O efeito suspensivo integral foi concedido pelo auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José de Arruda Silveira Filho. A data para recurso da Procuradoria-Geral ainda não foi divulgada. Julgado em 27 de janeiro, Benecy Queiroz já cumpriu 25 dos 90 dias estabelecidos pelo STJD.
Quando informou o afastamento de Benecy, o Cruzeiro alegou “licença em função de tratamento de saúde e realização de exames médicos”.
Consultada pela reportagem do Superesportes, a assessoria da Procuradoria-Geral do STJD informou que a pena do ex-supervisor cruzeirense foi suspensa na última sexta-feira, dia 19 de fevereiro.
Entenda o caso
Em entrevista concedida no início do ano ao programa Meio-de-Campo, da Rede Minas, Benecy Queiroz revelou uma tentativa de compra de arbitragem, mas sem citar nomes de juízes. Ele ainda mostrou incoerência ao mencionar os nomes do goleiro Vitor e do técnico Ênio Andrade, que jamais trabalharam juntos na Toca da Raposa.
A declaração de Benecy ganhou repercussão e o dirigente acabou denunciado ao Tribunal com base no texto do artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). "Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva". Para dirigentes, a pena prevista nesse caso é de 15 a 180 dias.
No dia 13 de janeiro, o então supervisor fez um pronunciamento na Toca da Raposa II, dando a entender que o relato sobre suborno era inverossímil. “Em momento de descontração, o Orlando Augusto (apresentador do Meio-de-Campo) me perguntou sobre a existência de mala branca no futebol. Eu disse que havia isso, mas não considerava suborno. Dentro do espírito descontraído de causos do futebol, contei a história juntando personagens de época diferentes. Na verdade, esse jogo não aconteceu. Foi um conto. Disse que houve gol do meio-campo, que entrei em campo para reclamar com o juiz, e que perdemos o jogo”, justificou-se na ocasião.
O que disse Benecy Queiroz em entrevista à Rede Minas:
“Existe a mala branca. Times menores aceitam. Não digo que é suborno. Se a gente partir do pressuposto que é suborno, efetivamente os clubes não pagariam bicho para ganhar.
Eu só vou citar um caso específico, específico e não falo o nome. Aqui em Minas Gerais. O treinador era Ênio Andrade, e nós, através da indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juiz. E o juiz, falou:
– Olha, fique tranquilo que o time adversário não sai do meio campo.
Nos 45 primeiros minutos, ele deu muita falta só no meio do campo. Aí, então, falei:
– Olha, acho que vai dar certo.
Só que, por azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio do campo. O goleiro, eu posso falar, Vitor, no ângulo, gol do adversário. E o juiz continuou dando falta só no meio do campo. Na época a gente podia entrar no gramado, aí uma hora eu falei com ele:
– Eu paguei para você. Vê se dá um pênalti. Aí ele falou:
– Manda seu time ir lá para frente que dou o pênalti. Aí eu falei com o capitão:
– Manda o time ir para frente, temos que empatar o jogo.
O time foi para frente, mas toda bola ele dava falta contra o Cruzeiro. Daí cheguei à conclusão que empreguei o dinheiro errado.”