Deivid recusou as aproximações de Paraná e Vila Nova, equipes da Série B do Campeonato BrasileiroPara ele, o caminho a seguir era claro: ir à EuropaDa Toca da Raposa II, o treinador foi ao complexo de Valdebedas, luxuoso centro de treinamento do Real Madrid de Zinedine ZidaneTambém rodou por França, Turquia e PortugalO objetivo? Estudar futebol
“Não aceitei as sondagens, porque queria fazer a viagemQuando eu comecei a estudar futebol no Brasil, já vinha programando ficar dois anos na EuropaQueria ver metodologia, filosofia, conceito
Do Cruzeiro, o ex-atacante prefere guardar apenas as boas lembrançasDeivid mostra gratidão a quem lhe deu a primeira oportunidade, apesar de questionar a demissão, tida como ‘precoce’ Um dos motivos para o desempenho irregular, segundo o técnico, foi o elenco“Era um time jovem”, analisa.
Os nomes de peso viriam depois, para a disputa do Campeonato Brasileiro, conforme prometera a diretoriaDeivid foi demitido antes das contrataçõesApesar disso, ele participou e indicou jogadores para negociações.
“Estávamos negociando para fechar uma troca entre Fabiano e Fabrício no Rafael Marques, Lucas ou RobinhoE aí acabou vindo o Lucas e o Robinho
Segundo Deivid, o argentino Ramón Ábila, que marcou nove gols nas 12 primeiras partidas com a camisa cruzeirense, também era observado por ele“Ábila estava no nosso radar, mas não foi o que eu priorizeiEu já o acompanhava desde a época que eu parei de jogar futebolEra interessanteTrabalha forte, com intensidade, dinâmicaO Cruzeiro tem um lugar só para monitorar os jogadores, que é gerido pelo Toninho (Antônio Almeida, analista de mercado do clube)Eu não tenho dúvida que ele fez o levantamento (de estatísticas) do Ábila perfeitamente”, afirma o treinador.
Deivid deve ficar na Europa por pelo menos mais um mês e meioAlém do Real Madrid, o treinador visitou as instalações de Lyon e FenerbahçeOs portugueses Estoril, Braga e Porto também estão na rota.
“É muito diferenteO Real colocou o Zidane, que era do sub-20, e foi campeão da Champions LeagueAqui (na Europa) não tem imediatismo, ao contrário do BrasilTem trabalho, conceito, convicção, calma”, afirma.
O treinador pretende continuar os estudos para, então, retornar ao cargoE, quem sabe, retornar à pressão e à cobrança dos grandes clubes.
Confira a entrevista de Deivid ao Superesportes
Ábila já estava nos planos quando você era o treinador? Quem o Cruzeiro tentou contratar à época?
Ele estava no nosso radar, mas não foi o que eu priorizeiPriorizei o Rafael Sobis, o Rafael Marques, o Maicon, o Maxwell, do PSG, que eu pedi que viessem para o CruzeiroEu estava conversandoEstávamos negociando para fechar uma troca entre Fabiano e Fabrício no Rafael Marques, Lucas ou RobinhoE aí acabou vindo o Lucas e o RobinhoPedi Maicon, da Roma, e Maxwell, do PSGLiguei para elesNão deu, Maxwell preferiu ficarAlém do Rafael Sobis, que chegou depois.
Quais características de Ábila te chamam atenção?
Eu já acompanhava o Ábila desde a época que eu parei de jogar futebolO Ábila é inteligente, finalizadorDá opção para o ponta e para o meiaQuando você sai do país, você tem um ano para a adaptaçãoCom ele foi diferenteFoi muito rápidoO Cruzeiro tem um lugar só para monitorar os jogadores, que é gerido pelo Toninho (Antônio Almeida, analista de mercado do clube)O Toninho monitora jogadores sul-americanos, europeus, brasileirosEu não tenho dúvida que ele fez o levantamento (de estatísticas) do Ábila perfeitamenteO Cruzeiro conseguiu montar uma estrutura de padrão europeu para isso, com o Toninho junto com o Rafael (Vieira, analista de desempenho)E é muito interessante Minimiza o erro.
Faltaram nomes mais experientes, como os que você citou, para que o Cruzeiro engrenasse sob o seu comando?
SimFaltavam jogadoresEm março, quando dei entrevista para vocês (veja no vídeo ao final da matéria), falei que, para ser campeão, tínhamos que trazer jogadores de alto nívelO grupo era bom, mas tinha muitos jogadores jovensTínhamos que mesclarNaquela época, o clube não tinha dinheiroEra um time jovem no Campeonato MineiroE aí no Brasileiro seria uma outra situaçãoMas não tem como ser assim: montar um time para o Mineiro e outro para o BrasileiroTem que montar um time para a temporada.
Te estranha o dinheiro para contratações só aparecer no meio da temporada? Ou isso já estava planejado?
Não me estranhaJá era esperado, já que o Cruzeiro estava negociando com a TVNão estranhaFaz parteEu só tenho a agradecer a oportunidade que o Cruzeiro me deuSó que a gente sabe que eu trabalhei com o que eu tinhaEu queria Robinho (do Palmeiras), não posso trazer, por exemploO time era qualificadoJovens com qualidadeMas faltava.
Quando eu saí do Cruzeiro, recebi uma proposta, mas não queria aceitar, porque queria fazer a viagem que já estava programadaQuando eu comecei a estudar futebol no Brasil, já vinha programando ficar dois anos na EuropaMas aí o Vanderlei (Luxemburgo) me convidou para o Flamengo e, depois, para o CruzeiroAí continuei no Cruzeiro, com o Mano, e, depois, assumi o timeQuando saí, já tinha essa programação de ir para a Europa, ver metodologia, filosofia, conceitoVer se era aquilo mesmo que eu estava pensando.
Que times te procuraram?
Recebi sondagens, não propostas, de Vila Nova e Paraná.
Qual foi seu percurso na Europa até agora?
Fui no Real Madrid, no Lyon e no FenerbahçeO Lyon, em 28 anos comandado pelo mesmo presidente, trocou duas vezes de treinadorÉ muito diferenteO Real colocou o Zidane, que era do sub-20, e foi campeão da Champions LeagueAqui (na Europa) não tem imediatismo, ao contrário do BrasilTem trabalho, conceito, convicção, calmaEstou trocando muitas informações aquiPassei uma semana com Zidane e Roberto Carlos, conheci do sub-7 até o profissional, o clube todo do Real MadridConheci uma pessoa que faz a metodologia do clube, que ficou 20 anos na Rússia estudando a cabeça do jogador de futebol, os neurôniosConheci Lyon a fundo, desde o sub-19 até o profissionalO Lyon é o clube que mais cedeu jogadores para times da Champions League, o que mais revela jogadores no Campeonato Francês
Quais as principais coisas que aprendeu?
Aqui na Europa, os clubes têm a categoria sub-23, que disputa a segunda divisão, o que ainda não tem no BrasilIsso é bom, porque o jogador pode ou estourar com 17, 18 anos ou com 23, 24Então você não perde o jogadorE o sub-23 treina junto com o profissionalUm num campo, outro no outroSe o treinador precisar, o jogador do sub-23 já está liEnquanto o clube não virar clube-empresa e a diretoria ficar a mercê de torcedor e imprensa, a gente está mortoClaro que a torcida é parte importantíssima disso tudo, mas é preciso pensar numa maneira clube-empresaNo Brasil, o cara é dono da empresa talO cara é convidado para ser vice ou diretor e ele vai serSó porque o cara é torcedor ou ama o clube, ele vira vice-presidenteNão pode ser assim
Quais os planos a partir de agora?
Eu quero vivenciar este momentoAlguns dias no Fener(bahçe), uns dias em Portugal para ver o Estoril, o Braga e o PortoFicarei mais um mês e meio, dois meses.