Daniel Davis tem nome de brasileiro, mas nasceu no país do Sul asiático. Percorreu cerca de 3 mil quilômetros até o Catar para acompanhar a Copa do Mundo e demonstrar a paixão pela Seleção, que o acompanha desde menino.
O grupo "Brazil Fans Qatar" tem canções próprias - em hindi - para incentivar Tite e companhia em busca pelo sonhado hexa. Com sonoridade e sotaque próprios, ganharam a simpatia de brasileiros que estão no Catar e dos que acompanham a Copa pelas redes sociais.
O mar arábico e 5,2 mil quilômetros separam a Índia de Daniel do Sudão, terceiro maior país da África. Lá nasceu Abdelrahman Salih, que deixou a camisa do país-natal em casa para vestir a da Seleção Brasileira em Doha.
"Eu amo a cultura. Sou torcedor do Arsenal, e metade do time é brasileiro. Nós temos três 'Gabriéis' (Jesus, Martinelli e Magalhães)... Você fala do Brasil e tudo é sobre futebol. Vocês têm lendas, estou usando a camisa de Ronaldo, tem Ronaldinho, Rivaldo...", explica.
Em poucos metros de caminhada pelo Fan Festival, por Souq Waqif (tradicional mercado local) ou por Corniche (região turística na Baía de Doha), são muitos os torcedores com a camisa da Seleção.
A maioria, porém, não nasceu no Brasil. Tem gente de Bangladesh, do Sudão, da Líbia, do Egito, da Jordânia, do Quênia, de Omã, da Síria, da Palestina, da China... Juntos, demonstram o amor comum pelo futebol brasileiro.
Ídolos do passado são lembrados a todo momento. O esquadrão de 1970, que conquistou o tricampeonato comandado por Pelé, conquistou uma geração de fãs pelo mundo.
Mais recentemente, nos anos 1990 e 2000, a influência veio especialmente de Romário e Ronaldo, que fizeram sucesso na Seleção e em clubes gigantes da Europa, muito acompanhados na Ásia, na África e no Oriente Médio.
Entre os mais novos, a paixão é renovada especialmente por conta de Neymar. Figura controversa no Brasil, o camisa 10 da Seleção conquistou uma legião de fãs mirins.
"Eu gosto do Brasil porque é um país fantástico e é bom no futebol", diz Hamed Almaskari, garotinho de 10 anos nascido em Omã, quase vizinho do Catar, no Oriente Médio. "Eu gosto do Neymar Júnior", conta o estadunidense Matteo Dillon, oito. "Neymar, Marquinhos, torço pelo PSG", enumera o pequeno Aamed Salamah, de oito anos, nascido na Líbia.
São poucas as mulheres que vivenciam a Copa - seja nos pontos turísticos ou nos estádios, apesar da presença maciça nas arquibancadas durante a Cerimônia de Abertura no último domingo. Mas elas também demonstram, em menor número, o amor pela Seleção.
De hijab e uma tiara com orelhas amarelas gigantes na cabeça, Imelda Harris, da Malásia, mescla a tradição religiosa muçulmana e o apoio ao time que adotou. "Eu amo o Brasil porque para vocês o futebol é vida! Brasileiro!", vibra.
Em uma Copa do Mundo tão cara e tão longe do Brasil, diferentes sotaques, etnias e tradições se juntam pelo sonhado hexacampeonato mundial.