Faltava um jogo com repertório ofensivo, chances empilhadas e muitos gols. Não falta mais. Os 4 a 1 sobre a Coreia do Sul nesta segunda-feira (5) é alívio após a derrota dos reservas para Camarões e combustível para uma Copa do Mundo diferente que começa para o Brasil nas quartas de final contra a atual vice-campeã Croácia: o Mundial contra outros grandes favoritos ao título.
Há dois dias, Lionel Scaloni deu de ombros sobre essa história de Copa que se inicia no mata-mata ou nas quartas de final. Até ironizou: “Para vocês (imprensa), toda hora começa um novo Mundial. O nosso começou no dia 22”, disse o técnico da Argentina, em referência à estreia com a inesperada derrota para a Arábia Saudita.
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É no mínimo ingenuidade acreditar fielmente que a Copa começa no mata-mata ou nos confrontos com os favoritos. A cada quatro anos - e em especial nesta edição no Catar -, candidatos ao título têm sofrido contra as “zebras”.
Foi assim com Argentina, Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Uruguai, Portugal e o próprio Brasil. Todas as seleções campeãs do mundo perderam pontos contra adversários consideravelmente mais fracos.
Então, é quase redundante dizer que o mote deste texto não passa de força de expressão. Mas, ao menos até aqui, as oitavas de final marcaram o fim das surpresas, recorrentes na fase de grupos. Nesta terça, Espanha e Portugal tentam confirmar a tendência contra os azarões Marrocos e Suíça, respectivamente.
Se avançarem, farão um duelo ibérico nas quartas de final. Os outros confrontos, já definidos, opõem Argentina x Holanda, Inglaterra x França e Brasil x Croácia. Sobrariam, portanto, apenas favoritos a levantar o troféu no dia 18.
O primeiro tempo contra a Coreia do Sul credencia a Seleção Brasileira a enfrentar as principais seleções do mundo, depois de ter encarado adversários de segundo ou terceiro escalão até aqui.
Ofensivamente, o repertório ofensivo apresentado anima. Gol de pênalti, troca de passes e contra-ataque. Um show regido por Vinícius Júnior, que resumiu: “Que a gente siga bailando até a final”. Richarlison, Neymar e Raphinha - ainda que este último não tenha marcado - também brilharam. O jogo seguro de Danilo, improvisado pela esquerda, tranquiliza em um momento de tantos desfalques.
A vitória deixa um único ponto de alerta para a sequência: o sistema defensivo. Costumeiramente sólido, sofreu mais do que precisava com a velocidade do ataque coreano e foi salvo seguidas vezes por Alisson. Contra a Croácia e possíveis adversários nas fases seguintes, um bom desempenho das defesas pode ser a diferença entre o título e a lamentação.