2

Quem foram os técnicos do Brasil em Copas do Mundo?

Quinze treinadores comandaram a Seleção Brasileira em 21 edições do Mundial; cinco deles levaram o país ao título, em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002

27/10/2022 10:12 / atualizado em 28/10/2022 12:27
compartilhe

Zagallo venceu a Copa do Mundo com o Brasil como treinador em 1970 e também participou da campanha vitoriosa, como coordenador técnico, em 1994
foto: Reprodução/Fifa World Cup

Zagallo venceu a Copa do Mundo com o Brasil como treinador em 1970 e também participou da campanha vitoriosa, como coordenador técnico, em 1994

 

Com o início da Copa do Mundo do Catar se aproximando, as expectativas dos torcedores brasileiros para ver a Seleção Brasileira em campo se intensifica. O país é o único que participou em todas as edições do Mundial e, desta vez, será comandado por Tite, assim como na Copa anterior, de 2018. Mas quem foram os outros treinadores do Brasil em Copas do Mundo?



Em 21 edições do torneio, 15 técnicos estiveram à frente da Seleção e cinco desses levaram o Brasil ao título. Desde 1958, a cada quatro anos, o futebol tem as atenções voltadas para as disputas, sendo que, agora, o Catar será a sede da competição.

Os anos de 1942 e 1946 foram os únicos sem Copa do Mundo por causa dos conflitos da Segunda Guerra Mundial. Mas, afinal, quem comandou o Brasil no torneio ao longo da história?

Quais foram os técnicos da Seleção Brasileira nas Copas do mundo?

  • 1930 - Píndaro de Carvalho Rodrigues


O treinador nascido em São Paulo, em 1892, comandou o Brasil na primeira edição de Copa do Mundo, em 1930. Devido a conflitos internos da época entre paulistas e cariocas, jogadores que atuavam em times de São Paulo foram impedidos de ir a Montevidéu, no Uruguai. Desfalcada de craques que não viajaram, Píndaro, com 38 anos, teve dificuldade de conseguir algum triunfo no Mundial.

Além disso, a viagem de 15 dias de navio até o país-sede foi cansativa para os jogadores. O Brasil integrou o Grupo 2, com a então Iugoslávia e a Bolívia. Com a vitória do país europeu sobre as duas seleções sul-americanas, Brasil e Bolívia caíram ainda na fase de grupos.

A primeira vitória da Seleção Brasileira saiu no jogo em que só cumpria tabela, vencendo a Bolívia por 4 a 0. A Copa foi vencida pelo Uruguai.

  • 1934 – Luís Vinhaes


A Copa de 1934 foi disputada na Itália e vencida pelos anfitriões. Também com 38 anos, Vinhaes teve a missão de comandar o Brasil na primeira edição na qual as seleções tiveram que se classificar por meio de eliminatórias. A Seleção Brasileira chegou às oitavas de final, caindo diante da Espanha, por 3 a 1.

Como técnico, o carioca que nasceu em 1896, comandou o São Cristóvão, em 1926, e o Bangu, em 1933, saindo campeão pelos dois times no Campeonato Carioca. Após a Copa do Mundo, comandou o Fluminense.

  • 1938 – Ademar Pimenta


Assim como deu sequência no trabalho de Luiz Vinhaes no Bangu, comandando o time carioca em 1934, Ademar Pimenta  comandou a Seleção Brasileira na Copa de 1938. Depois de ganhar reconhecimento o à frente também do Madureira, em 1936, ele viajou com a delegação para o Mundial, disputado na França.

Embora a Itália tenha continuado com o posto de melhor do mundo, o Brasil chegou ao terceiro lugar da competição. Nas oitavas de final, a Seleção venceu a Polônia por 6 a 5. Nas quartas, saiu vitoriosa sobre a Tchecoslováquia, nos pênaltis, e acabou perdendo para a Itália, por 2 a 1. Na disputa pelo terceiro lugar, venceu a Suécia (4 a 2).

  • 1950 – Flávio Costa


Depois de 12 anos sem o Mundial – sequência interrompida nos anos de 1942 e 1946 por causa da Segunda Guerra –, Flávio Costa assumiu a Seleção. Sendo o país-sede daquele ano, o Brasil sofreu grande pressão para vencer, mas amargou uma das mais traumáticas derrotas de sua história ao perde a final para o Uruguai, por 2 a 0, na partida que ficou conhecida como "Maracanazo".

