O domínio brasileiro nas estatísticas dão indícios apenas do que foi parte do jogo. Quase 200 passes a mais, 24 finalizações contra cinco, nenhuma defesa do goleiro Alisson. A superioridade ao fim foi clara - e o 2 a 0, justo -, mas o primeiro tempo reservou dificuldades já previstas para quem conhecia ainda que superficialmente a Sérvia. A morosidade da etapa inicial se transformou em agressividade na parte final e teve como protagonista Richarlison, que viveu noite de lenda ao marcar duas vezes.
Ronaldo, Romário, Tostão e outros tantos craques que ocuparam aquele setor do campo em Copas do Mundo assinariam a atuação do Pombo, revelado no América e titular do poderoso Tottenham. No primeiro tempo, o camisa 9 pouco tocou na bola e seguiu o ritmo de uma equipe pouco criativa e encurralada na marcação sérvia, que posicionava cinco jogadores na primeira linha de defesa - contra quatro do Brasil (Richarlison, Vini Júnior, Neymar e Raphinha), em clara inferioridade numérica decisiva no futebol.
Refém da própria estratégia, Tite resolveu dobrar as fichas. Manteve o time, que nada sofreu defensivamente e foi inofensivo no ataque, para o segundo tempo. Os mesmos jogadores, uma nova postura. Vinícius Júnior encontrou o caminho pela esquerda, enquanto Raphinha achava espaços pela ponta oposta, mas com repetidos erros de finalização. Neymar, centralizado, pouco fazia.
O caminho se abriu quando Richarlison fez o simples e quebrou uma 'maldição'. Após nove jogos de jejum, um camisa nove da Seleção Brasileira voltou a marcar um gol em Copa do Mundo. A última vez tinha sido com Fred, que foi às redes na vitória por 4 a 1 sobre Camarões, na fase de grupos de 2014.
Mais aliviado, o Brasil aumentou o ritmo e se aproveitou do cansaço adversário. O segundo da noite teve ares de genialidade, em belíssimo voleio que premia um jogador que inicia uma promissora trajetória em Copas, sem a pretensão de repetir a genialidade dos antecessores, mas com a clara obsessão por conseguir o que os campeões conseguiram.