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CRUZEIRO

Quase seis anos após polêmica, Sandro Meira Ricci é escalado para jogo do Cruzeiro na Série A

Em 2010, Ricci marcou pênalti polêmico de Gil, do Cruzeiro, sobre o atacante Ronaldo, do Corinthians, além de ter cometido outras falhas no Pacaembu, em SP

Redação
Momento em que Sandro Meira Ricci marca pênalti de Gil, do Cruzeiro, sobre Ronaldo, do Corinthians - Foto: NELSON ANTOINE/FOTO ARENA/AE. SP

O árbitro Sandro Meira Ricci, de 41 anos, agora filiado à Federação de Santa Catarina, voltará a apitar uma partida do Cruzeiro cinco anos e nove meses depois de sua polêmica atuação no jogo contra o Corinthians, no Pacaembu, em 11 de dezembro de 2010, quando marcou um pênalti duvidoso de Gil sobre Ronaldo e cometeu outros equívocosO time paulista venceu por 1 a 0Nesta terça-feira, ele foi escalado pela Comissão de Arbitragem da CBF para apitar o duelo de domingo, às 11h, no Mineirão, entre Cruzeiro e Santa Cruz, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Nas redes sociais, torcedores do Cruzeiro já se mobilizam para vaiar Ricci, que é mineiro de Poços de Caldas.

Naquela arbitragem de 2010, já na reta final do Brasileirão, Sandro Meira Ricci desconsiderou três pênaltis a favor do Cruzeiro (dois sobre Thiago Ribeiro e um sobre Wellington Paulista) e não utilizou o mesmo critério para anotar uma falta do zagueiro Gil em Ronaldo dentro da área, aos 41 do segundo tempoAlém da penalidade polêmica, os assistentes de Meira Ricci à época, Roberto Braatz (PR) e Alessandro Álvaro Rocha de Matos (BA), erraram em cinco lances de impedimento, prejudicando ataques do clube mineiro.

Logo depois do ocorrido, o Cruzeiro enviou um protesto ao presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Corrêa, que ainda ocupa o cargo, e pediu o veto de Meira Ricci em jogos do clubeApesar disso, a arbitragem dele naquele duelo com o Corinthians mereceu ‘nota 10’ de Corrêa e também do delegado do jogo Manuel Serapião Filho

”Existem divergências nas avaliações do árbitro, porque a Comissão de Árbitros entende que o trabalho dele foi perfeito, a participação dele no jogo foi acertada, o que diverge da nossa opinião, tanto que nós trouxemos um material com várias cenas, vários lances, que mostram o motivo que nós divergimos dessa opinião”, disse Dimas Fonseca, então diretor de futebol do Cruzeiro, logo após fazer o protesto com Ricci à Comissão.

À época, a Comissão de Arbitragem reconheceu erros apenas nos lances de impedimento questionados pelo CruzeiroForam dois equívocos no campo do auxiliar Roberto Braatz (PR) e três equívocos do outro assistente, Alessandro Álvaro Rocha de Matos (BA)Ambos eram do quadro da Fifa”Em relação aos bandeiras, o que eles pensam é a mesma coisa que pensamosHouve erros, três de um bandeira e dois de outro, que prejudicaram consideravelmente o Cruzeiro no jogo”, acrescentou Dimas Fonseca naquele período.

Ricci, na ocasião filiado à Federação do Distrito Federal, nunca admitiu ter errado“Nessa partida a gente tinha um delegado especial que estava avaliando a arbitragem, e a avaliação que a gente recebeu foi muita positiva em relação aos lances capitais, os lances questionados, e a gente teve uma avaliação muito positiva, o que deixou a gente muito satisfeito
Obviamente que a gente tem a nossa convicção dentro de campo, fazemos sempre na intenção de acertar todos os lances, o que às vezes não é possível, considerando que somos seres humanosNesse caso especificamente do jogo de sábado, a gente está com a consciência bem tranquila, principalmente quando a gente viu depois as imagens na televisão”, declarou Sandro Meira Ricci à Rádio Itatiaia, dias depois da polêmica.

