A diretora institucional da ONG AzMina, que participou ativamente da ação, explicou ao Superesportes como surgiu a ideia e quais são as finalidades da campanha.
“No fim de 2016, procuraram a gente com um esboço da ideia. Refinamos o trabalho e fomos atrás de um time. O Cruzeiro recebeu de braços abertos, se apaixonaram, porque já estavam procurando alguma ação para o 8 de março”, diz Letícia Bahia, em referência ao Dia Internacional da Mulher.
O futebol foi escolhido por conta da popularidade e devido ao ambiente machista que envolve o esporte.
“Temos uma revista, que é o principal conteúdo da ONG. Fazemos um esforço para não ‘pregar só para convertido’. Levar os dados ao futebol é muito importante. É muito legal levar o conteúdo para pessoas que, por vezes, acham que 8 de março é dar flores e bombons. Defendemos que esta é uma data para protestar”, explica Letícia.
Destaque internacional
A campanha do Cruzeiro em parceria com a Umbro, a ONG Azmina e a Agência New360 ganhou notoriedade também fora do Brasil. O principal destaque foi dado pelo The Guardian.
A matéria cita a declaração do presidente celeste Gilvan de Pinho Tavares sobre a campanha: “Em pleno século XXI, não é tolerável ver as mulheres sofrerem atos de violência e discriminação”.
No fim do texto, o jornal inglês destaca que o Cruzeiro é “um dos clubes brasileiros mais bem sucedidos, tendo exportado inúmeros jogadores, incluindo Ronaldo”, além de citar que o atual treinador do clube é o ex-comandante da Seleção Brasileira, Mano Menezes.
Outras ações
Além de estampar a luta feminista na camisa de jogo, o Cruzeiro reservou espaço de destaque ao 8 de março no site oficial. Uma série de matérias homenageia as funcionárias mulheres do clube e critica mensagens “tradicionais”, que não problematizam a desigualdade existente.
Na prática, porém, o Cruzeiro em pouco se difere do ambiente predominantemente masculino dos clubes de futebol. Dos 20 membros da diretoria celeste, apenas uma é mulher: Deis Chaves, responsável pelos "projetos incentivados". O clube também não conta com um time de futebol feminino - cenário que deve mudar em breve, devido a uma determinação da Conmebol.
A intenção da ONG AzMina é continuar com a discussão. “Depois do jogo, vai ter um vídeo para as redes sociais nossas e as do Cruzeiro para aprofundar a discussão. O Cruzeiro fará um ‘abre’, e nós aprofundaremos o tema com o conteúdo jornalístico”, diz Letícia Bahia.
“Como estamos falando com um público que muitas vezes tem preconceito, escolhemos não abordar tudo o que gostaríamos. Temas como aborto, por exemplo, serão aprofundados na sequência”, explica.
A primeira homenagem será nesta quarta-feira, a partir das 21h45. O Cruzeiro visita o Murici-AL pela partida de ida da terceira fase da Copa do Brasil.