Nem o exagero de luzes, letreiros e logos de marcas luxuosas é capaz de ofuscar um dos tantos cenários que chamam a atenção de quem chega ao Aeroporto Internacional de Hamad. Após desembarcar no Catar, bastam poucos passos - e uma olhada à esquerda - para avistar carros de luxo expostos lado a lado, em meio aos passageiros. Com uma boa dose de sorte, eles podem ser seus.
Em primeiro plano, uma McLaren 720S Coupe azul. Raridade no Brasil, custa acima de 300 mil dólares (mais de R$ 1,6 milhão na cotação atual) nos Estados Unidos. Ao fundo, uma Range Rover Sport SVR branca um tantinho mais "modesta", com valor entre R$ 1 milhão e R$ 1,1 milhão. Entre os dois carrões, uma moto de luxo.
O trio atrai os olhares de quem passa pelo free shop (loja isenta de impostos) do principal aeroporto de Doha, capital catari. Os veículos não estão à venda. São, na verdade, prêmios de rifas de luxo organizadas pelos donos de um dos estabelecimentos.
O bilhete para concorrer à McLaren custa 650 riais catarenses (cerca de R$ 967). Tentar a sorte pelo modelo da Land Rover é mais "barato": 550 riais catarenses (aproximadamente R$ 818). A moto, pelo visto, foi sorteada, já que não aparece mais na lista de prêmios do site.
Mais do que um simples sorteio, os carros ali posicionados são quase um símbolo do que o Catar quer mostrar como 'lado A' para o mundo: um país rico, luxuoso e disposto a impressionar quem o visita.
Não à toa, a Copa mais cara da história custará 220 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 1,2 trilhão), quase 15 vezes o total gasto pelo Brasil, segundo colocado do ranking, em 2014 (15 bilhões de dólares ou R$ 81,7 bilhões).
Basicamente, a representação material da ilusão de que "qualquer um" está a um passo de se tornar milionário - afinal, o prêmio mais cobiçado é justamente um generoso cheque de 1 milhão de dólares (R$ 5,4 milhões). Mero "trocado" para um dos países mais ricos do planeta.