Depois de dois títulos do Campeonato Brasileiro, um da Copa do Brasil e um do Campeonato Mineiro, a "era" Gilvan de Pinho Tavares no Cruzeiro está perto do fim. A tendência, porém, é que o trabalho liderado pelo presidente seja continuado, já que o economista e empresário Wagner Pires de Sá, candidato da situação, ganhou a eleição realizada nesta segunda-feira, no salão nobre do parque esportivo do Barro Preto. O sucessor de Gilvan superou Sérgio Santos Rodrigues por 235 votos a 200. Foi a eleição mais acirrada no clube nos últimos tempos. A divisão do conselho deliberativo poderia ser um fator dificultador ao trabalho do próximo gestor, mas Gilvan garante que isso não será problema. O atual mandatário confia que haverá união entre todas as alas do clube celeste.
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"A gente trabalhou para ganhar a eleição. Confiamos muito no Wagner, que é um companheiro da gente. Mas o que pedimos para os apoiadores da chapa adversária é que a eleição se restringisse à data de hoje, porque foi uma eleição apertada, com diferença de 35 votos a favor da nossa chapa, e isso mostra que a outra chapa tem muitos conselheiros que a apoiam e é possível que esses conselheiros que estivessem votando lá fiquem apenas no exercício democrático do voto, mas, que de agora para frente, venham para o lado do Cruzeiro. O Cruzeiro sempre teve essa vantagem de trabalhar unido. Terminada a eleição, a gente senta na mesma mesa e discute o que é melhor para o Cruzeiro. O conselho é maduro, sabe o que é melhor para o Cruzeiro e vai nos ajudar a fazer isso".
Uma conversa com o ex-presidente Zezé Perrella - principal apoiador de Sérgio Rodrigues - deixou Gilvan de Pinho Tavares confiante de que o ambiente no Cruzeiro nos próximos três anos será favorável à administração de Wagner Pires de Sá. Conforme o mandatário, o atual senador da República concordou que o momento é de unir forças para que a equipe faça boas campanhas em 2018 e conquiste o tão sonhado tricampeonato da Copa Libertadores da América.
"Conversei muito com o Zezé Perella depois da eleição e o pensamento dele é exatamente esse: o clube tem que dar as mãos para que a gente enfrente o ano que vem unidos e possamos conquistar mais títulos. Desunidos e cada um puxando para o lado, nós não chegaremos a lugar nenhum. Tenho certeza que, pelo amadurecimento deles, vão estar trabalhando a favor do Cruzeiro. Quero cumprimentar todos os candidatos pelo brilho da eleição, pela seriedade do trabalho e pela organização. Não teve nenhum senão na eleição, nenhuma briga. Teve envolvimento alegre e democrático. Isso que é bom para o clube. Que isso permaneça depois da eleição e que todos continuemos juntos nessa caminhada".
Transição
Gilvan também falou como será entregue o bastão a Wagner Pires de Sá. Nos últimos meses, os dois têm se encontrado com frequência. Nessas reuniões, o atual presidente passou todo o planejamento para o sucessor. "Essa transição no futebol é muito diferente de uma transição na política. Como já estamos juntos há muitos meses trabalhando na eleição, já sabem o que a gente pretende fazer para o Cruzeiro. Como nos convidaram para continuar a fazer parte da direção do clube, a ajudá-los, e como o carro-chefe do clube é o futebol, nós estávamos esperando apenas o resultado da eleição para sentar com nossa comissão técnica e acertar os detalhes de como vai ser o procedimento para armar o time para o ano que vem, já que temos também a Libertadores para disputar, e a Libertadores é uma competição que exige mais do time de futebol. Nosso elenco é bom, foi campeão da Copa do Brasil e está bem colocado no Brasileiro. Mas se fizermos alguma coisa a mais, nos dá esperança de título da Libertadores e, quem sabe no fim do ano, um título mundial".
Até o técnico Mano Menezes, que tem contrato com o clube até dezembro, será consultado por Gilvan e Wagner Pires. "Queremos o melhor para o Cruzeiro e vamos deixar um time ainda melhor que trabalhamos este ano para a nossa futura diretoria. Eles estarão ao nosso lado analisando junto com nossa comissão técnica, pois sem eles não vamos a lugar algum. O nosso treinador já está sabendo que vamos conversar para ver se a gente chega à frente de outros clubes. Não podemos perder para outros jogadores que podem fortalecer o Cruzeiro. Foi assim que fizemos em 2012 ao formar aquele time que nos deu tanta alegria em 2013 e 2014. Começamos a montar o time em outubro para começar a pré-temporada seguinte em janeiro. Vamos fazer a mesma coisa agora. O Wagner, o Hermínio e o Granata estarão comigo, com o Bruno Vicintin e o Antônio Assunção (superintendente da base) avalizando as coisas".
Gilvan de Pinho Tavares ainda confirmou que o diretor de futebol Klauss Câmara e o gerente de futebol Paulo César Tinga continuarão no Cruzeiro em 2018. "Em time que está ganhando não se mexe. Vai ser assim no Cruzeiro".
Permanências de Fábio e Mano Menezes
Herói da conquista da Copa do Brasil de 2017 e jogador com mais partidas pelo Cruzeiro em todos os tempos (737), o goleiro Fábio, cujo contrato vai até julho de 2018, será procurado para estender o vínculo. O mesmo ocorrerá com Mano Menezes, técnico da Raposa desde julho do ano passado. Para Gilvan, os dois são imprescindíveis no grupo que tentará conquistar a Libertadores no ano que vem.
"O Fábio foi fundamental nessa conquista do Cruzeiro. Ele mostrou o acerto que foi a renovação do contrato. Evidentemente que temos todo o interesse. Goleiro tem vantagem de ter mais tempo de vida no futebol. Em outras posições o atleta é mais exigido, precisa de velocidade. Não é o caso do goleiro. A gente tem todo o interesse na manutenção do elenco, da nossa comissão técnica e de todos os jogadores. Queremos melhorar e acrescentar. Como diz o Mano, às vezes precisamos de um ou outro jogador mais cascudo para ganhar a Copa Libertadores".
Apuração e festa com a vitória de Wagner Pires de Sá