Enquanto o Cruzeiro pleiteia na Justiça a rescisão do contrato firmado com a Minas Arena por entender que a concessionária do Mineirão lhe deve cerca de R$ 25 milhões por descumprimento de cláusulas do acordo de fidelidade, a empresa acaba de conseguir uma vitória parcial nos tribunaisSegundo o diretor comercial Samuel Henrique Cornelio Lloyd, a operadora obteve liminar que assegura o bloqueio de 25% da renda líquida do Cruzeiro em partidas realizadas no estádioO valor ficará depositado em juízo, até que haja uma decisão definitiva.
A Minas Arena cobra do Cruzeiro R$ 9,1 milhões referentes à taxa de operação do estádioO clube deixou de fazer o pagamento a partir de agosto de 2013, logo depois da final da Copa Libertadores, entre Atlético e Olímpia do ParaguaiNa ocasião, o arquirrival, que não tem contrato de fidelidade com a concessionária, atuou no Mineirão sem arcar com as despesas operacionaisO Cruzeiro entende que passou a ter o mesmo direito, pois o contrato prevê que todas as concessões feitas a um clube tornam-se regra para os demais.
”É cedo para falar que temos uma decisão, uma sentençaHoje recebemos uma decisão positiva de um bloqueio de 25% da renda do clube quando jogar aqui no Mineirão, então 25% do borderô vai para um depósito judicial, para que lá no futuro, quando essa questão for resolvida, o clube tenha os fundos para resolver essa questão com a Minas Arena”, explicou Samuel Lloyd em entrevista à Rádio Itatiaia.
”O nosso contrato de fidelidade com o clube diz que o Cruzeiro não precisa pagar nenhum tipo de aluguel, a Minas Arena, concessionária, não se remunera em cima do clubeEsses R$ 9 milhões dizem respeito a 70% das despesas da partidaA concessionária ainda por cima paga pelo Cruzeiro 30% dos custos de jogo”, acrescentou o diretor comercial.
Até o momento, a Minas Arena informa que não foi notificada pela Justiça da ação movida pelo Cruzeiro, na qual o clube pede rescisão contratual com o MineirãoSão vários os motivos responsáveis por levar o clube a solicitar o encerramento do vínculo, como a indisponibilidade de todas as vagas de estacionamento nos dias de jogos, os eventos simultâneos às partidas da Raposa, a venda de ingressos da gestora abaixo do preço mínimo estabelecido em contrato entre as partes e as mais de 400 ações movidas por torcedores por causa de incidentes operacionais na reabertura do estádio, no clássico contra o Atlético em fevereiro de 2013.
Outro motivo que gerou descontentamento por parte do Cruzeiro foi o fato de o alto-falante do estádio ter tocado o hino do Atlético em um jogo com mando de campo azulAdvogado que representa o Cruzeiro, Felipe Cândido lamentou o episódio e criticou todos os problemas envolvendo a concessionária
O diretor comercial da Minas Arena rebate essa versão e afirma que a operadora sempre tentou resolver as pendências amigavelmente: “O Mineirão sempre abriu diálogo, tentando resolver a questão, mas como existia uma divergência de entendimento do contrato, tivemos que partir para uma ação judicial para que juiz mediasse essa questão”, disse Samuel Lloyd.
A princípio, a decisão judicial que bloqueia 25% da renda líquida do Cruzeiro no estádio já vigora no clássico de sábado, contra o América, pela quarta rodada do Campeonato BrasileiroOficialmente, o clube desconhece a decisão favorável à operadora“O Cruzeiro sabe, informalmente, que tem algo em relação a isso (pedido da Minas Arena à Justiça) por esses 25% da renda líquida das partidas no Mineirão Porém, não sabemos ainda se foi deferido ou nãoNão foi publicado essa decisão ainda e nem fomos avisados sobre isso no momento”, disse Felipe Cândido.
Cruzeiro quer usar datas do estado
De acordo com o advogado do Cruzeiro, a rescisão do contrato com a Minas Arena não impedirá o clube de jogar no MineirãoIsso porque, segundo ele, o estado reserva 66 datas por ano para que os três clubes interessados possam utilizar a arena“O Mineirão é um bem público que foi alvo de licitação vencida pela Minas Arena, que se tornou concessionária por 27 anosO estado reservou para si 66 datas de eventos de futebol ao longo de um anoQuaisquer agremiações, como Cruzeiro, Atlético e América, podem fazer uso, com direito a 54,2 mil ingressos, 100% de estacionamento e placas de publicidadeOu seja, mesmo sem o contrato de fidelidade, o clube pode continuar jogando no Mineirão”, ressaltou Felipe Cândido.
A Minas Arena vê precipitação do clube nesse sentido
Em nota enviada à imprensa, a Minas Arena reforçou o seu posicionamento:
Com relação à informação veiculada na imprensa no dia de hoje, sobre a defesa apresentada na Justiça pelo Cruzeiro Esporte Clube, a concessionária que administra o Mineirão informa que não foi intimada oficialmenteA concessionária sempre lidou com o clube e sua torcida de forma transparente e foi surpreendida pelo pedido de rescisão contratual noticiado pela imprensa após acionar o Cruzeiro judicialmente solicitando cobrança da dívida referente ao reembolso de parte dos custos das partidas.
Vale lembrar que a Justiça concedeu decisão favorável à concessionária, referente à causa movida pela empresa em março/16, no qual foi determinado bloqueio e o depósito em juízo do valor correspondente a 25% da receita líquida das próximas partidas realizadas sob o mando do Cruzeiro Esporte Clube, para ressarcimento da dívida do clube.
A concessionária afirma ainda que cumpre rigorosamente as cláusulas contratuais vigentes, inclusive em pontos levantados pelo clube em entrevistas à imprensa, e informa que não foi notificada pelo Cruzeiro com relação aos temas abordados.
Importante ressaltar que o Mineirão não cobra do clube por aluguel ou cessão de espaço, e sim, por reembolso dos valores referentes às despesas com terceiros, tais como segurança, limpeza, brigadistas, sinalização, água e luz.
A concessionária reafirma que está aberta ao diálogo com o clube e que o estádio estará sempre de portas abertas para o Cruzeiro e todos os clubes mineiros.