Os primeiros contatos com Roberto Assis acerca da vinda de Ronaldinho começaram logo após a eliminação na semifinal do Campeonato Mineiro para o Atlético. Desde o início, foi Valdir Barbosa quem vislumbrou o negócio e passou a discutir as bases salariais. O presidente Gilvan se mostrava receoso com a ideia de trazer para a Toca da Raposa II um dos maiores ídolos da história do rival Atlético, temendo que a torcida recebesse mal o nome. Ainda assim, ele autorizou o gerente de futebol a estreitar relações com R10.
Segundo uma fonte do Cruzeiro, que desde a noite de sexta-feira confirmou a negociação, e também um conselheiro bastante ativo em negociações do clube, Valdir Barbosa quer “mostrar serviço” com a vinda de Ronaldinho e melhorar sua imagem perante a torcida, já que os protestos após a queda no Mineiro questionaram a competência da atual diretoria. Um eventual acerto com o craque, hoje em fim de carreira, desconstruiria a imagem de ídolo eterno do Atlético e naturalmente seria difícil de ser digerido pelos alvinegros.
Além disso, o astro seria usado como garoto-propaganda em campanhas publicitárias. Diferentemente de Lucas Lima, o retorno técnico de Ronaldinho estaria em segundo plano.
Na última semana de abril, o Cruzeiro já tinha em mãos a pedida de Roberto Assis para Ronaldinho deixar o Querétaro do México em julho e se transferir para a Toca: R$ 1,4 milhão por mês até dezembro. Valdir Barbosa ofereceu R$ 1 milhão, condição prontamente recusada pelo agente, e passou a buscar empresas parceiras para dividir esse alto custo. Segundo a fonte ouvida pela reportagem, Assis só bateria o martelo por R$ 1,3 milhão.
No dia 27 de abril, quando a negociação com Ronaldinho "vazou", Roberto Assis concedeu entrevista ao Superesportes e afirmou que o irmão jogará no Querétaro apenas até o meio deste ano. Depois, assinará com algum clube do Brasil ou dos Estados Unidos.
Neste sábado, na Toca da Raposa II, Valdir Barbosa não quis gravar entrevista com os jornalistas presentes no treinamento do Cruzeiro, mas, em contato com a reportagem, negou a negociação com Ronaldinho e tratou a notícia como “conversa fiada”.
De qualquer forma, caso haja um acordo, Ronaldinho, de 35 anos, poderia ser regularizado apenas em julho, quando reabre a janela no Brasil para atletas que estão no exterior. Com isso, ele teria inscrição garantida apenas no Campeonato Brasileiro (de julho a dezembro) e na Copa do Brasil. Se o time avançar às semifinais da Copa Libertadores, R10 também poderia ser incluído, já que, nesta etapa do torneio, há a possibilidade de se fazer cinco modificações na lista.
Alto salário não é novidade na Toca
Embora as condições exigidas por Ronaldinho estejam bem acima da média salarial do Cruzeiro, na gestão Gilvan o clube já fez negócios de alto investimento e risco proporcional. Basta citar Júlio Baptista, que só deixou o Málaga da Espanha por um contrato de R$ 12 milhões. Em alguns meses do vínculo de dois anos, o meio-campista recebeu apenas um valor simbólico. Já em outros, devido ao acúmulo da dívida, teve vencimentos próximos a R$ 1 milhão.
Curiosamente, a saída dele no meio do ano coincidiria com a possível chegada de R10. Com as saídas recentes de Dagoberto e Tinga, o clube também aliviou um pouco sua folha e ganhou fôlego para apostar em outros atletas.
Uma das fontes ouvidas destaca que a folha salarial do Cruzeiro chegou a ter custo de R$ 11 milhões entre 2013 e 2014, quase o triplo do que era dispensado ao futebol anteriormente.
Gilvan totalmente dedicado a trazer Lucas Lima
Se nas últimas semanas Valdir Barbosa esteve voltado para as conversas com Roberto Assis, Gilvan se dedicou inteiramente à negociação para trazer Lucas Lima para as oitavas de final da Copa Libertadores. O empresário uruguaio Juan Figer também participa da transação e tenta convencer o Santos a abrir mão do armador após a final do Campeonato Paulista, contra o Palmeiras, na Vila Belmiro.
Gilvan prepara para este domingo uma oferta de compra de 50% dos direitos econômicos de Lucas Lima, que hoje está “fatiado” entre Santos (10%), Khodor Soccer (10%) e Doyen Sports (80%). Já existe acordo verbal com representantes do atleta e com os investidores donos do maior percentual. O valor total da aquisição giraria em torno de 8 milhões de euros.
O maior entrave é o desejo do presidente Modesto Roma Júnior em segurar Lucas Lima na Vila.