Carioca, nascido em 1906, Flávio Costa teve passagem de destaque pelo Flamengo, com 777 jogos no comando do rubro-negro. Na Copa de 1950, o Brasil venceu Iugoslávia e México, empatando com a Suíça na fase de grupos. Embora tenha avançado até a final, a frustração tomou conta dos torcedores, que ficaram em silêncio no Maracanã, após a derrota para os uruguaios.

  • 1954 - Zezé Moreira


Aos 47 anos, o treinador carioca dirigiu o Brasil na Copa do Mundo de 1954, que teve como campeã a Alemanha. Ele treinou vários clubes brasileiros, além de dirigir a Seleção entre 1952 e 1955. 

No Grupo 1 da Copa, o Brasil voltou a enfrentar adversários de outras edições como Iugoslávia e México, além da França. Nas quartas de final, a Seleção perdeu para a Hungria por 4 a 2, mas houve um marco – foi a partir desse Mundial que o Brasil passou a usar a camisa amarela e o calção azul, uniforme padronizado até hoje.

Zezé Moreira fez história no Fluminense: foi o treinador que mais vezes comandou o time em partidas oficiais, 467 jogos.

  • 1958/1966 - Vicente Feola


Em fevereiro de 1958, o treinador paulista Vicente Feola foi escolhido para comandar a Seleção na Copa da Suécia. Tinha 49 anos na época, e o Brasil estava no Grupo 4. A então União Soviética, a Inglaterra e a Áustria foram primeiros os adversários nessa etapa.

Na trajetória até a primeira conquista de Mundial, o Brasilpassou por pelo País de Gales (quartas) e França (na semifinal) antes de bater a Suécia na decisão, por 5 a 2.

Com o bom desempenho, Vicente Feola comandaria a Seleção também na Copa de 1962, no entanto, adoeceu e só voltou a ser treinador da equipe em 1966.

 

Na primeira fase do Mundial na Inglaterra, no entanto, a Seleção perdeu para a Hungria e Portugal e não avançou para o mata-mata. Os anfitriões se sagraram campeões

 
  • 1962 - Aymoré Moreira


Irmão de Zezé Moreira, Aymoré Moreira nasceu em Miracema (RJ) e jogou pela Seleção Brasileira enquanto atleta. Aos 50 anos, assumiu o comando da Seleção, levando o Brasil ao segundo título da Copa do Mundo, no Chile. 

No Chile, o Brasil fez ótima campanha, com cinco vitórias e um empate, além de 14 gols a favor e cinco contra. Na final, venceu por 3 a 1 a Tchecoslováquia.

Além de ganhar a Copa, Aymoré comandou a equipe nos triunfos das Taças Oswaldo Cruz, em 1962 e 1963, e Bernardo O'Higgins, em 1961 e 1966. Em 1963, venceu a Copa Roca e em 1967, a Copa Rio Branco.


Ele dirigiu a Seleção em 61 partidas e obteve 37 vitórias. 

 

  • 1970/1974/1998 - Mario Jorge Lobo Zagallo


Ídolo do futebol brasileiro, Zagallo venceu Copas do Mundo como jogador (1958 e 1962), treinador (1970) e coordenador técnico (1994). 

Nascido em 1931, em Atalaia (AL), comandou o Brasil no tricampeonato mundial e seguiu treinando o time no torneio seguinte, quando a Alemanha saiu vitoriosa. Em 1998, ocupou o cargo novamente, levando a Seleção à final – quando foi derrotada para a França.

A Copa de 1970 ficou marcada por lances famosos como a "Defesa do Século", pelo goleiro inglês Gordon Banks, além do "Gol que o Pelé não marcou", contra a Tchecoslováquia.

Além da trajetória na Seleção, Zagallo treinou os quatro principais times do Rio de Janeiro (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo). No comando do Brasil, foram 135 jogos (99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas). Já como coordenador técnico, foram 72 jogos (39 vitórias, 25 empates e oito derrotas).

 

  • 1978 – Cláudio Coutinho


Nascido em 1939, em Dom Pedrito (RS), o treinador esteve à frente da Seleção em 1978, quando o Brasil ficou em terceiro lugar no Mundial. Antes de ser treinador, foi preparador físico na Copa de 1970, além de ter trabalhado como supervisor na Seleção Peruana de Futebol, no Vasco e como coordenador técnico do Brasil na Copa de 1974.

Em 1976, treinou o Flamengo. Foi anunciado como técnico da Seleção no começo de 1977. Com sua filosofia própria de jogo, nunca escondeu a defesa da "europeização" dos esquemas táticos.

