Vinte e dois dias depois de ser a última das 32 seleções a fazer check-in no Catar após uma semana de pré-temporada no Centro de Treinamentos da Juventus, em Turim, na Itália, o Brasil deixou a concentração no The Westin Doha Hotel & Spa às 11h30 deste sábado na capital do Catar, 5h30 (de Brasília), como se estivesse partindo em cortejo fúnebre.
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Recebidos nos braços da torcida, em 19 de novembro, no mesmo endereço, por centenas de torcedores em um carnaval em frente à concentração naquele início de madrugada no Oriente Médio, os jogadores foram embora abandonados pelos fãs. Barulho, somente o das lentes dos fotógrafos e a voz dos repórteres de tevê e rádio relatando ao vivo o início do transfer e dos pássaros em uma manhã nublada e fria no país da Copa.
Dos 24 jogadores remanescentes no elenco depois dos desligamentos dos lesionados Gabriel Jesus e Alex Telles, 21 partiram no voo fretado da Qatar Airways para desembarcar em Londres. Vinculados a clubes brasileiros, o meia Éverton Ribeiro e o centroavante Pedro, ambos do Flamengo, e o goleiro Wéverton do Palmeiras descerão no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 5h da madrugada deste domingo. Com eles, Tite, a comissão técnica e o presidente da CBF e chefe da delegação, Ednaldo Rodrigues.
Eleito em abril, o dirigente escolherá sozinho o primeiro treinador de sua gestão. Quando assumiu, manteve Tite, que recebeu até beijo de Marco Polo Del Nero ao aceitar o cargo no lugar de Dunga, em julho de 2016. Ednaldo Rodrigues tem brincado em conversas com pessoas próximas que terá apenas um conselheiro antes de bater o martelo sobre o sucessor de Tite: Deus. A tendência é que o ungido só seja divulgado em janeiro.
Há pressão por uma guinada histórica na CBF: a contratação de um técnico estrangeiro. Internamente, há escassez no mercado nacional. Dois dos três treinadores mais vitoriosos recentemente no país são estrangeiros - os portugueses Jorge Jesus (Fenerbahçe) e Abel Ferreira (Palmeiras). Sonho de consumo, Pep Guardiola renovou acordo com o Manchester City. Entre os brasileiros, Cuca levou o Atlético ao triplete em 2021, porém fez péssimo trabalho no retorno ao Galo nesta temporada ao substituir Antonio "Turco Mohamed".
Campeão da Copa do Brasil e da Libertadores pelo Flamengo, Dorival Júnior entrou na pauta, assim como Mano Menezes depois do segundo lugar do Internacional no Brasileirão. O treinador passou pelo cargo no período de 2010 a 2012. Sucedeu Dunga e teve o trabalho interrompido depois da conquista da Supercopa das Américas, no La Bombonera, contra a Argentina. antes da Copa de 2014. Del Nero e José Maria Marin o demitiram e levaram ao poder Luiz Felipe Scolari.
Diretor de seleções em 2010, na Copa da África do Sul, o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, tem o nome cada vez mais especulado para voltar a trabalhar na CBF. Inclusive, esteve em Doha durante o torneio. Na partida contra a Suíça, o treinador fez coração em direção à arquibancada quando viu Andrés e lembrou que estava na Copa do Mundo por causa do treinador do ex-dirigente do Corinthians.
Intocável desde a eleição de Ednaldo Rodrigues, a Seleção Brasileira será o último setor da CBF a passar por mudanças profundas. Tite continuou no cargo avalizado por Rogério Caboclo, presidente da afastada da entidade após denúncias de assédio sexual. O coordenador Juninho Paulista balança no cargo. O assessor de imprensa Vinicius Rodrigues se despediu da imprensa antes de o ônibus partir do hotel rumo ao aeroporto. Os auxiliares Cléber Xavier, César Sampaio e o filho de Tite, Matheus Bachi, estão fora.