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Ex-vice do Cruzeiro, Bruno Vicintin acusa Itair Machado de tê-lo ameaçado de morte; dirigente rebate e ataca gestão de antecessor

Itair Machado nega acusações e promete ir à Justiça

Guilherme Macedo Bruno Furtado
Bruno Vicintin fez acusações durante entrevista coletiva; Itair Machado nega e promete ir à Justiça - Foto: Ramon Lisboa/EM/D. A Press
Não bastasse a crise financeira, o Cruzeiro atravessa uma instabilidade política poucas vezes vista em sua história. Antes mesmo da eleição presidencial, ocorrida em outubro, um racha interno foi exposto entre grandes lideranças. A vitória de Wagner Pires de Sá para o triênio 2018/20 não acalmou os ânimos. Pelo contrário. Para surpresa de muitos, a chapa vencedora se dividiu no dia seguinte, o que tornou ainda mais remota a chance de união entre diferentes correntes. Nesta quarta-feira, até acusações de ameaça de morte surgiram.

Bruno Vicintin, vice de futebol entre setembro de 2015 e outubro deste ano, convocou entrevista coletiva para se posicionar sobre o pedido feito pelo conselheiro Guilherme Oliveira Cruz para que as contas do Cruzeiro sejam investigadas pelo Conselho Deliberativo, dado o elevado número de dívidas acumuladas na gestão do presidente atual, Gilvan de Pinho Tavares. No entanto, em seu pronunciamento inicial, o ex-dirigente introduziu outra pauta e afirmou ter sofrido ameaça de morte do futuro vice de futebol, Itair Machado.

O mal-estar entre Bruno Vicintin e Itair Machado começou logo após a vitória de Wagner Pires de Sá nas urnas. Então vice de futebol e apoiador do candidato vencedor, Bruno chegou a ser convidado para seguir na nova diretoria , mas recusou por discordar da nomeação de Itair para ocupar um cargo no departamento de futebol.
Em seguida, Vicintin deixou o clube.

Nesta quarta, Vicintin disse que foi ameaçado por Itair Machado durante chamada para o telefone do atual primeiro vice do clube, José Francisco Lemos Filho. O episódio teria ocorrido em 13 de novembro, durante uma reunião com as presenças do presidente Gilvan de Pinho Tavares; do superintendente da base, Antônio Assunção; do primeiro secretário do Conselho, Dalai Rocha; do segundo secretário do Conselho, José Gustavo Gatti; e do segundo vice-presidente eleito para o triênio 2018/20, Ronaldo Granata.

Bruno citou como teria sido a ameaça. "Doutor Lemos, eu odeio o Bruno Vicintin e queria que o senhor desse um recado a ele. Diga a ele que se ele não parar de falar de mim na internet, eu vou matar ele". Vicintin, então, seguiu o pronunciamento. "Minha primeira reação foi sair de lá e ir para uma delegacia para fazer o boletim, mas fui convencido por pessoas do Cruzeiro a não fazer isso. Pediram que eu esfriasse a cabeça, pois isso seria ruim para a imagem do clube. Eu posso ter errado de não ter feito o boletim na hora. Mas eu não sou obrigado juridicamente a fazer isso. Às vezes é melhor tentar esfriar a cabeça, porém, não mudou. Eu deveria ter feito na hora”.

Procurado pelo Superesportes, José Francisco Lemos Filho disse que tem boa relação com Bruno Vicintin e com Itair Machado e preferia evitar o assunto. Ainda assim, fez um breve comentário sobre a acusação feita pelo ex-vice de futebol. “Eu não quero falar disso, porque são discussões bobas, não quero comentar.
Não vou confirma nada. Mantenho boa relação com o Itair, principalmente com o Bruno. Fico triste com essas coisas internas, prefiro não dar publicidade a isso. É bobagem, coisas de emoção, não é pra valer”.

Por sua vez, Itair Machado negou as acusações de Bruno Vicintin e alegou que jamais ligou para José Francisco Lemos. “Nunca ameacei o Bruno. Falei com ele (Vicintin) por telefone uma vez na vida e pessoalmente duas ou três vezes. Nunca liguei para o Lemos também. Vamos quebrar o sigilo telefônico e ver se liguei alguma vez na minha vida para o Lemos. Ele (Bruno Vicintin) vai responder por essas acusações na Justiça”, declarou à reportagem. 

Itair Machado emitiu nota para rebater acusação e criticar gestão de Vicintin no futebol do Cruzeiro - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
Por volta das 20h, Itair Machado divulgou nota oficial sobre a acusação feita pelo seu antecessor. Nela, ele ratificou o  posicionamento dado à reportagem e atacou a gestão de Bruno Vicintin no futebol do Cruzeiro.

