Desde a designação de Bruno Vicintin para vice-presidente de futebol, no fim de agosto, a diretoria do Cruzeiro passa por profunda reformulação. A última mudança foi a nomeação, nesta semana, de Antônio Assunção como superintendente das categorias de base, cargo ocupado até então pelo próprio Vicintin. Com isso, o clube espera ganhar em dinamismo, saindo na frente dos concorrentes não apenas na montagem do time, mas também em estrutura, logística e inovação.
Se o presidente Gilvan de Pinho Tavares e os dois vice eleitos, José Francisco Lemos Filho e Márcio Rodrigues Silva, são veteranos na administração do clube, quase todos os outros dirigentes ligados ao futebol representam “sangue novo”. Se o supervisor Benecy Queiróz chegou à Raposa em 1969, outro subordinado de Vicintin, o diretor Thiago Scuro foi apresentado na semana passada, em lugar de Isaías Tinoco, que teve passagem efêmera. A base também ganhou oxigênio com a chegada de Assunção, que auxilia Márcio Rodrigues Silva. Sob a tutela da dupla, está o diretor Klaus Câmara, que é remunerado, a exemplo de Scuro e Benecy.
“A gente observa que o doutor Gilvan e o doutor Lemos estão comandando uma oxigenação dentro do clube, colocando pessoas diversificadas, qualificadas e jovens para liderar uma guinada. Pela proximidade com o Gilvan, tenho acompanhado essas mudanças muito de perto e sou a favor de todas elas”, afirmou Antônio Assunção ao Superesportes.
Com a mescla entre experiência e juventude, Gilvan espera devolver o Cruzeiro ao caminho do sucesso. “Nós, com mais tempo de vida, temos experiência suficiente para dosar o comportamento e o temperamento de pessoas jovens, que têm a tendência de ser mais atiradas, naturalmente, para chegar aos seus objetivos. Juntos, podemos obter muito sucesso”, afirmou o mandatário celeste, quando da apresentação de Scuro na Toca da Raposa.
A aposta em Scuro, inclusive, é uma tentativa de repetir a estratégia bem-sucedida posta em prática com Alexandre Mattos, diretor de futebol entre maio de 2012 e dezembro de 2014, quando foi para o Palmeiras. Quando chegou ao clube, vindo do América, ele tinha objetivos claros e muita disposição, caso aparente de Scuro, que teve passagens por Audax-RJ, Audax-SP e, ultimamente, Red Bull-SP.
Além disso, o próprio processo para selecionar o novo diretor remunerado mostra que a diretoria vem adotando posturas inovadoras, pelo menos em comparação aos métodos habituais dos tradicionais clubes. Scuro participou de processo seletivo, com direito a entrevista, na qual deixou tanto Gilvan quanto Vicintin bem impressionados.
PROCESSO SUCESSÓRIO As mudanças na direção celeste visam obter resultados administrativos e, principalmente, esportivos. Mas também mexem com a política do clube. O mandato de Gilvan vai até o fim de 2018 e ele não poderá ser reeleito. Vicintin surge como o candidato natural a sucedê-lo, mas, por não ser conselheiro nato, depende de mudança no estatuto para se candidatar. Ele tem o apoio não somente do presidente, mas também de José Francisco Lemos Filho.
Outro pré-candidato é o advogado Sérgio Santos Rodrigues, atual superintendente de negócios internacionais, que conta com o apoio também do ex-presidente Zezé Perrela. Como estão do mesmo lado, dificilmente ambos se lançarão à disputa, tornando mais provável uma candidatura de consenso, com possibilidade de composição numa chapa.
Ainda não há manifestação pública da oposição. Na última eleição, Gilvan não teve adversário e se reelegeu por aclamação.