mais tranquilo. Na etapa final, Wellington Paulista fez o quinto aos 11min. Réver diminuiu para o Atlético, mas Everton marcou o sexto, já nos acréscimos.
Drama
“Foi um prêmio para mim. Eu não vivia um momento bom, pois minha esposa havia perdido um filho uma semana antes e meu sogro também tinha falecido. Eu, inclusive, pensei em pedir dispensa para ir ao velório, mas a situação do Cruzeiro era muito complicada. O time precisava de ajuda. Então, optei por ficar. E fazer o gol foi um prêmio para mim. Me emocionei bastante na comemoração”.
Guerreiro ainda rechaçou os boatos de que alguns jogadores atleticanos teriam tirado o pé naquela partida, já que haviam livrado a equipe da queda na rodada anterior – o alvinegro ficou em 15º , com 45 pontos.
“Não existe isso. Rebaixar o rival é algo que não teria preço. Tudo que o Atlético queria era rebaixar o Cruzeiro. Imagina? Isso não teria preço para o Atlético. Era tudo que o clube queria, era tudo que o Kalil queria. Acho que quem diz que o jogo foi comprado é porque está tentando arrumar desculpa para justificar a derrota. Se tivesse alguma coisa, que fosse para combinar 1 a 0. Mas 6 a 1, poxa?! (risos)”, afirmou o ex-jogador, que pendurou as chuteiras no fim de 2016 depois de atuar por três anos no América.
Remanescentes
Os goleiros Fábio e Rafael e o zagueiro Leo são os remanescentes daquele elenco que por pouco não caiu. O volante Henrique disputou algumas partidas no Brasileiro de 2011, mas foi vendido ao Santos pouco tempo depois. No dia do 6 a 1, Rafael entrou na fogueira para substituir Fábio, que cumpriu suspensão pelo acúmulo de três cartões amarelos. Leo, por sua vez, atuou improvisado na lateral direita, já que o time não contava com o também suspenso Marquinhos Paraná.
CRUZEIRO 6 X 1 ATLÉTICO
Data: 04/12/2011 (domingo)
Motivo: 38ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: Arena do Jacaré, em Sete Lagoas-MG
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique-RJ (Fifa)
Público: 18.500 pagantes
Renda: R$ 258.564,50
Gols: Roger, aos 9 min., Leandro Guerreiro, aos 28 min., Anselmo Ramon, aos 33 min., e Fabrício, aos 45 min. do 1º tempo; Wellington Paulista, aos 11 min., e Réver, aos 15 min., e Everton, aos 45 min. do 2º tempo
Cartões amarelos: Leandro Guerreiro, Roger, Anselmo Ramon e Charles (Cruzeiro); Pierre e Richarlyson (Atlético)
Cartões vermelhos: Wellington Paulista (Cruzeiro); Werley (Atlético)
Cruzeiro
Rafael; Leo, Naldo, Victorino e Diego Renan; Fabrício, Leandro Guerreiro, Charles (Farías) e Roger (Ortigoza); Wellington Paulista e Anselmo Ramon (Everton)
Técnico: Vágner Mancini
Atlético
Renan Ribeiro; Serginho (Magno Alves), Réver, Leonardo Silva (Werley) e Richarlyson; Pierre, Filipe Soutto, Carlos César e Daniel Carvalho; Bernard e André
Técnico: Cuca
Torcedor relembra onde estava no momento exato da goleada
Cruzeirense que vive na Amazônia, Seu Lúcio relembrou onde estava na tarde do dia 4 de dezembro de 2011, enquanto Cruzeiro e Atlético mediam forças na Arena do Jacaré. O torcedor, que possui deficiência visual, está prestes a ter sua vida transformada em filme. A campanha será expirada em três dias e o custo total para a realização do curta é de R$ 32,650,00.“Nesta data memorável eu me encontrava em Cachoeira Paulista/SP. Estava na missa, e quando terminou, por volta das 17h, peguei meu radinho de pilha e fiquei sintonizado no jogo do Cruzeiro e Atlético. Naquele dado momento, o Cruzeiro já vencia. O técnico era o Vagner Mancini. Eu dei cada pulo de alegria, pois se o Cruzeiro perdesse, estaria na Segunda Divisão. Quando soube do resultado, fiquei alegríssimo. “Agora sim, o Cruzeiro não cai mais”. Aí o Atlético fez um gol de honra e se tornou o 6 a 1 memorável naquele domingo, linda tarde de sol, e o Cruzeiro gloriosamente continuava na Primeira Divisão”, disse seu Lúcio ao coletivo Memória Celeste.
Para mais informações e participação no financiamento do projeto do filme de Seu Lúcio, acesse catarse.me/azulescuro