Vitória do Brasil alivia e é merecida, mas expõe problemas na convocação
Nas ausências de Danilo e Neymar, Seleção sentiu falta de um armador, figura rara, mas existente, e precisou contar com a volta do zagueiro Militão à lateral
O Brasil criou menos do que poderia na vitória por 1 a 0 sobre a boa Seleção Suíça nesta segunda-feira. Não exatamente por dependência de Neymar, figura controversa fora de campo, mas unânime dentro dele, e sim pela falta de alguém que conseguisse cumprir a função de armador deixada pelo jogador do PSG.
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O homem que liga o meio-campo e o ataque pode, sim, ter as características do versátil Lucas Paquetá, escolhido por Tite para executar a função do lesionado Neymar. Mas ele ficou encaixotado entre os marcadores suíços e perdeu a possibilidade de ver o campo de frente, naquele que talvez seja o seu melhor posicionamento, como segundo volante.
No intervalo, deu lugar ao atacante Rodrygo, ponta de origem, em mais uma improvisação - que não exatamente é um problema em si. Pelo contrário, incontáveis grandes jogadores têm capacidade de ocupar diferentes setores do campo. O jogador do Real Madrid, aliás, deu a assistência para o gol salvador de Casemiro nos minutos derradeiros.
Mas, pela forma como o jogo se desenhou e o arranjo tático suíço, faltou alguém que conseguisse ser mais incisivo e criativo entre a primeira linha com quatro jogadores e as duas do meio-campo (com dois e três jogadores, respectivamente). Poderia ser a solução para desarmar a marcação rival.
No banco de reservas, estava Everton Ribeiro, único meia armador convocado por Tite para a Copa do Mundo. No Flamengo, o ex-cruzeirense se acostumou a atuar saindo da ponta para dentro - posicionamento diferente do que cumpriria caso fosse titular no Estádio 974 contra a Suíça, mas com papel muito parecido.
Mas faltou confiança a Tite para apostar em Everton Ribeiro. Com certa dose de razão. O flamenguista pouco jogou na Seleção Brasileira nos últimos anos e só foi convocado por conta da lesão de Philippe Coutinho às vésperas do Mundial.
O erro número um da comissão técnica foi justamente não dar mais confiança a Everton Ribeiro e não convocar/testar outros meias brasileiros, como Gustavo Scarpa, melhor jogador do campeão brasileiro Palmeiras em 2022. Não que eles seguramente fossem a solução para um jogo duro como este contra a Suíça, mas testá-los mais abriria o leque de opções.
O erro número dois de Tite foi convocar um lateral-direito em quem não confia. Na ausência do lesionado Danilo, a comissão técnica escolheu Éder Militão, que até começou a carreira na ala, mas é zagueiro desde que iniciou a trajetória no Porto. Daniel Alves, jogador da posição, ficou no banco de reservas. Ainda que houvesse explicações táticas para a escolha, trata-se de um erro de avaliação convocá-lo para exercer unicamente o papel de líder extracampo.