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CRUZEIRO

Benecy obtém efeito suspensivo e volta a trabalhar no Cruzeiro, mas em cargo diferente

Ex-supervisor de futebol passará a atuar na parte administrativa do clube

Rafael Arruda
Benecy Queiroz está de volta ao Cruzeiro, mas em cargo administrativo (foto de arquivo: 13/01/2016) - Foto: Paulo Filgueiras/EM D.A Press

O Cruzeiro confirmou que o ex-supervisor de futebol Benecy Queiroz obteve efeito suspensivo da punição de 90 dias referente às declarações de “compra de arbitragem” na década de 1980A partir desta terça-feira, Benecy volta a trabalhar no clube, mas na área administrativaPedro Moreira segue no cargo de supervisor.

O efeito suspensivo integral foi concedido pelo auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José de Arruda Silveira FilhoA data para recurso da Procuradoria-Geral ainda não foi divulgadaJulgado em 27 de janeiro, Benecy Queiroz já cumpriu 25 dos 90 dias estabelecidos pelo STJD.

Quando informou o afastamento de Benecy, o Cruzeiro alegou “licença em função de tratamento de saúde e realização de exames médicos”.

Consultada pela reportagem do Superesportes, a assessoria da Procuradoria-Geral do STJD informou que a pena do ex-supervisor cruzeirense foi suspensa na última sexta-feira, dia 19 de fevereiro.

Entenda o caso

Em entrevista concedida no início do ano ao programa Meio-de-Campo, da Rede Minas, Benecy Queiroz revelou uma tentativa de compra de arbitragem, mas sem citar nomes de juízesEle ainda mostrou incoerência ao mencionar os nomes do goleiro Vitor e do técnico Ênio Andrade, que jamais trabalharam juntos na Toca da Raposa.

A declaração de Benecy ganhou repercussão e o dirigente acabou denunciado ao Tribunal com base no texto do artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)"Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva"Para dirigentes, a pena prevista nesse caso é de 15 a 180 dias.

No dia 13 de janeiro, o então supervisor fez um pronunciamento na Toca da Raposa II, dando a entender que o relato sobre suborno era inverossímil“Em momento de descontração, o Orlando Augusto (apresentador do Meio-de-Campo) me perguntou sobre a existência de mala branca no futebolEu disse que havia isso, mas não considerava subornoDentro do espírito descontraído de causos do futebol, contei a história juntando personagens de época diferentes
Na verdade, esse jogo não aconteceuFoi um contoDisse que houve gol do meio-campo, que entrei em campo para reclamar com o juiz, e que perdemos o jogo”, justificou-se na ocasião.

O que disse Benecy Queiroz em entrevista à Rede Minas:

“Existe a mala brancaTimes menores aceitamNão digo que é subornoSe a gente partir do pressuposto que é suborno, efetivamente os clubes não pagariam bicho para ganhar.

Eu só vou citar um caso específico, específico e não falo o nomeAqui em Minas GeraisO treinador era Ênio Andrade, e nós, através da indicação de uma pessoa, achamos que compramos um juizE o juiz, falou:

– Olha, fique tranquilo que o time adversário não sai do meio campo.

Nos 45 primeiros minutos, ele deu muita falta só no meio do campoAí, então, falei:

– Olha, acho que vai dar certo.

Só que, por azar nosso, o adversário chutou uma bola do meio do campo
O goleiro, eu posso falar, Vitor, no ângulo, gol do adversárioE o juiz continuou dando falta só no meio do campoNa época a gente podia entrar no gramado, aí uma hora eu falei com ele:

– Eu paguei para vocêVê se dá um pênaltiAí ele falou:

– Manda seu time ir lá para frente que dou o pênaltiAí eu falei com o capitão:

– Manda o time ir para frente, temos que empatar o jogo.

O time foi para frente, mas toda bola ele dava falta contra o CruzeiroDaí cheguei à conclusão que empreguei o dinheiro errado.”