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CRUZEIRO

Quando assumiu, Gilvan também encontrou Cruzeiro com dívidas, mas recusou vendas

Entenda como Gilvan recebeu o Cruzeiro e como ele entrega o clube a Wagner

Thiago Madureira
Gilvan foi bicampeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil, mas deixará clube endividado - Foto: Leandro Couri / EM DA PRESS

Ao que tudo indica, o presidente Gilvan de Pinho Tavares deixará o Cruzeiro com muitas dívidas. Só na Fifa, o clube enfrenta várias ações, com cobranças que, somadas, atingem R$ 50 milhões. A folha de pagamento também tem sido uma dor de cabeça neste fim de ano. Segundo apurou a reportagem, o atual mandatário terá sérias dificuldades para honrar os meses de novembro, dezembro e o 13º salário. A venda do lateral-esquerdo Diogo Barbosa foi a opção encontrada para minimizar os problemas.

Quando assumiu o Cruzeiro, Gilvan encontrou um cenário desolador. Apesar de a Raposa ter disputado a Copa Libertadores e ter recebido o apelido de 'Barcelona das Américas' por causa do futebol vistoso, a temporada 2011 quase acabou de forma trágica, com o rebaixamento do time para a Série B. A equipe de Vagner Mancini escapou da degola na última rodada, com goleada sobre o Atlético por 6 a 1.

Naquele momento, Perrella, então presidente, revelou a possibilidade de atrasos salariais, uma vez que ele deixaria o clube com os cofres vazios. “Realmente entreguei o clube sem dinheiro em caixa.
Mas existia maneira de arrumar recursos, porque dinheiro em caixa nunca teve. Na verdade, nem o Cruzeiro e, também, nenhum outro clube do Brasil. Porque o objetivo do clube não é gerar lucro. Há duas maneiras de você pagar as suas contas, ou você vai ao mercado financeiro e arranja recursos, ou você vende jogadores”, disse Perrella, em 2012, em entrevista à TV Globo.

Quando assumiu o clube, o presidente Gilvan segurou o armador Montillo, melhor jogador do time. Zezé Perrella foi contra a atitude de Gilvan e explicou o motivo: “Quando ele fez a opção de não vender o Montillo, essa possibilidade de atrasar salários era bem real. Normalmente, a nossa receita fixa gira em torno de R$ 80 milhões por ano, entre renda de jogos e tudo mais, e a despesa chega a algo próximo de R$ 120 milhões”, declarou o ex-dirigente, em 2012.

Na época, Zezé Perrella disse que deixaria como legado a Gilvan uma dívida de  R$ 30 milhões, além de um time em frangalhos. “Eu coloquei isso antes de sair, que a gente teria um déficit de R$ 30 milhões no ano, obviamente com a venda do Montillo esses R$ 30 milhões seriam parcialmente pagos, e era o que eu queria fazer na época. Não o fiz em respeito, obviamente, ao presidente novo, que estava assumindo”, comentou Perrella.

O Cruzeiro, de fato, acabou atrasando salários em 2012. Gilvan, no primeiro mês de clube, ironizou a condição dos jogadores. “E os atletas ganham muito pouco, ganham uma miséria, e atrasar três ou quatro dias faz uma falta danada”, afirmou.

A Raposa só negociou Montillo em 2013 e fez um ótimo negócio. O Santos adquiriu 60% dos direitos econômicos que pertenciam ao Cruzeiro por € 6 milhões (cerca de R$ 16,2 milhões).
O Cruzeiro ainda contou com a volta do volante Henrique, um dos líderes do atual elenco celeste.

Agora, já no fim do mandato, Gilvan achou melhor negociar um jogador de destaque do time para pagar as contas. O atleta que vai deixar o clube é o lateral Diogo Barbosa. O Palmeiras fez uma proposta ao BMG, detentor de 75% dos direitos do atleta. A Raposa teria que cobrir, mas, obviamente, não há recursos, neste momento, para fazer o pagamento. O dinheiro do time paulista chega em boa hora por causa da necessidade urgente de quitar compromissos com o grupo profissional.

Na próxima temporada, caberá ao presidente eleito, Wagner Pires de Sá, conseguir contornar todos os problemas financeiros - que são muitos - e continuar fazendo do Cruzeiro um time competitivo em campo.

Diferenças entre 2012 e 2017






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