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CRUZEIRO

Bom de garfo e trabalhador: mãe de Ábila conta casos do caçula que virou goleador do Cruzeiro

São muitas as histórias do novo xodó da torcida celeste, o atacante Ramón Ábila

Thiago Madureira
Ramón Ábila e o filho Valentino, de dois anos: dupla já caiu nas graças da torcida do Cruzeiro - Foto: REPRODUÇÃO
Se dona Gloria Ábila seguisse os conselhos médicos não teria dado à luz Ramón, seu caçulaO nascimento dele não estava nos planosGloria ficou desiludida depois da primeira separaçãoSeu ex-marido sofria com o álcoolEla já tinha quatro filhos e, por isso, chegou a dar entrada no procedimento de laqueadura das trompasAcabou não fazendoEncontrou um novo amor, RamónDa relação, nasceu Ramón Ábila, o rebento mais famoso e novo artilheiro do Cruzeiro - marcou oito gols nos 10 primeiros jogos"Estava com 27 anos, já tinha quatro filhos e não planejava mais nenhumEstava pronta para fazer a cirurgia de trompas, mas desistiAinda bem, porque tive tempo de ter um filho maravilhoso", contou Gloria.

Gloria conta casos do filho Ábila em Córdoba - Foto: REPRODUÇÃOSão muitas as histórias do novo xodó da torcida celeste
Dona Gloria não escondeu nadaAo Superesportes, ela revelou que ficou surpresa com a saída dele da ArgentinaDerramou-se em lágrimas“Quando faz as coisas, decide por ele mesmoNão sabia da negociaçãoQuando ele me falou, já estava concretizadoChorei muito porque já pensava na saudade que sentiriaMas era choro de alegriaSabia que seria o melhor para ele, para a carreiraEle merecia essa promoção”, disse dona Gloria, que pretende visitar Belo Horizonte em outubro, mês de aniversário de Ábila e do neto, Valentino, de dois anos


“Estamos muito orgulhososEstá muito feliz, se adaptou bem, está aprendendo o portuguêsEle se integrou, tem boa relação com os jogadoresQuero visitá-los em outubroEstou sentindo a falta deleO Ábila alegra todo ambiente, é um cara de sorriso fácil, que nunca largou o jeito humilde”, afirmou a mãe do atacante"A torcida gosta porque ele deixa o máximo em campo, corre muito, é dedicado e está fazendo muitos gols", acrescentou.



Vida humilde e hábitos simples

A forma positiva como Ábila encara a vida vem da criação no bairro humilde de Remedios de Escalada, no norte da cidade de Córdoba, na Argentina, a 700 quilômetros de Buenos Aires. "Mesmo com a pobreza, com as dificuldades, o Ábila teve uma infância feliz, com muito amor, cercado de bons amigos, boas influênciasGostava de brincar com os primos, bater bola na rua, sempre frequentou a escolaEle nunca se envolveu em confusãoEra um menino do bem”, contou a mãe.

Ábila sempre gostou de comerPercebe-se pelo porte do atacante, hoje em forma, mas que já foi chamado de gordo por Carlos Bianchi, o técnico que mais vezes conquistou a Copa Libertadores. Mas o cruzeirense relevou as críticas, tratou a situação com bom humor e respondeu marcando muitos gols - foram 53 em 108 jogos pelo Huracán, onde ganhou visibilidade internacionalNa infância, seu prato predileto era a empanada (espécie de pastel assado, muito típico na Argentina)Comia tudo acompanhado de um achocolatado“Gostava muito da empanada quando criançaE a receita é muito fácilFaz com carne moída, tomate, cebola, pimentão, tempero e uma massaLeva ao forno e fica prontoEle saboreava com gostoComia muita massa tambémQuando foi ficando mais velho, aprendeu a tomar mate com a avóHoje, não desgruda do mateGosta de pratos simples, nada muito sofisticado”, comentou Gloria.

Embora estudasse e dedicasse parte do tempo ao futebol, Ábila também trabalhou na adolescênciaAjudava o pai assentando pisos em casas de CórdobaDepois, foi funcionário de uma loja de peças de caminhõesNo tempo livre, gostava de ir a shows de cuarteto argentino, música tradicional da ArgentinaLa Mona Jiménez, inclusive, é um dos seus ídolos.
Ramón Ábila se tornou grande amigo do cantor La Mona Jimenez, seu ídolo na música - Foto: Reprodução Instagram
A mãe de Ábila sempre encarou o futebol como um momento de lazer do filhoNunca pensou em uma carreira internacional exitosa“Não pensei que ia chegar tão longeGostava de jogar campeonato de bairro, é muito amigo dos amigos do pai dele, sempre estava nos timesAté que conseguiu uma oportunidade no Instituto (time de Córdoba)Depois, estourou no Huracán e foi para o CruzeiroMas nunca o pressionamos, também não cobramos nadaApenas o acompanhávamos, dando forçaQueríamos um filho felizE isso a gente conseguiu”, ressaltou a mãe de Ábila.

Dona Gloria ainda mora com o esposo, Ramón, no bairro Remedios de Escalada, em CórdobaOutros três filhos também continuam na cidadeUma filha reside na EspanhaMesmo longe, Ábila tenta ajudar a família“Ele nos ajudaO pai fica sem serviço e ele paga as contas, tenta nos ajudar da melhor forma”, frisou dona Gloria, que mais do que ninguém sonha com os gols do filho no Cruzeiro“Que esta fase boa não passe nunca”, afirmou, aos risos.