Julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta quinta-feira, Benecy Queiroz terá de ficar afastado do futebol por mais 20 diasO Tribunal Pleno julgou recurso da Procuradoria, que havia solicitado aumento da punição ao dirigente do Cruzeiro por declarações de tentativa de “compra de um árbitro" na década de 1980A suspensão foi reduzida para 45 dias.
Em primeira instância, Benecy Queiroz havia sido suspenso por 90 diasNaquela ocasião, o dirigente pediu desculpas e negou que tenha efetivamente tentado “comprar um árbitro”Em 19 de fevereiro, depois de ter cumprido 25 dias da suspensão, ele recebeu efeito suspensivo e voltou a trabalhar no Cruzeiro, mas em nova funçãoAnteriormente supervisor de futebol, Benecy Queiroz passou a integrar a área administrativa, de acordo com o clubeComo já cumpriu parte da pena, ele “deve” mais 20 dias
No julgamento desta quinta-feira, a Procuradoria pedia que Benecy Queiroz recebesse as punições previstas nos artigos 237 e 241 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)Além de multa, ele poderia ser suspenso por até 720 diasO banimento é previsto para casos de reincidência, o que não se aplicava ao dirigente do Cruzeiro.
Antes do julgamento em primeira instância, a diretoria cruzeirense chegou a comunicar que Benecy seria afastado, alegando “licença em função de tratamento de saúde e realização de exames médicos”O cargo de supervisor de futebol passou a ser ocupado por Pedro Moreira, que estava na diretoria de negócios internacionais.
Entenda o caso
Em entrevista concedida no início do ano ao programa Meio-de-Campo, da Rede Minas, Benecy Queiroz revelou uma tentativa de compra de arbitragem, mas sem citar nomes de juízes
A declaração de Benecy ganhou repercussão e o dirigente acabou denunciado ao Tribunal com base no texto do artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)"Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva"Para dirigentes, a pena prevista nesse caso é de 15 a 180 dias.
No dia 13 de janeiro, o então supervisor fez um pronunciamento na Toca da Raposa II, dando a entender que o relato sobre suborno era inverossímil“Em momento de descontração, o Orlando Augusto (apresentador do Meio-de-Campo) me perguntou sobre a existência de mala branca no futebolEu disse que havia isso, mas não considerava subornoDentro do espírito descontraído de causos do futebol, contei a história juntando personagens de época diferentesNa verdade, esse jogo não aconteceuFoi um contoDisse que houve gol do meio-campo, que entrei em campo para reclamar com o juiz, e que perdemos o jogo”, justificou-se na ocasião.
O que disse Benecy Queiroz em entrevista à Rede Minas:
“Existe a mala brancaTimes menores aceitam
Eu só vou citar um caso específico, específico e não falo o nomeAqui em Minas GeraisO treinador era Ênio Andrade, e nós, através da indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juizE o juiz, falou:
– Olha, fique tranquilo que o time adversário não sai do meio campo.
Nos 45 primeiros minutos, ele deu muita falta só no meio do campoAí, então, falei:
– Olha, acho que vai dar certo.
Só que, por azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio do campoO goleiro, eu posso falar, Vitor, no ângulo, gol do adversárioE o juiz continuou dando falta só no meio do campoNa época a gente podia entrar no gramado, aí uma hora eu falei com ele:
– Eu paguei para vocêVê se dá um pênaltiAí ele falou:
– Manda seu time ir lá para frente que dou o pênaltiAí eu falei com o capitão:
– Manda o time ir para frente, temos que empatar o jogo.
O time foi para frente, mas toda bola ele dava falta contra o CruzeiroDaí cheguei à conclusão que empreguei o dinheiro errado.”