De acordo com especialistas da Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos consultados pelo jornal, US$ 5 mil (cerca de R$ 17,3 mil) teriam bastado à LaMia para cobrir o valor de uma parada técnica para reabastecimento na capital Bogotá. Pelos dados preliminares, por falta de combustível a aeronave acabou caindo a poucos quilômetros do aeroporto em que pousaria, nas cercanias de Medellín. Conforme órgãos oficiais, predominou a “mentalidade de empresário sobre o instinto de piloto”.
Quando a aeronave da LaMia chegou a Rionegro, o outro avião havia recém-pousado, e a pista estava passando por processo de limpeza preventiva, para garantir a segurança das aterrissagens seguintes. Com isso, Quiroga resolveu rodear o aeroporto enquanto esperava sua vez de pousar. Às 21h41 locais, o piloto fez contato com a controladoria aérea, sobrevoando a 21 mil pés. Neste momento, pediu prioridade para aterrissar, mas a tripulação só declarou emergência por falta de combustível sete minutos depois. Essa declaração implicava que, assim que o avião pousasse, passaria por inspeção, novamente com risco de apreensão e multa.
Houve, então, sete minutos eternos, gravados na caixa-preta, que mostram o desespero da tripulação e o esforço da controladora aérea Yaneth Molina para tentar encaminhar o avião à pista e também tentar evitar a colisão de outros voos que chegavam ao aeroporto. Depois, o silêncio total.
Embora as conclusões oficiais sobre o desastre possam levar meses, a única certeza emitida pela Aerocivil é que, no momento do impacto, a aeronave não tinha combustível. Extrema irresponsabilidade e precariedade econômica da companhia aérea, a falta de controles e possível corrupção nas autoridades de aviação na Bolívia, país de origem do voo, e até mesmo a desgraça alinhada a todas as decisões equivocadas sãs as perguntas que estão no ar.
Sabe-se que o capitão Quiroga era o piloto e acionista da pequena companhia aérea que, ao longo do tempo, tornou-se um dos mais utilizados pelo futebol sul-americano.
INVESTIGAÇÃO
O governo boliviano encontrou os primeiros sinais de irregularidades no funcionamento e nas operações do avião da Lamia, disse o ministro boliviano de Obras Públicas e Transportes, Milton Claros. “Temos indícios de possíveis descumprimentos de deveres, não cumprimento do controle interno, possível uso indevido de influência, e omissão de denúncia”. Conforme Claros, a investigação do governo busca saber como a LaMia fez um voo direto sem autonomia e como obteve autorização para operar na Bolívia com um único avião. “Merece punições drásticas na Bolívia, e iremos providenciá-las, porque este é um tema penal, porque foram sacrificadas mais de 70 pessoas por falta de ação, por irresponsabilidade no cumprimento das normas”.