UM MOMENTO NA HISTÓRIA
Ele pôs um ídolo na reserva
postado em 20/11/2014 09:00 / atualizado em 09/12/2015 16:38

“Raul está perdendo a posição no Cruzeiro. Suas falhas no primeiro gol do Botafogo e no segundo contra o São Paulo, na partida anterior, não agradaram ao técnico Ílton Chaves, que estuda a volta de Hélio ao gol já na partida de domingo, em Recife, contra o Sport”, anunciava o texto. Segundo o treinador, contra os botafoguenses, os jogadores sentiram o gol de Nílson, em falha de Raul. O time perdeu de 2 a 1 de virada, no Maracanã, no dia 24. Entre meados de 1971 e início de 1972, o homem da camisa amarela também ficou afastado dos jogos, por ter entrado na Justiça desportiva para rescindir contrato e ganhar o passe.
No dia seguinte, a manchete do EM foi: “Raul reage. A reserva é injusta”. O goleiro estava revoltado com o afastamento da equipe, apesar de reconhecer a falha diante do Botafogo. Para ele, porém, não era motivo para ser barrado. Na manhã da véspera, Ílton Chaves tinha dado entrevista informando que o jogador pedira para não viajar ao Recife porque reconhecia a má fase e ainda sentia antigo problema no ombro direito. O atleta desmentiu: “Não sou um goleirinho qualquer para ser joguete, ser tirado do time ou escalado sem mais nem menos. Tenho um nome a zelar e moral bastante para ficar numa situação boa”, rebateu. Ele acabou não viajando. Hélio e Vítor foram os goleiros da delegação.
RETORNO Hélio Dias de Oliveira, de 29 anos, comemorava a volta à posição que foi dele por cerca de dois anos, depois que Raul entrou na Justiça contra o Cruzeiro: “Quem espera sempre alcança, e eu nunca desanimei. Não deixei de me cuidar, até me esforcei mais, para, quando tivesse uma nova chance, me encontrar em boas condições para segurar o lugar. Ela veio agora e tão cedo espero não perder a posição, pois esperei bastante para recuperá-la”. Ele havia saído da equipe depois de falhar em derrota por 3 a 1 para o Uberaba, em 12 de agosto, pelo quadrangular final do Campeonato Mineiro.
Na vitória por 3 a 0 sobre o Sport, no dia 28, Ílton Chaves ainda decidiu dar oportunidade a Vítor no fim da partida. Mas Hélio foi titular até março de 1974, totalizando, de 1971 a 1978, 207 partidas com a camisa da Raposa. Carioca, revelado no Botafogo, titular da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio’1964, ele trocou em 1966 a condição de reserva de Manga pela de titular do Atlético, até 1968. Em 1971, transferiu-se para o Cruzeiro. Ao deixar a Toca, ainda defendeu o América até 1981.