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TRAGÉDIA

Economia de US$ 5 mil pode ter causado acidente

Cerca de R$ 17,3 mil teriam bastado para cobrir valor de parada para reabastecimento

postado em 05/12/2016 08:42 / atualizado em 05/12/2016 10:48

DIVULGAÇÃO / CHAPECOENSE

A cada hora surgem mais informações que envolvem o trágico acidente com o voo 2933 da empresa aérea LaMia que levava a delegação da Chapecoense, jornalistas e convidados para o jogo de ida final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, em Medellín, em que 71 pessoas morreram. Enquanto as autoridades dão prosseguimento às investigações, o jornal El Tiempo, da Colômbia, estimou as causas que fizeram o piloto Miguel Quiroga, que também era sócio da LaMia, optar por não pousar para reabastecimento depois de decolar na Bolívia.

De acordo com especialistas da Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos consultados pelo jornal, US$ 5 mil (cerca de R$ 17,3 mil) teriam bastado à LaMia para cobrir o valor de uma parada técnica para reabastecimento na capital Bogotá. Pelos dados preliminares, por falta de combustível a aeronave acabou caindo a poucos quilômetros do aeroporto em que pousaria, nas cercanias de Medellín. Conforme órgãos oficiais, predominou a “mentalidade de empresário sobre o instinto de piloto”.

Quando a aeronave da LaMia chegou a Rionegro, o outro avião havia recém-pousado, e a pista estava passando por processo de limpeza preventiva, para garantir a segurança das aterrissagens seguintes. Com isso, Quiroga resolveu rodear o aeroporto enquanto esperava sua vez de pousar. Às 21h41 locais, o piloto fez contato com a controladoria aérea, sobrevoando a 21 mil pés. Neste momento, pediu prioridade para aterrissar, mas a tripulação só declarou emergência por falta de combustível sete minutos depois. Essa declaração implicava que, assim que o avião pousasse, passaria por inspeção, novamente com risco de apreensão e multa.

Houve, então, sete minutos eternos, gravados na caixa-preta, que mostram o desespero da tripulação e o esforço da controladora aérea Yaneth Molina para tentar encaminhar o avião à pista e também tentar evitar a colisão de outros voos que chegavam ao aeroporto. Depois, o silêncio total.

Embora as conclusões oficiais sobre o desastre possam levar meses, a única certeza emitida pela Aerocivil é que, no momento do impacto, a aeronave não tinha combustível. Extrema irresponsabilidade e precariedade econômica da companhia aérea, a falta de controles e possível corrupção nas autoridades de aviação na Bolívia, país de origem do voo, e até mesmo a desgraça alinhada a todas as decisões equivocadas sãs as perguntas que estão no ar.

Sabe-se que o capitão Quiroga era o piloto e acionista da pequena companhia aérea que, ao longo do tempo, tornou-se um dos mais utilizados pelo futebol sul-americano.

INVESTIGAÇÃO


O governo boliviano encontrou os primeiros sinais de irregularidades no funcionamento e nas operações do avião da Lamia, disse o ministro boliviano de Obras Públicas e Transportes, Milton Claros. “Temos indícios de possíveis descumprimentos de deveres, não cumprimento do controle interno, possível uso indevido de influência, e omissão de denúncia”. Conforme Claros, a investigação do governo busca saber como a LaMia fez um voo direto sem autonomia e como obteve autorização para operar na Bolívia com um único avião. “Merece punições drásticas na Bolívia, e iremos providenciá-las, porque este é um tema penal, porque foram sacrificadas mais de 70 pessoas por falta de ação, por irresponsabilidade no cumprimento das normas”.