O Superesportes entrou em contato com o advogado Breno Tanure, que defende o Cruzeiro. Especialista em direito desportivo internacional, Tanure explicou que, por mais que a Fifa tenha expedido essa intimação, o processo vai se estender por um longo período.
"Primeiro vamos iniciar o procedimento para recorrer. Temos 21 dias para entrar com o pedido na Corte Arbitral do Esporte. Uma decisão sai em 8 a 12 meses. Depois tem o comitê disciplinar, de 6 a 8 meses. E assim vai. É um processo lento. Não é simples", explicou Tanure, em contato telefônico com a reportagem.
O valor de US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 milhões) se refere ao montante que o Cruzeiro ainda deve o Huracán pela aquisição de 50% dos direitos econômicos de Ábila. A Raposa pagou US$ 2,7 milhões em agosto de 2016, dois meses depois de anunciar oficialmente a contratação do atacante.
A Fifa também estipulou juros de 10% ao ano. A taxa será calculada de 6 de dezembro (data em que o clube deveria ter quitado o débito) até o dia do pagamento pelo Cruzeiro.
A diretoria celeste buscou entendimento com Huracán, por meio de uma proposta de refinanciamento do débito, mas o clube argentino não aceitou. O presidente do Huracán, Alejandro Nadur, chegou a classificar como "vergonhosa" a postura do Cruzeiro. Um acordo fora da Fifa é considerado difícil por causa das relação entre os clubes.
FIFA intimó a que #Cruzeiro pague los u$s 1.5M por Ramón Ábila en 30 días. Si no lo hace, se expone a una sanción disciplinaria. #Huracan pic.twitter.com/intryegmWf
%u2014 César Luis Merlo (@CLMerlo) 19 de junho de 2017
A contratação de Ábila
Em junho de 2016, o Cruzeiro adquiriu metade dos direitos do atacante argentino, de 27 anos, por US$3,82 milhões e ainda assumiu todas as taxas e impostos do negócio. Com esses encargos, o valor da transação pelos primeiros 50% dos direitos acabou acertado em US$ 4,2 milhões (R$ 13,6 milhões).
Até agora, a cúpula celeste pagou US$ 2,7 milhões, depositados em agosto, e ainda deve US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 milhões), montante que deveria ter sido acertado inicialmente até 6 de dezembro.
Na negociação acertada pelo então diretor de futebol Thiago Scuro, o clube celeste se compromete a comprar os outros 50% dos direitos por US$4 milhões até dezembro de 2017.
Caso o depósito não seja realizado, o atacante terá que retornar ao time argentino imediatamente, seguindo o clube celeste como sócio do ‘Globo’ no percentual do goleador. Essa informação foi repassada ao Superesportes pelo presidente do Huracán, Alejandro Nadur.