A Comissão Nacional de Arbitragem jamais admitiu o veto imposto pelo Cruzeiro a Ricci, mas sim julgou desnecessária a escalação dele em jogos do clube “a curto prazo”, como explicou naquele período o então delegado da entidade, Manoel Serapião Filho“Não se cogitou veto, não conversamos sobre nomes de árbitros, isso é absolutamente impróprio e conversamos sobre a importância de jogosQuanto a designar ou não o Sandro (em jogos do Cruzeiro), de pronto eu digo que não é convenienteNós não estamos aqui para desafiar as agremiaçõesAinda que ele tenha acertado em tudo, como nós julgamos que acertou – Comissão lhe deu nota 10 - , isso não nos autoriza a desafiar a equipe, porque, psicologicamente, não seria bom nem para o árbitro nem para o Cruzeiro nem para a competição”O fato é que ele esteve ausente das partidas cruzeirenses por quase seis anos.

Os erros de Sandro Meira Ricci em 2010 tiveram influência direta no desfecho do campeonatoCom a derrota no Pacaembu, a três rodadas do fim, o Cruzeiro ficou terceiro lugar, com 60 pontos, atrás de Fluminense, com 62, e Corinthians, com 63Embora o time celeste tenha vencido seus últimos três compromissos, chegando aos 69, o Tricolor Carioca acabou campeão, com 71O clube paulista fechou a disputa em terceiro, com 68.

Jogadores do Cruzeiro reclamaram muita de Meira Ricci, e Polícia precisou intervir no gramado - Foto: MIGUEL SCHINCARIOL / PERSPECTIVA/AE

Revolta de Cuca e xingamentos de Perrella


A atuação de Sandro Meira Ricci marcou ainda o depoimento revoltado do então técnico cruzeirense Cuca depois do jogo, com o famoso “murro” sobre a mesa na sala de imprensa, e declarações pesadas do então presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella.

Após o duelo, Perrella proferiu palavras como “filho da p…”, “picareta desonesto”, “safado” e “incompetente”
O presidente do Cruzeiro também afirmou, na época, que Sandro Meira Ricci foi “comprado” pelo Corinthians.

Em março de 2014, Perrella acabou condenado pela Justiça a pagar R$ 60 mil a Sandro Meira Ricci pelas ofensasO juiz Sebastião Coelho explicou a decisão na sentença: “No caso em tela, houve clara extrapolação dos limites da tolerância, capaz, indubitavelmente, de violar o direito de personalidade do autor, o qual, portanto, deverá ser indenizado a título de danos morais, nos termos dos artigos 187 e 927 do CC/2002”.

O torcedor cruzeirense João Carlos Fonseca chegou a mover uma ação por danos materiais e morais contra o árbitro em novembro de 2010, mas ela acabou extinta pelo juiz Paulo Barone Rosa, do Juizado Especial Cível de Relações de Consumo, de Belo Horizonte.

Gilberto, Fábio e Gil questionam penalidade assinalada sobre Ronaldo aos 41 minutos do segundo tempo - Foto: Rodrigto Coca / Fotoarena / Agencia O Globo

CORINTHIANS 1 X 0 CRUZEIRO

Corinthians
Júlio César, Alessandro, Chicão, William e Roberto Carlos (Leandro Castan), Ralf, Jucilei, Elias e Bruno César (Jorge Henrique), Dentinho (Danilo) e Ronaldo
Técnico: Tite
Cruzeiro
Fábio, Jonathan, Gil, Léo e Gilberto, Fabrício (Wallyson), Marquinhos Paraná, Henrique e Montillo (Roger), Thiago Ribeiro e Wellington Paulista (Farías)
Técnico: Cuca
Cartões amarelos: Thiago Ribeiro, Fabrício, Gilberto e Roger (Cruzeiro), Bruno César e Dentinho (Corinthians)
Cartões vermelhos: Gil e Gilberto (Cruzeiro)

Motivo: 35ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: estádio Pacaembu, em São Paulo
Data: 13/11/2010 (sábado)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (DF)
Público: 35.935 pagantes
Renda: R$ 1.279.352,50
Gol: Ronaldo, aos 43 mindo 2º tempo

Relembre os lances polêmicos de Corinthans 1 x 0 Cruzeiro:



Momento do sorteio da arbitragem de Cruzeiro x Santa Cruz de 7'15'' a 8'28'':