O caso ocorreu na noite de 26 de outubro, quando o Cruzeiro enfrentava o Grêmio pela semifinal da Copa do Brasil 2016De acordo com o delegado, Eros e uma amiga tinham ingressos para o setor vermelho para assistir à partida, mas ele queria passar para o setor laranja, que tem ingresso mais barato, onde estava outro grupo de amigos
As imagens das câmeras de segurança do estádio mostram o torcedor e a mulher passando pela catraca às 21h36Algum tempo depois, ele se aproxima da grade que separava os dois setores e conversa com o segurança para tentar entrar no laranjaAs imagens mostram o funcionário apontando para a câmera, informando que era proibidoSegundo o delegado, ele e a mulher sobem para a arquibancada, mas voltamEros chega a conversar com os amigos do outro setor, antes de voltar onde o segurança estava, e passa pela grade, invadindo o setor vermelho
Depois disso, o segurança tentou imobilizar Eros, tentando segurá-lo pelo braço, mas ele consegue se desvencilhar
Na época do caso, um amigo do torcedor chegou a dizer que ele foi agredido com uma gravata por trás, mas a polícia afirma que o tempo todo eles estavam de frente um para o outro“O Eros a todo momento estava de costas para a parede, e o segurança de frente para o ErosEles viram dentro da sala, o Eros de costas para a parede, o segurança segurando por baixo das axilas do Eros”
As câmeras não mostram o que ocorreu dentro da sala, já que o espaço, usado como depósito, não era monitorado por câmerasFoi dentro do cômodo que ocorreu a eletrocussão“Nesse momento da entrada, existia uma lanterna carregando em um benjamim
Sem mudar de posição, o segurança tira Eros da sala, segurando o rapaz por baixo das axilasA saída é flagrada pelas câmerasAs imagens mostram a chegada de um segundo segurança, que não chega a auxiliar o colegaO cruzeirense é colocado no chãoAmigos de Eros chegam e tentam socorrê-loUma equipe de resgate chega em uma ambulância e faz manobras de massagem cardíacaEle foi levado para o ambulatório do estádio, onde foi entubado, e levado para o Hospital Odilon Behrens.
INVESTIGAÇÃO
Durante as investigações, a equipe da Delegacia de Homicídios Noroeste analisou, além dos vídeos, 10 laudos - seis do instituto de criminalistica e quatro do Instituto Médico Legal (IML) - e depoimentos de 11 testemunhas: seguranças, a esposa da vítima, a médica e enfermeiras que prestaram os primeiros atendimentos, torcedores amigos da vítima e o funcionário Minas Arena responsável pela sala
Segundo o delegado, o laudo mostra que a causa da morte de Eros foi eletroplessão (choque elétrico)Além disso, ele apresentava um ferimento do lado esquerdo das costas que condiz com a parte da tomada com a qual ele teve contatoA polícia também recolheu amostras de pele que ficaram na parte elétrica, que são de Eros, conforme mostrou um exame de DNAOutro exame revelou também que Eros tinha 7,1 decigramas de álcool por litro de sangue“Um teor elevado de álcool”, segundo o delegado
No dia seguinte à morte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que a vítima deu entrada no Hospital Metropolitano Odilon Behrens às 23h07, encaminhada por uma ambulância privada que atende no MineirãoA Secretaria informou que Eros chegou ao hospital já sem vida, com múltiplos traumasNo entanto, o delegado Luiz Otávio Mattosinhos diz que a informação não condiz com a apuração da polícia, que mostrou o ferimento nas costas e fraturas específicas“Havia uma fratura do osso externo e dos arcos costais distais em razão das manobras de RCP, manobras cardíacas que foram exaustivamente realizadasOs elementos que nós temos no inquérito policial não chegam a essa conclusão (de multiplos traumas) não”
Por fim, o delegado avalia que a abordagem do segurança foi correta, e que também não houve culpa da empresa responsável pelo estádio“A voltagem é permitida, a porta estava trancadaEra um local destinado à guarda de materiais usados para manutenção da Minas ArenaEstava tudo perfeito”, dizQuestionado sobre o fato de uma porta trancada ter cedido, policial afirma que foi uma soma de fatores“Naquele confronto, um peso de cerca de 200 quilos sobre essa porta, mais a força exercida por eles, acabou arrombando a porta”
“Não há elementos para o indiciamento”, diz Mattosinhos“Para que haja o crime, é necessário haver uma conduta, para que o fato seja típicoComo ocorreu um caso fortuito, isso exclui a culpaSe a culpa é um dos elementos da conduta, e se não há conduta, o fato não é típicoLogo, não há crime”, explicaA morte do cruzeirense é classificada pelo nome técnico de caso fortuito“Acontecimentos imprevistos, imprevisíveis, inevitáveis, que fogem do controle e da vontade humana”, explica o delegado
Para concluir a investigação, ainda faltam dois laudos, um referente à reconstituição do caso e outro de vistoria estrutural do imóvel, mostrando a estrura do quarto, com a instalação elétricaO delegado também vai ouvir mais pessoas, mas não disse quem são para não prejudicar os trabalhos