Se a Primeira Liga é deixada de lado pela maior parte dos clubes que a disputam, ao menos o Cruzeiro terá um acontecimento relevante no encontro desta quarta-feira contra o Grêmio, às 21h45, no Mineirão, pelas quartas de final do torneio interestadual não respaldado pela CBF. É que o técnico Mano Menezes alcançará o 100º jogo à frente da Raposa.
Mano enviou um áudio agradecendo ao Cruzeiro e ao torcedor:
Em 99 partidas, o ex-comandante da Seleção Brasileira contabiliza 49 vitórias, 29 empates e 21 derrotas. O aproveitamento é de 59,25%. Nesses jogos, a Raposa anotou 153 gols e sofreu 87. Curiosamente, o artilheiro é Ramón Ábila, pouco aproveitado como titular em 2017 e negociado no início de agosto com o Boca Juniors (que o repassou ao Huracán). O argentino marcou 25 vezes foi responsável por 16,3% do total de gols da “era Mano” no Cruzeiro.
Treinador mais longevo da Série A - está no Cruzeiro há um ano e dois meses -, Mano tem na Copa do Brasil a grande oportunidade de conquistar o primeiro título pelo clube. Nos dias 7 de setembro, no Maracanã, e 27, no Mineirão, haverá a decisão do torneio contra o Flamengo. Antes disso, o gaúcho viveu bons e maus momentos na Toca II. Relembre abaixo os principais acontecimentos.
Primeira passagem bem-sucedida
A “era Mano Menezes” no Cruzeiro começou em setembro de 2015. À época, ele foi contratado para o lugar de Vanderlei Luxemburgo, que acumulara maus resultados no Campeonato Brasileiro e deixara o time na parte de baixo da tabela. Mano assumiu o comando na 23ª rodada, quando a equipe estava em 16º lugar, com 25 pontos, a dois do Avaí, primeiro da zona de rebaixamento. A goleada sobre o Figueirense por 5 a 1 numa manhã de domingo (6/9), no Mineirão, foi o pontapé inicial para uma arrancada de respeito. Com 62,5% de aproveitamento em 16 jogos, Mano colocou o Cruzeiro na oitava colocação da Série A, com 55 pontos. Não era o ideal para o clube que havia sido campeão brasileiro no ano anterior, mas, em função das circunstâncias, foi um fato comemorado.
Mano não continuou no Cruzeiro para 2016. Uma proposta milionária do Shandong Luneng, da China, atraiu o treinador e rendeu aos cofres celestes cerca de R$ 7 milhões (multa rescisória). O novato Deivid foi o escolhido para substituí-lo, mas a derrota para o América nas semifinais do Campeonato Mineiro e a falta de evolução do elenco fez a diretoria mudar o comando. Veio o português Paulo Bento com a tentativa de implantar no Brasil a filosofia de trabalho aplicada na Europa. Não deu certo. Mano Menezes, então, voltou a ser a solução. Ele retornou à Toca da Raposa em julho do ano passado com uma missão ainda mais espinhosa que a da primeira passagem. O Cruzeiro estava afundado na zona de rebaixamento, em penúltimo lugar, com 15 pontos em 16 jogos. Nas 22 rodadas restantes, Mano conseguiu aproveitamento de 54,5% (36 pontos em 66 possíveis) e colocou a equipe em 12º lugar, com direito a vaga na Copa Sul-Americana. O time ainda alcançou as semifinais da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo campeão Grêmio.
Em 2017, Mano conseguiu o que é considerado primordial para qualquer treinador: montar o elenco de acordo com as próprias convicções e realizar trabalho de pré-temporada. O Cruzeiro teve início animador no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil com grande sequência de vitórias. Porém, a perda do título estadual para o arquirrival Atlético e a eliminação nos pênaltis diante do Nacional-PAR na primeira fase da Copa Sul-Americana (torneio que chegou a ser considerado prioridade no clube) frustraram os torcedores, que em função da manutenção de peças importantes e de contratações de peso (caso do meia Thiago Neves) esperavam conquistas logo no primeiro semestre.
