Ex-jogador e técnico da Raposa, Procópio aprova a chegada do europeu especialmente porque ele pode ser determinante para inserir novos conceitos e ideias no futebol brasileiro. “Eu vejo com otimismo a chegada de Paulo Bento. Ele já provou que é um cara competente. Dirigiu um dos melhores times de Portugal, inclusive a seleção. Vem de um continente em que o futebol está muito adiantado. As condições da Europa são melhores em termos de treinamento, sistemas de jogo. E acho que se ele se adaptar ao futebol no Brasil, que é de muita cobrança, clubes grandes querem resultados para ontem, ele terá sucesso no Cruzeiro. Com todo respeito aos técnicos do Brasil, ele é uma pessoa para mudar, para sair da mesmice”, afirmou.
Paulo Bento dirigiu o Sporting, entre 2005 e 2009, e a Seleção Portuguesa, entre 2010 e 2014, inclusive na Copa do Mundo do Brasil. O Cruzeiro fechou com o treinador até dezembro de 2017. O português é conhecido pelo seu perfil durão. Embora parte dos torcedores desconfie de treinadores estrangeiros, uma vez que eles não conhecem a cultura local, Procópio relembrou comandantes das décadas passadas que fizeram sucesso no Brasil. Citou o húngaro Béla Guttmann e os uruguaios Odino Vieira e Ricardo Díez. Resgatar essa boa imagem será um dos desafios de Paulo Bento.
“Tenho dois casos, um do Guttmann e outro do Odino Viera. Cheguei ao São Paulo pouco depois da saída de Guttmann. E os jogadores falavam muito nele. Foi um nome que aprendi a respeitar. O que ele pregava é o que queremos no futebol. Ele dizia, simplesmente, com a bola jogue, sem a bola, marque. Fez sucesso por onde passou. Foi bicampeão europeu com o Benfica, foi bem em vários outros clubes. E lembro também do uruguaio Odino Vieira, um dos primeiros a testar o quarto zagueiro no futebol brasileiro. Em um jogo contra o Vasco, para marcar o Ademir de Menezes, ele colocou um outro zagueiro no campo. A gente só jogava com um central e dois laterais. Então, que o Paulo Bento consiga trazer esse espírito inovador que um dia tivemos no Brasil”, destacou Procópio.
Já Antônio Lopes, ex-treinador que dirigiu mais de 30 clubes, incluindo o português Belenenses na década de 1990, conhece Paulo Bento e destaca suas características. “Já tive oportunidade de conversar com ele algumas vezes e tenho certa lembrança dele como jogador também. Destaco que é um técnico muito competente, mesmo tão jovem já dirigiu a Seleção Portuguesa, trabalhou com grandes jogadores internacionais. Gosto do que ele propõe. Penso que vai somar muito, ajudar o Cruzeiro neste momento”, frisou.
Assim como Procópio, Lopes ressalta para a necessidade de resultados por causa da impaciência que caracteriza o futebol brasileiro. O técnico que passou pela Toca da Raposa na década de 1990 diz que é preciso compreensão com Paulo Bento. “Acho que ele vai se adaptar rápido por causa do idioma e dos costumes parecidos de Brasil e Portugal. O grande problema é o imediatismo. Os treinadores são cobrados jogo a jogo. Nas décadas de 1950, 1960, técnicos estrangeiros tiveram sucesso no Brasil porque era uma outra época. O treinador não tinha o status que tem e a paciência era maior”, afirmou Lopes.