O Cruzeiro concluiu nesta quarta-feira a venda de Bruno Viana. O jovem defensor, de apenas 21 anos, viajou nessa terça-feira para a Grécia e já assinou contrato com o Olympiacos. A negociação da revelação da base celeste reacende a tradição da Raposa em exportar jogadores da posição para clubes de outros países, principalmente no continente europeu.
Bruno Viana voltará a jogar sob o comando do técnico Paulo Bento. O português afirmou, enquanto era treinador do Cruzeiro, que o zagueiro era o único do elenco com ‘perfil’ europeu.
Nos últimos 14 anos, o Cruzeiro transferiu 16 zagueiros para o exterior, alguns mais de uma vez. A lista foi inaugurada por João Carlos, em 2002, negociado com o Cerezo Osaka do Japão. No ano seguinte, Cris foi emprestado ao Bayer Leverkusen da Alemanha, e Luisão foi vendido para o Benfica de Portugal, clube em que atua até hoje.
Mas o histórico de negociações de zagueiros cruzeirenses para o exterior começou mesmo em 1981, quando o então jovem Geraldão, com 17 anos, foi emprestado para o Al-Arabi, do Catar. O jogador ficou na equipe do Mundo Árabe por dois anos.
Geraldão foi levado para o Catar por Procópio Cardoso Neto, ídolo cruzeirense e, na época, treinador do Al-Arabi. “Eu trabalhei no Cruzeiro, o Geraldão era juvenil, com 16 anos. Eu cheguei no Catar, e ele tinha 17. Na negociação, o Benito Masci (presidente da época) exigiu que ele voltasse ao Cruzeiro após o empréstimo. Ele cumpriu a promessa em 1983, voltou e coroou sua carreira”, lembra Procópio, em entrevista ao Superesportes.
Em 1987, quatro anos após voltar ao Cruzeiro, Geraldão foi negociado em definitivo com o Porto de Portugal, onde foi campeão mundial. O zagueiro ainda brilhou na Seleção Brasileira, no Paris Saint-Germain e no América do México.
Curiosamente, foi Procópio o primeiro defensor cruzeirense a se transferir por uma proposta milionária, só que dentro do Brasil. Em 1961, aos 22 anos, ele foi comprado pelo São Paulo por 5 milhões de cruzeiros, moeda da época. “É muito curioso isso, ter saído logo cedo e por um valor tão alto. O Tostão, campeão da Copa do Mundo de 1970, foi vendido por seis milhões. O então presidente Felício Brandi conseguiu me vender em uma grande negociação”.
Bom trabalho na base
A maioria das vendas de zagueiros do Cruzeiro é de jogadores formados na base. Além de Procópio (1961) e Geraldão (1981), ganharam o mundo os zagueiros Robson (1994), Célio Lúcio (1998), Luisão (2003), Rodrigo Defendi (2004), Gladstone (2005 e 2007), Irineu (2006), Luizão (2007), Maicon (2009), Thiago Heleno (2010), Wallace (2014) e Bruno Viana (2016).
”Vender jogadores jovens assim é bom. Vai ser bom para o Cruzeiro, que fatura e que vai continuar dando oportunidade para esses garotos. Faltam pessoas para acreditar na capacidade dos garotos, preparar os meninos com cuidado. Tive oportunidade de trabalhar com jovens como o Geraldão no Cruzeiro e o Luisinho no Atlético. Temos que acreditar nos jovens, treinar e ensinar os fundamentos. São detalhes que precisam de trabalho e disciplina. Fico contente em saber que o Bruno Viana será mais um a ter uma oportunidade no exterior”, observou Procópio.
A negociação de zagueiro mais vultosa foi de Wallace, em 2014, para um grupo investidor que o colocou no Braga de Portugal: 9,5 milhões de euros (R$ 29 milhões). O valor do garoto da base superou, por exemplo, o de nomes de peso como Edu Dracena (Fenerbahçe, 5,7 mi de euros), Cris (Lyon, 3,5 mi de euros), Gil (Valenciennes, 3 mi de euros) e Luisão (Benfica, US$ 2,5 milhões).
As vendas de zagueiros mais altas da história do Cruzeiro:
Wallace (Grupo Gestifute - Sporting Braga-POR, 2014) – 9,5 milhões de euros
Edu Dracena (Fenerbahçe-TUR, 2006) - 5,7 milhões de euros
João Carlos (Corinthians, 1999) - 4 milhões de dólares, mais os direitos do zagueiro Cris
Cris (Lyon-FRA, 2004) - 3,5 milhões de euros
Gil (Valenciennes-FRA, 2011) – 3 milhões de euros
Luisão (Benfica-POR, 2003) - US$ 2,5 milhões (por 50%)
Bruno Viana (Olympiacos-GRE, 2016), 2 milhões de euros
Luizão (Locarno-SUI, 2007) - 2 milhões de euros
Maicon* (Porto-POR, 2009) – 1,1 milhão de euros (50%)
*Em 2010, a outra metade dos direitos de Maicon foi trocada com o Porto pelo argentino Ernesto Farias