CRUZEIRO
Em pronunciamento confuso, Benecy nega propina e promete 'desacelerar' no Cruzeiro
Supervisor ressalta caráter ficcional do 'causo' e não deixa claro afastamento do clube
José Cândido Junior /Superesportes
postado em 13/01/2016 11:53 / atualizado em 13/01/2016 14:04
O supervisor de futebol do Cruzeiro, Benecy Queiroz, realizou pronunciamento à imprensa nesta quarta-feira, na Toca da Raposa II, para explicar a polêmica declaração sobre ‘compra de juiz’. O dirigente garantiu que a afirmação, dada em entrevista ao programa Meio de campo, da Rede Minas, não passou de anedota e pediu desculpas ao clube e à torcida. Ao final do discurso bastante confuso, Benecy anunciou que, a pedido médico, vai 'desacelerar' das funções na diretoria, mas não especificou se expressão se trata de afastamento.
“Estou no clube há mais de 40 anos e nunca ouvi que o Cruzeiro cogitou participar de algum esquema. Minha declaração foi infeliz e inoportuna. Estou aqui para reafirmar que foi uma entrevista descontraída e quero me desculpar com a imprensa e com a fantástica torcida do Cruzeiro, que sempre apoiou o clube. Peço desculpas ao presidente Gilvan, aos conselheiros e a todos os funcionários pelo transtorno que a entrevista causou. Aconselhado pelo meu médico, devo desacelerar meus trabalhos. Estou com a pressão acima do limite. Esse deve ter sido o momento mais complicado da minha vida”, comentou.
Segundo Benecy, a menção à propina ao árbitro é inverossímil e foi criada em momento de diversão durante a conversa com o jornalista Orlando Augusto. Ele ainda justificou que utilizou personagens de épocas distintas – o goleiro Vitor e o técnico Ênio Andrade - e que o jogo não passou de fantasia.
“Em momento de descontração, Orlando Augusto me perguntou sobre a existência de mala branca no futebol. Eu disse que havia isso, mas não considerava suborno. Dentro do espírito descontraído de causos do futebol, contei a história juntando personagens de época diferentes. Na verdade, esse jogo não aconteceu. Foi um conto. Disse que houve gol do meio-campo, que entrei em campo para reclamar com o juiz, e que perdemos o jogo”, tentou explicar.
De acordo com o relato de Benecy na Rede Minas, o goleiro Vitor defendia a meta cruzeirense na ocasião da tentativa de compra do árbitro. O camisa 1 esteve no Cruzeiro entre 1971 e 1984. Já o técnico Ênio Andrade estava no clube durante o episódio ‘fantasioso’. O gaúcho trabalhou na Toca da Raposa em 1989; 1990; 1991-1992; 1994; e 1995.
A diretoria do Cruzeiro também não explicou se a ‘desaceleração’ de Benecy se trata de afastamento ou saída definitiva. Desde que a polêmica entrevista foi ao ar, apenas o vice-presidente de futebol do clube, Bruno Vicintin, se posicionou, condenando o teor das declarações.
A fala do dirigente já está sendo alvo de investigação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Benecy Queiroz pode responder aos artigos 237 e 241 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e também aos artigos 42 e 62 do Código Disciplinar da Fifa. Caso seja punido, ele poderá ser proibido de participar de qualquer atividade relacionada ao futebol e também de entrar em estádios.