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CHAPECOENSE

Associação de vítimas do voo da Chape pede basta de manifestações desrespeitosas sobre tragédia aérea

Carta cita ofensas de supostos torcedores do Atlético após empate com Chape

postado em 07/06/2018 12:51 / atualizado em 07/06/2018 13:08

Reprodução

A associação dos familiares e amigos das vítimas do voo da Chapecoense (AFAV-C) divulgou uma carta de repúdio às manifestações desrespeitosas sobre a tragédia aérea que matou 71 pessoas, em novembro de 2016.  O texto escrito pela presidente da associação, Fabienne Belle, citou mensagens ofensivas de torcedores do Atlético feitas nas redes sociais depois da partida contra a Chape, no fim de semana passado, pelo Campeonato Brasileiro, e pediu um basta na situação. A carta ainda ressaltou a recorrência desse tipo de atitude e cobrou medidas da CBF e do TJD.

“Hoje fazemos um apelo. Afinal, não foi a primeira vez, nem a segunda, mas, do fundo do coração, queremos que seja a última. É inaceitável que, alguns torcedores do Atlético Mineiro, assim como já haviam feito representantes das torcidas do Nacional-URU e Criciúma, se refiram de forma jocosa, nojenta e desrespeitosa ao acidente conhecido como “Tragédia da Chapecoense”. Em nome dos que se foram naquele acidente, do nosso luto e da dignidade de famílias que tentam se reconstruir, pedimos providências para que parem de brincar com a nossa dor. Sabemos que se trata de uma minoria, que nem de torcedor deveria ser chamado, mas, uma vez que a Confederação Brasileira de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva intervenham com duras punições, temos certeza que se calará a voz dos covardes”, assinou Fabianne Belle, viúva do fisiologista Cesinha, da Chape, que estava no voo.

Postagens de supostos atleticanos nas redes sociais começaram logo após o empate do Galo com a Chapecoense, por 3 a 3, no Independência.  Alguns comentários, que possivelmente foram apagados, circularam no Twitter por meio de capturas de imagens. Como retaliação às publicações ofensivas, torcedores do Atlético demonstraram apoio à Chapecoense.
 
Zagueiro do time catarinense, Fabricio Bruno lamentou a atitude no dia do jogo. “Aos torcedores atleticanos que estão desejando que aconteça novamente o que aconteceu no passado recente, só peço a Deus para abençoar a vida de vocês", postou.

O jornalista Rafael Henzel, um dos seis sobreviventes da tragédia aérea do voo da LaMia, que levava a delegação da Chapecoense à Colômbia para a final da Copa Sul-Americana de 2016, contra o Atlético Nacional, também se manifestou sobre o episódio e divulgou imanges das mensagens ofensivas.

"Não generalizo. Sempre fui bem tratado pela torcida do Atlético. Mas é preciso identificar os autores dessas mensagens. Um desrespeito com o Brasil e o mundo que chorou naquele dia, mas principalmente com os familiares. São idiotas travestidos de torcedores”, criticou.



Leia, na íntegra, a carta divulgada pela AFAV-C

Hoje fazemos um apelo. Afinal, não foi a primeira vez, nem a segunda, mas, do fundo do coração, queremos que seja a última.

É inaceitável que, alguns torcedores do Atlético Mineiro, assim como já haviam feito
representantes das torcidas do Nacional-URU e Criciúma, se refiram de forma jocosa, nojenta e desrespeitosa ao acidente conhecido como “Tragédia da Chapecoense”.

Gostaríamos que fosse mentira, mas não é. O acidente do dia 28 de novembro de 2016 foi real e matou 71 pessoas. A queda daquele avião levou pais, maridos e homens de família que nunca mais voltaram para as suas casas.

Por isso, é doloroso saber que vem das arquibancadas e redes sociais, logo elas, que nos confortaram com lindas homenagens no período mais agudo da nossa dor, as tristes manifestações de desprezo a vida e pedidos para que novos acidentes ocorram com os jogadores da Chapecoense.

Será que além do trauma causado às nossas famílias, que jamais estarão completas novamente, seremos obrigados, também, a conviver com esse comportamento cruel e nocivo todas as vezes que a Chapecoense entrar em campo?

Sabemos que se trata de uma minoria, que nem de torcedor deveria ser chamado, mas, uma vez que a Confederação Brasileira de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva intervenham com duras punições, temos certeza que se calará a voz dos covardes.

Em nome dos que se foram naquele acidente, do nosso luto e da dignidade de famílias que tentam se reconstruir, pedimos providências para que parem de brincar com a nossa dor.

Fabienne Belle
Presidente AFAV-C

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