Do lado de fora, BMWs se enfileiram no estacionamento e dão indícios do que se poderá encontrar no Sheraton Grand Doha Resort & Convention Hotel. O iluminado lobby do luxuoso prédio localizado na região turística da capital do Catar é suntuoso e, de alguma maneira, cafona. Lá dentro, áreas de convivência dividem espaço com lojas de jóias, tapeçaria e outros artigos que dialogam com a opulência do local, ao som de uma pianista que apresenta música clássica ao vivo.
Mais alguns passos em direção a outra área externa, com piscina, jardim e quadra de vôlei de praia, e já se pode ver a fachada do Nurs-Et, churrascaria onde o sócio majoritário da SAF do Cruzeiro, Ronaldo, e os jogadores da Seleção Brasileira Éder Militão, Gabriel Jesus e Vinícius Júnior comeram carne folheada a ouro 24 quilates – que nesta unidade pode custar até R$ 3,3 mil.
A ostentação dos jogadores da Seleção Brasileira em meio à Copa do Mundo do Catar, a convite de Ronaldo, repercutiu negativamente. O incômodo se acentua pelo contraste com o Brasil, que recentemente voltou ao mapa da fome mundial.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19, o país soma cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19, o país soma cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente.
"Se comeu a carne folheada a ouro, problema do cara. Não tem nada de errado, inclusive pode ser inspirador para outras pessoas. Tem coisas que é melhor a gente ignorar completamente", defendeu-se Ronaldo em entrevista ao podcast Podpah, em declaração criticada e interpretada como elitista nas redes sociais.
Com camiseta branca, calça preta, luvas e óculos escuros arredondados, o influenciador passa o dia entre uma mesa e outra, tirando selfies e atendendo pacientemente cada cliente-fã.
Na entrada do restaurante, há uma loja com camisetas com o rosto dele.
Na entrada do restaurante, há uma loja com camisetas com o rosto dele.
"Muita gente vem aqui, não apenas pessoas famosas. Todo mundo que vem é especial e recebe o mesmo serviço. Todo mundo ama porque somos diferentes, cozinhamos de forma diferente e servimos de forma diferente", disse o chef, ao Superesportes.
"Comecei a trabalhar quando eu tinha 13 anos. Em 2007, fui a Buenos Aires, sem saber inglês ou espanhol, com apenas US$ 300. Fiquei lá por seis meses, olhei as fazendas, os restaurantes, as fábricas, e aí voltei. Nunca peguei um dólar com meus pais. Abri meu primeiro restaurante em 2009 só com 10 mesas. Agora, tenho 32 restaurantes e 5 mil funcionários", relembra.
Brasileiros têm sido clientes fiéis
A presença do chef em Doha durante o Mundial de futebol tem feito as reservas dispararem para mais de 150 todos os dias. Beira-mar e com não mais que 30 mesas, o espaço fica aberto das 12h às 0h e, mesmo com as críticas e o preço alto, tem recebido muitos brasileiros.
"Ele estar aqui hoje foi sensacional. Encontramos ele na entrada, tiramos uma foto", completou Maysa.
Entre as opções folheadas a ouro, a de menor custo é uma porção pequena de almôndegas grelhadas com batata frita caseira por 140 riais catarenses (R$ 202 na cotação atual).
O corte mais caro do cardápio é uma costela bovina folheada a ouro 24 quilates, que sai por 2.310 riais catarenses (mais de R$ 3,3 mil).
Visitas ilustres durante a Copa
Durante a Copa do Mundo, o espaço foi visitado por jogadores de outras seleções, como o polonês Robert Lewandowski, parte do elenco espanhol e o uruguaio Giorgian de Arrascaeta, e até o presidente da Fifa, Giani Infantino.
Pentacampeões mundiais com o Brasil em 2002, os ex-laterais Cafu e Roberto Carlos também posaram ao lado de Salt Bae numa visita ao restaurante.
Chiqui Tapia, mandatário da Associação Argentina de Futebol (AFA), prometeu a Salt Bae que uma eventual festa do tri mundial argentino seria lá.
Chiqui Tapia, mandatário da Associação Argentina de Futebol (AFA), prometeu a Salt Bae que uma eventual festa do tri mundial argentino seria lá.
No país dos milhões, o futebol é uma ilha de luxo ainda mais isolada do resto do mundo.