  • 1982/1986 - Telê Santana


Um dos mais importantes nomes do futebol nacional, Telê Santana nasceu em Itabirito (MG), em 1931. Fez história nos gramados como jogador, pelo Fluminense, atuando em 557 partidas e marcando 165 gols. Depois de encerrar a carreira, se tornou treinador, comandando, entre outros, o Atlético – com o qual foi campeão brasileiro em 1970.

Aos 51 anos, comandou a Seleção na Copa de 1982 e, aos 55, na Copa de 1986, Embora tivesse um futebol considerado "bonito" e o melhor da época, o título ficou com Itália e Argentina, respectivamente.

Nos anos seguintes, fez história no São Paulo, na era que ficou conhecida como "Era Telê" e conquistou dois títulos mundiais pelo clube: em 1992, venceu o Barcelona e, em 1993, derrotou o Milan.

  • 1990 – Sebastião Lazaroni


Aos 40 anos, o técnico comandou o Brasil na Copa do Mundo de 1990, na Itália, vencida pela Alemanha. A Seleção não passou das oitavas de final desse Mundial, sendo derrotada pela Argentina, por 1 a 0.

Mineiro de Muriaé, treinou também a Seleção na Copa América de 1989 e saiu vitorioso.

Em clubes brasileiros, teve destaque no Flamengo. Em 1975, foi supervisor das categorias de base do time carioca. Em 1985, retornou e trabalhou como preparador físico, técnico interino, supervisor do Departamento de Futebol e técnico efetivo.

  • 1994/2006 – Carlos Alberto Parreira


Carioca, nascido em 1943, Parreira já participou de Mundiais por cinco seleções diferentes: Brasil, Emirados Árabes, Kuwait, África do Sul e Arábia Saudita.

Com a Seleção Brasileira, foi campeão da edição de 1994, nos Estados Unidos, superando rejeição da torcida, que queriam Telê, devido à resistência para escalar Romário.

Nas oitavas de final, o Brasil derrotou os norte-americanos por 1 a 0. Depois disso, nas quartas, venceu os Países Baixos, por 3 a 2; a Suécia, na semifinal (1 a 0) e a Itália na decisão, por 3 a 2 nos pênaltis. O lance final marca a narração histórica de Galvão Bueno que gritou "É tetra", após defesa de Taffarel da cobrança de Massaro, abraçado a Pelé, então comentarista da TV Globo.

Já em 2006, o Brasil não foi longe – caiu nas quartas de final, para a França. O placar de 1 a 0 e a insatisfação com o trabalho do carioca e a demora nas substituições, acabaram levando à demissão.

  • 2002/2014 - Luiz Felipe Scolari


Conhecido também como Felipão, nascido em Passo Fundo, o ex-jogador de futebol que atuava como zagueiro treinou a Seleção na campanha do pentacampeonato, último título brasileiro no Mundial. A conquista na Copa do Japão/Coreia do Sul abafou as críticas, já que foi pressionado pela torcida por não convocar Romário.

Felipão optou por Ronaldo e Rivaldo, fundamentais para a conquista da taça, inclusive na final contra a Alemanha. Na época, Felipão tinha 54 anos e voltou ao comando da Seleção 12 anos após o triunfo. O resultado? Um placar de 7 a 1 inesquecível para os torcedores brasileiros, que viram o país sediar a Copa, mas deixar a competição na semifinal de forma vergonhosa.

  • 2010 – Dunga


Ex-jogador (volante) e treinador da Seleção Brasileira em 2010, Dunga está sem clube. Aos 47 anos, no entanto, era visto como uma figura de renovação. Acabou fracassando na Copa da África do Sul em 2010. Na competição, o Brasil caiu para a Holanda, por 2 a 1, nas quartas de final.

Com o resultado negativo no Mundial, Dunga cedeu o cargo a Mano Menezes, que mudou de início alguns jogadores, convocando os jovens Neymar e Ganso.

  • 2018 – Tite


Nascido em Caxias do Sul, em 1961, assumiu a Seleçaõ com a missão de levá-la à Copa do Mundo da Rússia e está até hoje no cargo. Desde que assumiu, ajudou a recuperar a moral da equipe, após a eliminação traumática na Copa de 2014.

Ainda que tenha sido negativo o resultado no Mundial da Rússia (eliminação nas quartas de final, para a Bélgica), a CBF confirmou a continuação do treinador no cargo visando à edição do Catar, que começa em 20 de novembro.

Agora, com 61 anos, continua na missão "Rumo ao Hexa". Mas já avisou que, independentemente do resultado na próxima Copa do Mundo – que começa em 20 de novembro –, vai deixar o cargo assim que a Seleção Brasileira encerrar a participação.

 

 


Compartilhe