As boas referências que recebeu o fizeram aceitar a proposta celeste e o desafio de jogar no Brasil. Um dos seus conselheiros foi o atacante Carlitos Tévez, de quem se tornou grande amigo. A revelação foi feita ao Superesportes por seu primeiro treinador, Alejandro Accietto, de quem é muito próximo e ainda mantém forte laço de amizade.
Hoje, Accieto é ligado ao Talleres, equipe da cidade de Córdoba, que está na Primeira Divisão da Argentina. Ele conversou com o Superesportes, por telefone. Contou detalhes do passado do jogador, falou da negociação com o Cruzeiro e comentou os objetivos de Ábila no futebol.
Como o senhor o conheceu?
Eu era treinador do Unión Florida, um clube amador de Córdoba. Vi o Ábila muito bem e o escalei como titular aos 14 anos. E ele fez gols nas sete partidas, foi muito bem. Tive problema com o presidente e deixei o clube. Ábila pediu para ir comigo e resolvi comprar seus direitos. O presidente me pediu 800 pesos (cerca de R$ 200). Comprei e o levei para o Instituto para fazer testes. Na ocasião o Instituto era dirigido por Sergio González, um amigo. Logo nas primeiras atividades, marcou sete gols. Queria levá-lo ao Talleres, meu clube de coração. Mas o seu amor pelo Instituto era maior. Ele era torcedor de arquibancada, morava muito perto. Dizem que sou o pai do futebol de Ábila. A verdade é que somos grandes amigos.
Ábila tem forte personalidade. Ele pode ter dificuldade de adaptação ao Brasil?
Ele é muito especial. É um garoto muito humilde, muito tranqüilo, um líder positivo. Acho que vai mudar o ambiente do Cruzeiro para melhor. Faz amizade muito fácil, é o tipo do jogador que coloca música no vestiário e faz todo mundo dançar e cantar. Não acho que terá problemas de adaptação. Hoje tem família, vai levar todo mundo para o Brasil, a mulher Mariana, o filho Valentino e a filha Antonela.
Ele vive um dos melhores momentos da carreira. O futebol brasileiro será um grande desafio?
Ábila vive a melhor fase dentro e fora de campo. É a grande chance de ele confirmar o potencial que todos nós sabemos que ele tem. Ele é muito técnico, um artilheiro. Faz o pivô muito bem, consegue proteger a bola como poucos. Não é muito rápido, mas define com rara felicidade. O futebol brasileiro tem carência neste setor, e ele pode ser o grande nome do Cruzeiro. E, de quebra, pode ganhar uma vaga na Seleção Argentina, que é um sonho dele.
Ábila tinha ofertas de outros centros?
É bom deixar claro que o Cruzeiro também foi uma escolha dele. Claro que futebol é negócio, que dinheiro conta muito. Mas tínhamos duas propostas boas do futebol chinês e do México. O Boca também vinha forte.
Ele procurou referências do Cruzeiro ante de acertar?
Sim, conversou muito com Tévez. Eles são amigos, e o Tévez jogou muito tempo no Brasil, conhece o futebol brasileiro. São conversas informais, de amigos, mas ele se informou sim. Tévez falou muito bem do Brasil, do Cruzeiro também. Sabemos que o Cruzeiro é uma equipe muito grande, que tem 8 milhões de torcedores, já ganhou duas Libertadores. Foi a melhor escolha.
Ábila é muito amigo de Tévez?
Ábila é um fã de Tévez, e isso os uniu. Eles são muito parecidos também, são ligados a seus bairros, muito respeitados pela gente que os cerca. Ficaram amigos pelo futebol.
Veja gols de Ábila com a camisa do Huracán: