O empate por 1 a 1 com o Flamengo no jogo de ida da final da Copa do Brasil, no Maracanã, foi considerado quase por unanimidade como bom resultado para o Cruzeiro. Apesar de na decisão não ser aplicada a regra do gol qualificado na condição de visitante, o time celeste depende de um simples triunfo no Mineirão para celebrar o quinto título da competição. Aparentemente, o cenário é positivo. Mas o próprio elenco celeste tem cautela ao classificar o resultado como vantagem. A principal lição veio em 15 de julho de 2009, quando a Raposa perdeu a Copa Libertadores da América para o Estudiantes, da Argentina, em pleno Mineirão. O goleiro Fábio, um dos dois remanescentes daquele grupo (o outro é o volante Henrique), relembrou o episódio negativo de oito anos atrás.
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“É difícil quando você sai derrotado, principalmente dentro de casa. Você tem que tirar lições como profissional. No lado emocional com certeza, todo mundo queria aquele título. A gente chegou muito bem (à final), mas tanto no jogo lá na Argentina quanto aqui não conseguimos jogar o que vínhamos jogando”, disse, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, na Toca da Raposa II.
O jogo de ida, em La Plata, terminou empatado sem gols. Fábio foi o herói do Cruzeiro, pois fez seis defesas difíceis ao longo dos 90 minutos, sendo as principais em cobrança de falta de Verón, em chute à queima-roupa de Enzo Pérez e em cabeceio de Leandro Desábato. Na volta, o time foi apoiado por mais de 60 mil torcedores no Mineirão e fez 1 a 0 aos 6min do segundo tempo, gol de fora da área de Henrique. Só que o Estudiantes, frio e calculista, colocou a bola no chão e empatou rapidamente com Gastón Fernández. Aos 27min, Boselli subiu mais que a defesa cruzeirense e cabeceou para as redes a bola levantada por Verón. Apenas no fim que a equipe azul, na base do desespero, tentou o empate. A bola no travessão chutada por Thiago Ribeiro foi a oportunidade mais clara.
Para Fábio, o empate na ida mascarou as falhas cometidas pelo Cruzeiro na final da Libertadores. “A gente poderia ter saído de lá com uma desvantagem grande. Conseguimos ainda trazer um resultado que às vezes não tenha sido tão benéfico para a gente. Acho que se a gente tivesse saído derrotado de lá, teríamos mais foco, mais concentração de reverter o resultado. Você já entra pressionado, com uma cabeça diferente. Infelizmente o resultado positivo que nós trouxemos de lá acobertou muitas coisas e nos prejudicou dentro da própria partida no Mineirão, onde não conseguimos jogar mesmo fazendo um gol antes que o Estudiantes. Não fizemos um bom jogo. Nesses dois jogos, o Estudiantes foi melhor e saiu merecedor do título mesmo jogando fora de casa. Eles tiveram aplicação tática e competência técnica para fazer o resultado”.
Oito anos depois, em mais uma disputa de título no Mineirão, o camisa 1 vê o atual elenco amadurecido para lidar com esse tipo de confronto e preparado para vencer o Flamengo. “Isso que a gente pega de lição. O jogo é decidido dentro de campo, independentemente de quem é o adversário. Temos que sobressair e é isso que queremos fazer para alegrar os torcedores no estádio e concretizar essa conquista no ano de 2017”.
Cruzeiro e Flamengo decidirão a Copa do Brasil às 21h45 desta quarta-feira, no Mineirão. Empate por qualquer placar levará a decisão para os pênaltis. Como sentiu na pele o drama do tiro de 11 metros ao superar o Grêmio por 3 a 2 na semifinal (vitória por 1 a 0 no tempo normal), a Raposa garante estar preparada para nova disputa. “Penalidade é momento delicado, que gera grande expectativa. Mas o trabalho que fizemos nesses 20 dias, independentemente da situação, os jogadores estão preparados. Se Deus determinar que tem que ser na penalidade, temos que ter competência para dar o melhor. Mas queremos fazer um grande jogo nos 90 minutos e conquistar o título”, encerrou Fábio, que defendeu cobrança de Luan, principal jogador gremista.