Classificações sofridas
Restou a Mano Menezes brigar por dois títulos: do Brasileiro e da Copa do Brasil. No campeonato de pontos corridos, ter regularidade é fundamental para se manter entre os primeiros colocados. Tal situação não aconteceu com o Cruzeiro, que soma 31 pontos em 22 rodadas e está muito longe do líder Corinthians (50 pontos). Já no torneio eliminatório, o sistema é diferente: não basta ter o melhor conjunto técnico, é preciso saber lidar com eventuais situações adversas para superar os adversários nos duelos de ida e volta.
Tetracampeão da Copa do Brasil, o Cruzeiro voltou a compreender o espírito da competição e superou grandes adversários. Na quarta fase, contra o São Paulo, ganhou no Morumbi por 2 a 0 e “segurou” a derrota por 2 a 1 no Mineirão. Nas oitavas, um gol de fora da área de Raniel contra a Chapecoense, em BH, garantiu a vaga, já que o duelo de volta terminou empatado sem gols. O time celeste bateu o Palmeiras nas quartas após empatar por 3 a 3 fora de casa e por 1 a 1 na capital mineira – com direito a gol de Diogo Barbosa aos 40min do segundo tempo. E diante do Grêmio, nas semifinais, o dramático triunfo nos pênaltis por 3 a 2, no Mineirão, depois de 1 a 1 no placar agregado (vitória e derrota por 1 a 0).
Condição de conquistar o primeiro título
A passagem para a decisão da Copa do Brasil fez Mano Menezes recuperar o prestígio com o torcedor do Cruzeiro. A final contra o Flamengo (dias 7, no Maracanã, e 27 de setembro, no Mineirão) é a oportunidade de o treinador conquistar o primeiro título em BH e quebrar um jejum particular de oito anos. A última vez em que Mano celebrou um troféu foi em 2009, quando estava no Corinthians. Na ocasião, ele ganhou justamente a Copa do Brasil. E a Raposa também quer encerrar a “seca”, já que não ergue uma taça desde o Brasileiro de 2014.
Números por temporada
2015
Jogos: 16
Vitórias: 8
Empates: 6
Derrotas: 2
Gols marcados: 27
Gols sofridos: 13
2016
Jogos: 28
Vitórias: 13
Empates: 7
Derrotas: 8
Gols marcados: 40
Gols sofridos: 30
2017
Jogos: 55
Vitórias: 28
Empates: 16
Derrotas: 11
Gols marcados: 86
Gols sofridos: 44
Jogos por competição:
Campeonato Brasileiro: 60 (26 vitórias, 19 empates e 15 derrotas)
Copa do Brasil: 18 jogos (10 vitórias, 4 empates e 4 derrotas)
Campeonato Mineiro: 15 jogos (9 vitórias, 5 empates e 1 derrota)
Copa Sul-Americana: 2 (1 vitória e 1 derrota)
Primeira Liga: 3 (2 vitórias e 1 empate)
Amistoso: 1 (1 vitória)
Os 153 gols
Ramón Ábila – 25
Rafael Sobis – 18
Robinho – 16
Arrascaeta – 14
Willian – 12
Thiago Neves – 12
Alisson – 7
Henrique – 6
Sassá – 6
Hudson – 3
Rafinha – 3
Raniel – 2
Elber – 2
Marcos Vinícius – 2
Bruno Rodrigo – 2
Ariel Cabral – 2
Leandro Damião – 2
Manoel – 2
Diogo Barbosa – 1
Lucas Romero – 1
Rafael Marques – 1
Dedé – 1
Leo – 1
Ezequiel – 1
Fabrício – 1
Vinícius Araújo – 1
Fabiano – 1
Ceará – 1
Willians – 1
Charles – 1
Lucas Pratto (São Paulo) – contra
Deysinho (Murici-AL) – contra
Cláudio (Murici-AL) – contra
Durval (Sport) – contra
Rafael Lima (Chapecoense) – contra