Entre os mais de 90 jogadores que vestiram as camisas de Cruzeiro e Flamengo, alguns se tornaram ídolos ou criaram grande identidade nos dois clubes. Nesse momento de decisão da Copa do Brasil, como ficará o coração desses personagens que conquistaram o respeito de cruzeirenses e flamenguistas? É possível ter alguma preferência? Para obter essas respostas, o Superesportes procurou o ex-goleiro Raul, lenda na Toca da Raposa e na Gávea, o ex-volante Fabinho e os ex-zagueiros Gelson Baresi e Wilson Gottardo.
FABINHO
Carioca da gema, Fabinho foi revelado no Flamengo, onde passou 12 anos, entre categorias de base e atleta profissional. No clube, conquistou uma Copa São Paulo de Futebol Júnior, o Campeonato Carioca de 1991 e o Campeonato Brasileiro de 1992. Em 1995, chegou ao Cruzeiro na companhia de Gelson, trocado pelo Flamengo pelo também volante Pingo. Na Toca, viveu a melhor fase da carreira e conquistou dois Mineiros (96 e 97), a Copa Ouro de 1995, a Copa do Brasil de 1996 e a Copa Libertadores de 1997. Fabinho foi formado no Flamengo, mas destaca grande passagem pelo Cruzeiro, onde se tornou ídolo - Foto: Arquivo Estado de Minas
E aí, Fabinho, torcerá por algum dos clubes na final?
Eu fui cria do Flamengo desde pequeno. Mas quando a gente é profissional, a gente começa a estudar o jogo, sei lá, quer ver quem está jogando melhor, pior, não chega a torcer. Começar a estudar a parte tática, estudar o jogo. Eu pelo menos sou assim. Mas, enfim, essa resposta...deixa quieto, não vou entrar na polêmica não, mas vou acompanhar o jogo como todo brasileiro, como todo cruzeirense e todo flamenguista.
GELSON BARESI
Natural de Brasília, Gelson também foi revelado no Flamengo. Na Gávea, foi campeão brasileiro de 1992. Mas foi na Toca que levantou os principais troféus: o bi do Mineiro (1996/97), a Copa Ouro de 1995, a Copa do Brasil de 1996 e a Libertadores de 1997.
Com a palavra, Gelson: torcerá por algum dos clubes na final?
Essa pergunta é fogo. Tenho carinho muito grande pelas duas equipes, tanto pelo Flamengo, onde passei minha infância toda, fui formado lá, e pelo Cruzeiro, onde tive anos maravilhosos de conquistas. Será uma final definida em detalhes, são duas equipes equilibradas e não vejo favoritismo de nenhum dos lados. Não consigo dizer para quem vou torcer. Com o passar dos anos, a gente não tem aquele time do coração mais, o torcedor fica no passado. Não vou torcer por nenhum dos dois, mas vou ficar feliz com a conquista de qualquer um. Vou comemorar de qualquer jeito (risos).
WILSON GOTTARDO
Natural de Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo, Wilson Gottardo foi o capitão do Cruzeiro no bi da Libertadores em 1997. No clube, também foi bi do Mineiro (97/98). Na passagem pelo Flamengo, entre 1991 e 1993, também colheu bons frutos. Conquistou o Campeonato Carioca de 1991 e o Brasileiro de 1992, sempre jogando ao lado de Fabinho.
A resposta agora está com Gottardo. É possível torcer nesta final?
RAUL PLASSMANN
Sem dúvida, Raul é o grande ídolo comum a cruzeirenses e flamenguistas. Fabinho, que conhece bem a história dos dois clubes, define o ex-goleiro como “uma lenda”. Paranaense de Antonina, ele também defendeu Atlético-PR (onde foi revelado) e São Paulo, mas foi em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro que colocou seu nome na história do futebol brasileiro.
Leia Mais
Fotos de jogadores que vestiram as camisas de Cruzeiro e FlamengoComo Cruzeiro e Flamengo chegam à decisão? Dirceu Lopes, Palhinha, Zinho, Adílio e Andrade analisam os finalistasCom apoio da torcida, Cruzeiro embarca muito motivado para enfrentar o FlamengoCruzeiro divulga relacionados para a primeira partida da decisão; veja a listaHoje, Raul é funcionário do departamento de marketing do Cruzeiro e viaja por Minas e pelo Brasil para divulgar o clube. É uma espécie de embaixador cinco estrelas.
Procurado pela reportagem para falar sobre o duelo, Raul gentilmente pediu para não se manifestar sobre essa final. Ele não se sente confortável sequer para analisar o momento de cada time. Em 2016, ao ser convidado para o programa Resenha, do canal ESPN, o ídolo de cruzeirenses e flamenguistas explicou que é impossível dizer qual clube ama mais.
Ele citou uma ‘saia justa’ proporcionada pelo presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, em 2014, quando recebeu homenagens do Rubro-Negro e do Cruzeiro, no Maracanã, pelo seu aniversário de 70 anos. A seguir, ele relata bem o sentimento que tem pelos clubes.
Homenagem aos 70 anos de Raul concedida pelo Cruzeiro e pelo Flamengo, em 2014, no Maracanã - Foto: Divulgação/Flamengo
Reprodução da fala de Raul ao programa Resenha, da ESPN, em 2016:
”Cruzeiro e Flamengo me homenagearam lá no Maracanã, no ano passado, aí o presidente do Flamengo, na frente do doutor Gilvan, presidente do Cruzeiro, me perguntou assim: ‘Você gosta mais do Flamengo ou do Cruzeiro?’ Primeiro, ele perguntou: ‘Pra quem você vai torcer?’. Eu disse que vou torcer pro Cruzeiro, porque trabalho pro Cruzeiro. Se trabalhasse no Flamengo, ia torcer pro Flamengo. Aí, ele não ficou contente e perguntou: ‘Qual time você gosta mais?’. Eu falei assim: ‘O senhor tem quantos filhos’. Ele falou dois. Então eu perguntei: ‘De quem o senhor gosta mais? (risos)”.