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Minas Arena consegue bloqueio na Justiça de 25% da renda líquida de jogos do Cruzeiro

Minas Arena cobra do Cruzeiro R$ 9,1 milhões referentes à taxa de manutenção

postado em 25/05/2016 19:14 / atualizado em 25/05/2016 19:48

Divulgação

Enquanto o Cruzeiro pleiteia na Justiça a rescisão do contrato firmado com a Minas Arena por entender que a concessionária do Mineirão lhe deve cerca de R$ 25 milhões por descumprimento de cláusulas do acordo de fidelidade, a empresa acaba de conseguir uma vitória parcial nos tribunais. Segundo o diretor comercial Samuel Henrique Cornelio Lloyd, a operadora obteve liminar que assegura o bloqueio de 25% da renda líquida do Cruzeiro em partidas realizadas no estádio. O valor ficará depositado em juízo, até que haja uma decisão definitiva.

A Minas Arena cobra do Cruzeiro R$ 9,1 milhões referentes à taxa de operação do estádio. O clube deixou de fazer o pagamento a partir de agosto de 2013, logo depois da final da Copa Libertadores, entre Atlético e Olímpia do Paraguai. Na ocasião, o arquirrival, que não tem contrato de fidelidade com a concessionária, atuou no Mineirão sem arcar com as despesas operacionais. O Cruzeiro entende que passou a ter o mesmo direito, pois o contrato prevê que todas as concessões feitas a um clube tornam-se regra para os demais.

”É cedo para falar que temos uma decisão, uma sentença. Hoje recebemos uma decisão positiva de um bloqueio de 25% da renda do clube quando jogar aqui no Mineirão, então 25% do borderô vai para um depósito judicial, para que lá no futuro, quando essa questão for resolvida, o clube tenha os fundos para resolver essa questão com a Minas Arena”, explicou Samuel Lloyd em entrevista à Rádio Itatiaia.

”O nosso contrato de fidelidade com o clube diz que o Cruzeiro não precisa pagar nenhum tipo de aluguel, a Minas Arena, concessionária, não se remunera em cima do clube. Esses R$ 9 milhões dizem respeito a 70% das despesas da partida. A concessionária ainda por cima paga pelo Cruzeiro 30% dos custos de jogo”, acrescentou o diretor comercial.

Até o momento, a Minas Arena informa que não foi notificada pela Justiça da ação movida pelo Cruzeiro, na qual o clube pede rescisão contratual com o Mineirão. São vários os motivos responsáveis por levar o clube a solicitar o encerramento do vínculo, como a indisponibilidade de todas as vagas de estacionamento nos dias de jogos, os eventos simultâneos às partidas da Raposa, a venda de ingressos da gestora abaixo do preço mínimo estabelecido em contrato entre as partes e as mais de 400 ações movidas por torcedores por causa de incidentes operacionais na reabertura do estádio, no clássico contra o Atlético em fevereiro de 2013.

Outro motivo que gerou descontentamento por parte do Cruzeiro foi o fato de o alto-falante do estádio ter tocado o hino do Atlético em um jogo com mando de campo azul. Advogado que representa o Cruzeiro, Felipe Cândido lamentou o episódio e criticou todos os problemas envolvendo a concessionária. “A Minas Arena, não se sabe o por quê, declarou guerra ao Cruzeiro, que deveria ser tratado a pão-de-ló, mas é visto como inimigo”.

O diretor comercial da Minas Arena rebate essa versão e afirma que a operadora sempre tentou resolver as pendências amigavelmente: “O Mineirão sempre abriu diálogo, tentando resolver a questão, mas como existia uma divergência de entendimento do contrato, tivemos que partir para uma ação judicial para que juiz mediasse essa questão”, disse Samuel Lloyd.

A princípio, a decisão judicial que bloqueia 25% da renda líquida do Cruzeiro no estádio já vigora no clássico de sábado, contra o América, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro. Oficialmente, o clube desconhece a decisão favorável à operadora. “O Cruzeiro sabe, informalmente, que tem algo em relação a isso (pedido da Minas Arena à Justiça) por esses 25% da renda líquida das partidas no Mineirão. Porém, não sabemos ainda se foi deferido ou não. Não foi publicado essa decisão ainda e nem fomos avisados sobre isso no momento”, disse Felipe Cândido.

Cruzeiro quer usar datas do estado


De acordo com o advogado do Cruzeiro, a rescisão do contrato com a Minas Arena não impedirá o clube de jogar no Mineirão. Isso porque, segundo ele, o estado reserva 66 datas por ano para que os três clubes interessados possam utilizar a arena. “O Mineirão é um bem público que foi alvo de licitação vencida pela Minas Arena, que se tornou concessionária por 27 anos. O estado reservou para si 66 datas de eventos de futebol ao longo de um ano. Quaisquer agremiações, como Cruzeiro, Atlético e América, podem fazer uso, com direito a 54,2 mil ingressos, 100% de estacionamento e placas de publicidade. Ou seja, mesmo sem o contrato de fidelidade, o clube pode continuar jogando no Mineirão”, ressaltou Felipe Cândido.

A Minas Arena vê precipitação do clube nesse sentido. “Acredito que é muito cedo para falar sobre futura partida fora do contrato de fidelidade. O contrato de fidelidade com o Cruzeiro vai reger essa relação comercial. Na verdade, esperamos receber do clube essa decisão. É claro que o clube pode querer firmar novos contratos, rever o contrato de fidelidade ou querer firmar contratos jogo a jogo, vai depender dos próximos dias, dessa negociação com o clube”, concluiu o diretor comercial Samuel Lloyd.

Em nota enviada à imprensa, a Minas Arena reforçou o seu posicionamento:

Com relação à informação veiculada na imprensa no dia de hoje, sobre a defesa apresentada na Justiça pelo Cruzeiro Esporte Clube, a concessionária que administra o Mineirão informa que não foi intimada oficialmente. A concessionária sempre lidou com o clube e sua torcida de forma transparente e foi surpreendida pelo pedido de rescisão contratual noticiado pela imprensa após acionar o Cruzeiro judicialmente solicitando cobrança da dívida referente ao reembolso de parte dos custos das partidas.

Vale lembrar que a Justiça concedeu decisão favorável à concessionária, referente à causa movida pela empresa em março/16, no qual foi determinado bloqueio e o depósito em juízo do valor correspondente a 25% da receita líquida das próximas partidas realizadas sob o mando do Cruzeiro Esporte Clube, para ressarcimento da dívida do clube.

A concessionária afirma ainda que cumpre rigorosamente as cláusulas contratuais vigentes, inclusive em pontos levantados pelo clube em entrevistas à imprensa, e informa que não foi notificada pelo Cruzeiro com relação aos temas abordados.

Importante ressaltar que o Mineirão não cobra do clube por aluguel ou cessão de espaço, e sim, por reembolso dos valores referentes às despesas com terceiros, tais como segurança, limpeza, brigadistas, sinalização, água e luz.

A concessionária reafirma que está aberta ao diálogo com o clube e que o estádio estará sempre de portas abertas para o Cruzeiro e todos os clubes mineiros.

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