Antes do jogo entre Cruzeiro e Avaí, no Mineirão, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, o presidente Gilvan de Pinho Tavares fez um pronunciamento de aproximadamente 10 minutos para esclarecer a venda do lateral-esquerdo Diogo Barbosa ao Palmeiras. Conforme explicado pelo dirigente à imprensa, o clube celeste receberá 1,5 milhão de euros por 25% dos direitos econômicos do jogador (cerca de R$ 5,85 milhões).
Um dos pontos importantes citados por Gilvan foi a cláusula contratual firmada entre Cruzeiro e Coimbra – clube de Belo Horizonte controlado pelo banco BMG. Mesmo se comprasse mais 25% dos direitos econômicos de Diogo Barbosa (1 milhão de euros), o clube celeste não seria detentor dos direitos federativos do atleta. Ou seja, se o Coimbra aceitasse uma oferta igual ou superior a 2,8 milhões de euros, a Raposa teria de cobrir a proposta ou então abrir mão do atleta.
“Nós não tivemos condições de adquirir durante esse período esses 25% para nos tornarmos donos de 50% dos direitos econômicos do atleta. Mesmo se conseguíssemos os outros 25% e chegássemos a 50% dos direitos econômicos, o clube detentor dos direitos federativos e econômicos (Coimbra) poderia negociar o atleta se chegasse um valor de 2,8 milhões de euros. Iríamos investir 1,7 milhão de euros, e se eles vendessem por 2,8 milhões, nós teríamos que dividir esse valor por dois. Ou seja, o Cruzeiro teria tomado um prejuízo (ficaria com 1,4 milhão de euros e teria déficit de 300 mil euros ao que foi investido)”.
Gilvan também confirmou que um atleta fora dos planos do Palmeiras está à disposição do Cruzeiro para preencher a lacuna que será deixada na lateral esquerda. Esse jogador é Egídio, bicampeão brasileiro pelo time mineiro em 2013 e 2014 – que tem vínculo com o alviverde somente até dezembro (ele, portanto, estará à disposição para assinar contrato). Outros integrantes do elenco do clube paulista podem aparecer na Toca da Raposa II.
“Não foi possível segurar o Diogo, mas como temos um entendimento muito bom com o Palmeiras, pois lá tem um diretor de futebol que trabalhou com a gente aqui (Alexandre Mattos) e que felizmente tem uma admiração muito grande por esse presidente. Conversamos com o treinador do Cruzeiro sobre um atleta que eles têm e possivelmente não vai ficar. Ele se mostrou propenso a nos ajudar nessa transação e até, se for necessário, com mais alguns atletas. Ele abriu as portas do clube para a gente conversar com nosso treinador e pegar algum atleta com condição de vir para o Cruzeiro. Ele estaria disposto a emprestar sem ônus para o Cruzeiro. Esse atleta que a gente estaria disposto a trazer para reposição de peça nós já conversamos com o empresário dele, e o treinador do Cruzeiro gosta desse atleta”.
Além de anunciar o valor recebido de 1,5 milhão de euros, o mandatário explicou que o Cruzeiro poderá ser perdoado das duas últimas parcelas de 70 mil euros pela compra dos 25% do “passe” de Diogo Barbosa.
“Em vez de 4,5 milhões de euros, consegui com o empresário o aumento da oferta para 6 milhões de euros, isso negociando com o empresário e o Palmeiras, para que o Cruzeiro pudesse receber 1,5 milhão de euros por 25%. Das prestações que tínhamos de pagar – ainda faltam duas até dezembro –, nós vamos negociar para que o Cruzeiro seja perdoado delas e receba quitação de tudo. Digo aos senhores que fomos obrigados a respeitar o contrato porque não tínhamos dinheiro suficiente para cobrir esse valor. E num momento pior para os clubes brasileiros, quando recebemos menos receitas. Temos décimo terceiro salário para pagar e rescisões de contrato que implicam numa despesa maior”.
Em meio à saída para o Palmeiras, Diogo Barbosa foi escalado normalmente por Mano Menezes para o jogo contra o Avaí. Ele completou nesta quarta-feira a 60ª partida a serviço do clube.
Leia o pronunciamento do presidente Gilvan de Pinho Tavares:
O Diogo Barbosa foi emprestado ao Cruzeiro em novembro de 2016 com uma cláusula na qual o Cruzeiro poderia exercer o direito de compra de 25% dos direitos econômicos do atleta pelo valor de 700 mil euros em 10 prestações de 70 mil euros. Durante a vigência do contrato nós exercemos esse direito, mas no contrato constava que os direitos federativos e os restantes dos 75% do atleta continuariam pertencendo ao Coimbra. Esse contrato teria duração até dezembro de 2018, e o Cruzeiro teria opção de, durante a vigência do contrato, exercer o direito de adquirir mais 25% dos direitos econômicos do atleta por mais 1 milhão de euros. Mas no contrato consta que se chegasse durante a vigência do contrato uma proposta de qualquer clube ou investidor para aquisição dos direitos econômicos do atleta por um valor acima de 2,8 milhões de euros, o Cruzeiro era obrigado a cumprir essa cláusula e a entregar o atleta.
Nós não tivemos condições de adquirir durante esse período esses 25% para nos tornarmos donos de 50% dos direitos econômicos do atleta. Mesmo se conseguíssemos os outros 25% e chegássemos a 50% dos direitos econômicos, o clube detentor dos direitos federativos e econômicos (Coimbra) poderia negociar o atleta se chegasse um valor de 2,8 milhões de euros. Iríamos investir 1,8 milhão de euros, e se eles vendessem por 2,8 milhões, nós teríamos que dividir esse valor por dois. Ou seja, o Cruzeiro teria tomado um prejuízo (ficaria com 1,4 milhão de euros).
A gente quando investe um atleta pensa em ter lucro. E o jogador se deu bem no Cruzeiro, rendeu o esperado e nós fizemos contato com a diretoria nova e expusemos para eles esse detalhe: ‘existe a possibilidade de, a qualquer momento, o atleta que está bem no Cruzeiro ser pretendido por outro clube’. A gente, para exercer o direito sobre ele, é de apenas mais 25%. Ou tentar comprar o restante dos direitos econômicos e ter a posse dos direitos federativos para não corrermos o risco.
Na situação de momento do Cruzeiro, nós não tínhamos condições financeiras de fazer isso. As coisas não andam bem no futebol brasileiro e, para o Cruzeiro, a crise é ainda maior. Não sei se vocês sabem, mas além de todos os problemas de ter diminuído o público nos estádios, 25% de todas as receitas de bilheteria que temos estão confiscadas pela justiça. O dinheiro vai para uma conta judicial por causa de uma ação que a Minas Arena tem contra o Cruzeiro. Ou seja, nem receber a totalidade do dinheiro de bilheteria a gente recebe. Mas o Cruzeiro, com muito sacrifício, com um elenco que tem, a gente tenta manter o pagamento em dia como sempre estamos mantendo. Queremos chegar ao fim do mandato com o mesmo posicionamento de cumprir os compromissos com os atletas.
Não foi possível segurar o Diogo, mas como temos um entendimento muito bom com o Palmeiras, pois lá tem um diretor de futebol que trabalhou com a gente aqui e que felizmente tem uma admiração muito grande por esse presidente. Conversamos com o treinador do Cruzeiro sobre um atleta que eles têm e possivelmente não vai ficar. Ele se mostrou propenso a nos ajudar nessa transação e até, se for necessário, com mais alguns atletas. Ele abriu as portas do clube para a gente conversar com nosso treinador e pegar algum atleta com condição de vir para o Cruzeiro. Ele estaria disposto a emprestar sem ônus para o Cruzeiro. Esse atleta que a gente estaria disposto a trazer para reposição de peça nós já conversamos com o empresário dele, e o treinador do Cruzeiro gosta desse atleta.
Nós chamamos a diretoria atual e conversamos longamente sobre o problema. Recebemos uma intimação do Coimbra, que é o clube detentor dos 75% dos direitos do atleta, na qual é nos dado um prazo de 48 horas para exercermos o pagamento de 4,5 milhões de euros pelo atleta sob pena de termos que entregar o atleta de imediato. A parte final desse ofício diz o seguinte: caso o Cruzeiro não exerça a referida preferência junto ao Coimbra, num prazo improrrogável de 48 horas, contado do recebimento desta, o Coimbra prosseguirá com as negociações junto ao terceiro clube da forma estabelecida na cláusula sétima do contrato. Esse terceiro clube é o Palmeiras. Expusemos o problema para a nova diretoria e eles disseram o seguinte: ‘não faz o negócio porque vamos conseguir um fundo de investimento’. Eu preferia que o atleta seguisse no Cruzeiro, mas tenho um prazo a cumprir. Perguntei: ‘vocês conseguem dentro desse prazo?’. ‘Não conseguimos’, disseram. ‘Mas vamos tentar a prorrogação do prazo’. Então eu disse: ‘vocês poderiam tentar isso, porque eu já tentei e não consegui. Se eles me mandarem um ofício informando isso, evidentemente que eu iria esperar’. Não conseguiram a prorrogação do prazo. Então o que eu fiz: em vez de 4,5 milhões de euros, consegui com o empresário o aumento da oferta para 6 milhões de euros, isso negociando com o empresário e o Palmeiras, para que o Cruzeiro pudesse receber 1,5 milhão de euros por 25%. Das prestações que tínhamos de pagar – ainda faltam duas até dezembro –, nós vamos negociar para que o Cruzeiro seja perdoado delas e receba quitação de tudo. Digo aos senhores que fomos obrigados a respeitar o contrato porque não tínhamos dinheiro suficiente para cobrir esse valor. E num momento pior para os clubes brasileiros, quando recebemos menos receitas. Temos décimo terceiro salário para pagar e rescisões de contrato que implicam numa despesa maior.