O presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira e elucidou algumas dúvidas que cercam a sua administração. O mandatário tentou justificar o alto valor investido no atacante Gonzalo Latorre, de 21 anos.
O Superesportes revelou em 7 de novembro que Latorre custou aos cofres do Cruzeiro US$ 3,7 milhões (R$ 11 milhões pela conversão de julho de 2015). De acordo com Gilvan, esse valor incluiu, na verdade, parte do montante da compra de De Arrascaeta, adquirido em janeiro daquele mesmo ano.
Oficialmente, o Cruzeiro havia anunciado a compra de 50% dos direitos de Arrascaeta naquela temporada por 4 milhões de euros (R$ 12 milhões pela conversão da época). Só agora, no fim de seu mandato, Gilvan assumiu que o meia uruguaio custou bem mais.
De acordo com Gilvan, a estratégia de embutir parte dos valores relativos a Arrascaeta na compra de Latorre foi proposta ao Cruzeiro pelo empresário uruguaio Daniel Fonseca, que era detentor de parte dos direitos dos dois atletas.
A intenção do agente era reduzir a incidência de impostos na transferência de Arrascaeta.
Gilvan explicou que o Cruzeiro concordou com a “manobra” de Daniel Fonseca para não perder Arrascaeta para outros clubes. Diante disso, Latorre veio de contrapeso. O atacante, que pouco fez na base e jamais atuou no profissional, tem contrato até dezembro de 2019.
Passados quase três anos, o Cruzeiro acumula duas ações na Fifa por conta dessas duas negociações: o Defensor do Uruguai cobra 1.151.500,00 de euros (R$ 4.364.185,00) pendentes da compra de Arrascaeta, enquanto o Atenas-URU alega não ter recebido os US$ 3,7 milhões (R$ 12.099.000,00) da transferência de Latorre para a Toca.
”O Latorre veio numa venda casada com o Arrascaeta. Era da base do Atenas, do Uruguai, e da seleção de base. Era uma grande promessa. Falam-se de valores altos pagos por ele, mas aqueles valores eram muito mais pelo Arrascaeta do que por ele (Latorre). Por uma questão de estratégia do empresário para que não ficasse tão pesado o pagamento de imposto, ele dividiu os valores como se os valores fossem iguais. Isso não é um problema do Cruzeiro, é um problema deles. O Cruzeiro queria trazer o Arrascaeta porque ele havia se destacado na Libertadores. E o Cruzeiro tinha grande interesse em trazê-lo. Ele chegou como grande promessa e realmente mostrou que valeu a pena ser contratado”, disse Gilvan.
No total, Arrascaeta e Latorre saíram por R$ 23 milhões. Gilvan não se arrepende do negócio.
“Estamos discutindo o caso do Latorre (na Fifa). Existe tempo suficiente para discutir. Se o Cruzeiro perder, terá de pagar no final. Mas o Cruzeiro não pode pagar só porque existe a reclamação”, disse Gilvan.
Em meados deste ano, o Cruzeiro tentou rescindir contrato com Latorre, mas o jogador uruguaio não aceitou as condições oferecidas pelo clube. Já sem idade para atuar nas categorias de base e fora dos planos de Mano Menezes no profissional, o centroavante treina à parte na Toca e joga pelos Aspirantes.