A solenidade marcou um encontro de gerações. Torcedores que ainda não tinham nascido no ano daquela conquista foram prestar tributo aos seus ídolos. Eram muitos os jovens presentes, prova de que a história celeste é marca constitutiva dos cruzeirenses, sempre orgulhosos do passado do clube. Muitas vezes, os grandes feitos são transmitidos familiarmente, construindo uma corrente de sentimento de amor ao clube.
Foi a partir do título nacional sobre o Santos - goleada por 6 a 2 no primeiro jogo, no Mineirão, e vitória por 3 a 2 no segundo, no Pacaembu - que a Raposa ascendeu nacional e internacionalmente, conquistando títulos, prestígio e torcedores.
Mesmo sem ter vivido a década de 1960, o empresário Tadeu Santana, de 30 anos, sabe tudo daquele grande time e não poderia perder a oportunidade de encontrar seus ídolos. "Tenho 30 anos e sei falar o time inteiro de 66. Meu pai e meu avô falavam que era o melhor time da história. Se o Cruzeiro não tivesse conquistado o título, talvez não teria essa projeção nacional", afirmou.
O título do Cruzeiro era inesperado porque o Santos era praticamente imbatível. O time praiano exercia uma soberania nacional de cinco anos. Liderado por Pelé, conquistou os brasileiros de 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965, além de ter ganhado o Mundial em 1962 e 1963. Toda a campanha passou pelo Gigante da Pampulha. Naquele campeonato, o Cruzeiro superou Americano, Grêmio e Fluminense, além do Peixe.
"O Cruzeiro ganhou do maior time do mundo à época. Nossa projeção de hoje é por conta desses jogadores que representaram muito. Tostão, Piazza, Dirceu Lopes... todos eles jogaram muito tempo no Cruzeiro e criaram identidade com o clube”, disse João Henrique, de 24 anos, outro que também estava longe de nascer quando o Cruzeiro levantou a taça.
Henrique Portugal, da banda mineira Skank, e Juliane Guimarães, da TV Cruzeiro, apresentaram o evento. Os narradores Pequetito e Alberto Rodrigues levantaram os torcedores ao narrarem o sexto gol da goleada no primeiro jogo e o terceiro tento do segundo, respectivamente. Em um dos momentos de maior emoção, o ex-jogador Dirceu Lopes chorou ao ser ovacionado pelo torcedores, quando Pequetito o mencionou no palco.
O Minascentro estava cheio para receber o evento celeste. Foram vendidos antecipadamente mais de 1.500 ingressos. Além dos ex-jogadores, membros da diretoria celeste e das torcidas organizadas estavam presentes. A ausência notada foi a do presidente Gilvan de Pinho Tavares. Ele não comunicou o motivo de não ter comparecido.
Leo representou o grupo celeste. O zagueiro é cruzeirense desde a infância. "É um prazer participar desta homenagem, que reúne só grandes jogadores, verdadeiros monstros do futebol", afirmou Leo.