Leia, na íntegra, a nota emitida por Itair Machado:

NOTA À IMPRENSA – 22/11/2017

Com muita surpresa, acabo de tomar conhecimento da entrevista coletiva do Sr.
Bruno Vicintin, ex-Vice Presidente de Futebol do Cruzeiro Esporte Clube, em que me acusa, de maneira leviana e irresponsável, ter ameaçado a sua integridade física, por razões e motivações, entretanto, não explicadas. Não obstante, rechaço e nego, com veemência, a injusta acusação, da qual o acusador, atualmente um mero “investigado” pelo Conselho Deliberativo do Cruzeiro EC, por supostas irregularidades praticadas durante sua gestão no Clube, responderá oportunamente na justiça pelas aleivosias gratuitas e injustificadas.

Mas, o que mais surpreende, não são as acusações sem provas ou a inexistência de provocação que justificasse as ofensas, mas o fato de que a entrevista coletiva, que, ao que se sabe, deveria se servir unicamente para que o Sr. Bruno Vicintin pudesse explicar aos Conselheiros do Cruzeiro, aos seus milhões de torcedores, aos milhares de associados, à sociedade, ao Ministério Público e à imprensa, por que durante sua gestão à frente do Departamento de Futebol do Clube, deixou que o Cruzeiro se tornasse devedor de R$50milhões em processos da FIFA; por que onerou a folha de pagamento do futebol do clube de R$74milhoes por ano em 2011, para R$176milhões em 2016; por que permitiu que a Divida Geral do Clube partisse de R$120milhões em 2011, para absurdos R$363milhões em 2016; por que a dívida tributária parcelada (impostos não pagos), saltou de R$44milhões em 2011 para R$174milhões em 2016 (são todos dados públicos e constam nos Balanços divulgados pelo Clube). O que sua gestão fez com os R$93milhões recebidos como “luvas” do contrato de televisionamento, pagos ao clube em duas parcelas em dezembro/2016 e março/2017 (sem contar os valores pagos regularmente). Não há resposta, embora o mereçam o Cruzeiro, seu Conselho e sua torcida.

Pensei, ainda, que fosse explicar por que um único agente de jogadores conseguiu captar, durante seu período da sua gestão, aproximadamente 12 (doze) atletas do futebol de base, retirando do Clube o direito sobre seus jovens atletas, em notório prejuízo ao Clube, além de outros que serão apurados. Pensei, finalmente, que fosse explicar as estórias e as justificativas das contratações de atletas como Sanchez Mino, do Arrascaeta, do Pisano, Ezequiel e Eduardo, do Caicedo, Riascos, do Ábila, do Edmilson, da mesada do Paulo Bento... e tantos outros.  Os milhões e milhões despendidos... Houve provisão e orçamento para tamanho desperdício? Também sem resposta.

Se não explicou, como investigado que é, deixemos para o Conselho Deliberativo e para a Comissão de Ética do Clube a devida apuração, para que um dia, em breve, os Conselheiros, os associados e sua imensa torcida, possam fazer o justo julgamento. 

A verdade é que o Cruzeiro EC foi entregue às mãos de pessoa que tem demonstrado diariamente sua inabilidade e imaturidade, além de incapacidade de lidar com as adversidades, de assumir dignamente os atos que pratica, explicá-los para quem precisa ouvir. De maneira sorrateira e vil, utilizando-se de meio publico para ofender, compatível com aqueles que militam nas sombras, tudo leva a crer que renunciou à sua condição de senhor das decisões do Departamento de Futebol do Clube para não ter que explicar por seus atos, atribuindo somente ao Presidente do Clube, sozinho, o ônus de responder e explicar o desastre financeiro e administrativo que se encontra hoje o Cruzeiro EC. 

A entrevista, por tudo que consta, soa meramente oportunista, cujo único objetivo somente pode ser creditado a desviar o foco daquilo que realmente importa: as explicações. 

O Sr. Bruno Vicintin já teve sua oportunidade e saiu por que achou melhor.  No Cruzeiro não pode mais haver pessoas que se julgam proprietárias de cargos ou funções. Agora permita que o Cruzeiro avance.  Permita, enfim, que o Cruzeiro tenha tranquilidade para seguir em frente, com as pessoas que foram democraticamente escolhidas, seja ou não do seu agrado.

Com todas essas considerações, consigno que o momento agora deve ser de paz. O Clube merece e precisa de paz para, com nova diretoria, que não tem compromissos políticos, implementar um projeto novo, de reunificação, de reconstrução de um clube dilacerado administrativa e financeiramente. 

A tarefa da nova diretoria é árdua, senão gigantesca, mas digna do tamanho do nosso grande Cruzeiro Esporte Clube.

Itair Machado de Souza
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