Quando assumiu o Cruzeiro, Gilvan encontrou um cenário desolador. Apesar de a Raposa ter disputado a Copa Libertadores e ter recebido o apelido de 'Barcelona das Américas' por causa do futebol vistoso, a temporada 2011 quase acabou de forma trágica, com o rebaixamento do time para a Série B. A equipe de Vagner Mancini escapou da degola na última rodada, com goleada sobre o Atlético por 6 a 1.
Naquele momento, Perrella, então presidente, revelou a possibilidade de atrasos salariais, uma vez que ele deixaria o clube com os cofres vazios. “Realmente entreguei o clube sem dinheiro em caixa.
Quando assumiu o clube, o presidente Gilvan segurou o armador Montillo, melhor jogador do time. Zezé Perrella foi contra a atitude de Gilvan e explicou o motivo: “Quando ele fez a opção de não vender o Montillo, essa possibilidade de atrasar salários era bem real. Normalmente, a nossa receita fixa gira em torno de R$ 80 milhões por ano, entre renda de jogos e tudo mais, e a despesa chega a algo próximo de R$ 120 milhões”, declarou o ex-dirigente, em 2012.
Na época, Zezé Perrella disse que deixaria como legado a Gilvan uma dívida de R$ 30 milhões, além de um time em frangalhos. “Eu coloquei isso antes de sair, que a gente teria um déficit de R$ 30 milhões no ano, obviamente com a venda do Montillo esses R$ 30 milhões seriam parcialmente pagos, e era o que eu queria fazer na época. Não o fiz em respeito, obviamente, ao presidente novo, que estava assumindo”, comentou Perrella.
O Cruzeiro, de fato, acabou atrasando salários em 2012. Gilvan, no primeiro mês de clube, ironizou a condição dos jogadores. “E os atletas ganham muito pouco, ganham uma miséria, e atrasar três ou quatro dias faz uma falta danada”, afirmou.
A Raposa só negociou Montillo em 2013 e fez um ótimo negócio. O Santos adquiriu 60% dos direitos econômicos que pertenciam ao Cruzeiro por € 6 milhões (cerca de R$ 16,2 milhões).
Agora, já no fim do mandato, Gilvan achou melhor negociar um jogador de destaque do time para pagar as contas. O atleta que vai deixar o clube é o lateral Diogo Barbosa. O Palmeiras fez uma proposta ao BMG, detentor de 75% dos direitos do atleta. A Raposa teria que cobrir, mas, obviamente, não há recursos, neste momento, para fazer o pagamento. O dinheiro do time paulista chega em boa hora por causa da necessidade urgente de quitar compromissos com o grupo profissional.
Na próxima temporada, caberá ao presidente eleito, Wagner Pires de Sá, conseguir contornar todos os problemas financeiros - que são muitos - e continuar fazendo do Cruzeiro um time competitivo em campo.
Diferenças entre 2012 e 2017
- Em 2012, o Cruzeiro jogava em Sete Lagoas, na Arena do Jacaré, e tinha pouca arrecadação com bilheteria e programa de sócio. Neste ano, a Raposa tem cerca de 63 mil sócios e contrato longo com o Mineirão. A administração do estádio cobra do clube uma dívida na Justiça
- Gilvan assumiu um time fraco no papel. A Raposa tinha no elenco jogadores como Fábio, Leo, Victorino, Diego Renan, Leandro Guerreiro, Marcelo Oliveira, Wallyson, Roger, Anselmo Ramon e Wellington Paulista. Montillo era o craque do time
- O time de 2017 tem um elenco muito bom. Jogadores de destaque: Fábio, Murilo, Robinho, Alisson, Rafinha, Thiago Neves, Sassá e De Arrascaeta
- Gilvan deixará o clube com nove ações na Fifa: Arrascaeta - Sporting Club (Uruguai) / Willian - Club FC Zorya (Ucrânia) / Gonzalo Latorre - Club Atlético Atenas (Uruguai) / Denilson - Al Wahda (Emirados Árabes Unidos) / Rafael Sobis - Tigres (México) / Duvier Riascos - Monarcas Morelia (México) / Matías Pisano - Independiente (Argentina) / Luis Caicedo - Independiente del Valle (Equador)
- O Cruzeiro tem vaga assegurada na Copa Libertadores de 2018. Em 2012, o time celeste não disputou competições internacionais
- As dívidas do Cruzeiro aumentaram e muito com Gilvan de Pinho Tavares. Confira o gráfico com dados de 2016 de Cruzeiro e Atlético