A intenção de Wagner Pires de Sá de nomear Itair Machado no departamento de futebol do Cruzeiro já provocou, nesta quarta-feira, a saída de Bruno Vicintin do clube. O vice de futebol do atual presidente, Gilvan de Pinho Tavares, escreveu uma carta de despedida e publicou nas redes sociais.
Bruno chegou a ser convidado por Wagner Pires de Sá para seguir na função de vice de futebol no triênio 2018/20, mas descartou trabalhar com Itair Machado. Em reunião nesta quarta-feira com o presidente eleito e com Gilvan, Vicintin esclareceu que só aceitaria continuar se a estrutura do futebol atual do clube fosse mantida. Hoje, Klauss Câmara é o diretor de futebol, enquanto o ex-jogador Tinga exerce a função de gerente de futebol.
Indagado pelo Superesportes sobre a decisão de Bruno Vicintin de deixar o Cruzeiro por conta da futura nomeação de Itair Machado, o presidente eleito desconversou: “Ele (Bruno) escreveu uma carta para o Gilvan. Precisa olhar a empresa dele. Saiu numa boa. Eu não acredito que seja pelo Itair. Há algum tempo ele demonstrava a preocupação com a empresa”, disse.
Wagner Pires de Sá também falou sobre o cargo que Itair Machado exercerá no Cruzeiro a partir do próximo ano. “Eu não conversei sobre isso com o Itair. Eu conversei com o Vicintin hoje (quarta-feira) pela manhã, ele explicou os motivos da saída, eu fiquei surpreso, mas precisava viajar para Arcos, estou definindo coisas na minha empresa”, esquivou-se.
Em entrevista à seção Por onde anda?, do Superesportes, em outubro de 2015, Itair Machado afirmou que não queria mais ser dirigente de clube algum em sua vida e chegou a elogiar o desempenho de Bruno Vicintin como vice de futebol do Cruzeiro. “Quem trabalha em cargos de direção no futebol não tem vida. Um diretor, por exemplo, precisa acompanhar o time em viagens fora do estado toda semana. Eu, como presidente, viajava com o Ipatinga sempre, tinha que estar presente. Eu não quero isso mais na minha vida. E hoje o futebol mineiro está bem servido. Não conheço pessoalmente, mas o Bruno Vicintin tem tudo para se tornar um grande profissional que vai fazer do Cruzeiro ainda maior do que ele é hoje. Tem o Daniel Nepomuceno que substituiu o Kalil muito bem. Outro que admiro é o Salum (dirigente que se afastou do América)”, disse, à época.
Saída de Vicintin
Bruno Vicintin se reuniu no fim da manhã desta quarta-feira com Gilvan de Pinho Tavares e Wagner Pires de Sá e confirmou sua saída da vice-presidência de futebol. A decisão do dirigente já havia sido tomada há algumas semanas, como informou o Superesportes na terça-feira.
Oficialmente, por meio da assessoria de imprensa, o Cruzeiro informou que Vicintin comunicou seu desligamento ao presidente Gilvan e explicou que já havia se decidido antes mesmo da decisão da Copa do Brasil. Bruno se despediu do clube por meio de carta divulgada em sua conta no Twitter.
Conforme apurou a reportagem, Gilvan e Wagner tentaram de todas as formas convencer Vicintin a permanecer no Cruzeiro. O novo mandatário ainda pediu que o então vice de futebol aguardasse o retorno de Itair Machado ao Brasil para que todos, juntos, pudessem conversar sobre os rumos do departamento no Cruzeiro. Bruno descartou essa hipótese.
Efeito dominó
A saída de Bruno Vicintin do Cruzeiro poderá gerar, nos próximos dias, um efeito dominó. O gerente Tinga, por exemplo, já confidenciou a pessoas próximas que não seguirá em Belo Horizonte nesse cenário. Ele já recebeu sondagens de outros clubes, dentre eles o Internacional. O futuro do diretor de futebol Klauss Câmara é o mais incerto, ainda mais quando Itair for oficializado. O executivo ficaria isolado sem Gilvan, Vicintin e Tinga. Na base, a tendência é que Antônio Assunção, atual superintendente, seja mais um a se desligar.
O técnico Mano Menezes também está propenso a deixar o Cruzeiro. Antes mesmo da decisão da Copa do Brasil, ele já havia comentado com pessoas próximas que dificilmente seguiria na Toca. O técnico atribuía esse desejo ao desgaste natural de muitos meses de trabalho e à ambição por novos projetos. O vínculo atual vai até 31 de dezembro. Um dos seus objetivos de carreira é liderar o São Paulo, embora seja o Palmeiras o clube que sondou o treinador nos últimos dias.
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