A associação dos familiares e amigos das vítimas do voo da Chapecoense (AFAV-C) divulgou uma carta de repúdio às manifestações desrespeitosas sobre a tragédia aérea que matou 71 pessoas, em novembro de 2016. O texto escrito pela presidente da associação, Fabienne Belle, citou mensagens ofensivas de torcedores do Atlético feitas nas redes sociais depois da partida contra a Chape, no fim de semana passado, pelo Campeonato Brasileiro, e pediu um basta na situação. A carta ainda ressaltou a recorrência desse tipo de atitude e cobrou medidas da CBF e do TJD.
“Hoje fazemos um apelo. Afinal, não foi a primeira vez, nem a segunda, mas, do fundo do coração, queremos que seja a última. É inaceitável que, alguns torcedores do Atlético Mineiro, assim como já haviam feito representantes das torcidas do Nacional-URU e Criciúma, se refiram de forma jocosa, nojenta e desrespeitosa ao acidente conhecido como “Tragédia da Chapecoense”. Em nome dos que se foram naquele acidente, do nosso luto e da dignidade de famílias que tentam se reconstruir, pedimos providências para que parem de brincar com a nossa dor. Sabemos que se trata de uma minoria, que nem de torcedor deveria ser chamado, mas, uma vez que a Confederação Brasileira de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva intervenham com duras punições, temos certeza que se calará a voz dos covardes”, assinou Fabianne Belle, viúva do fisiologista Cesinha, da Chape, que estava no voo.
Postagens de supostos atleticanos nas redes sociais começaram logo após o empate do Galo com a Chapecoense, por 3 a 3, no Independência. Alguns comentários, que possivelmente foram apagados, circularam no Twitter por meio de capturas de imagens.
Zagueiro do time catarinense, Fabricio Bruno lamentou a atitude no dia do jogo. “Aos torcedores atleticanos que estão desejando que aconteça novamente o que aconteceu no passado recente, só peço a Deus para abençoar a vida de vocês", postou.
O jornalista Rafael Henzel, um dos seis sobreviventes da tragédia aérea do voo da LaMia, que levava a delegação da Chapecoense à Colômbia para a final da Copa Sul-Americana de 2016, contra o Atlético Nacional, também se manifestou sobre o episódio e divulgou imanges das mensagens ofensivas.
"Não generalizo. Sempre fui bem tratado pela torcida do Atlético. Mas é preciso identificar os autores dessas mensagens. Um desrespeito com o Brasil e o mundo que chorou naquele dia, mas principalmente com os familiares. São idiotas travestidos de torcedores”, criticou.
Leia, na íntegra, a carta divulgada pela AFAV-C
Hoje fazemos um apelo. Afinal, não foi a primeira vez, nem a segunda, mas, do fundo do coração, queremos que seja a última.
É inaceitável que, alguns torcedores do Atlético Mineiro, assim como já haviam feito
representantes das torcidas do Nacional-URU e Criciúma, se refiram de forma jocosa, nojenta e desrespeitosa ao acidente conhecido como “Tragédia da Chapecoense”.
Gostaríamos que fosse mentira, mas não é. O acidente do dia 28 de novembro de 2016 foi real e matou 71 pessoas. A queda daquele avião levou pais, maridos e homens de família que nunca mais voltaram para as suas casas.
Por isso, é doloroso saber que vem das arquibancadas e redes sociais, logo elas, que nos confortaram com lindas homenagens no período mais agudo da nossa dor, as tristes manifestações de desprezo a vida e pedidos para que novos acidentes ocorram com os jogadores da Chapecoense.
Será que além do trauma causado às nossas famílias, que jamais estarão completas novamente, seremos obrigados, também, a conviver com esse comportamento cruel e nocivo todas as vezes que a Chapecoense entrar em campo?
Sabemos que se trata de uma minoria, que nem de torcedor deveria ser chamado, mas, uma vez que a Confederação Brasileira de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva intervenham com duras punições, temos certeza que se calará a voz dos covardes.
Em nome dos que se foram naquele acidente, do nosso luto e da dignidade de famílias que tentam se reconstruir, pedimos providências para que parem de brincar com a nossa dor.
Fabienne Belle
Presidente AFAV-C.