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TRAGÉDIA

Autoridades querem concluir em até seis meses investigação sobre causas da queda do avião

Peritos vão se debruçar sobre dados de navegação, da caixa-preta e depoimentos

postado em 04/12/2016 08:30 / atualizado em 04/12/2016 08:49

AFP
As autoridades colombianas querem concluir em até seis meses a investigação sobre as causas da queda do avião que transportava a delegação da Chapecoense, que culminou com a morte de 71 pessoas na última terça-feira, em Medellín. Um grupo de 20 peritos vai se debruçar sobre os dados de navegação, da caixa-preta e depoimentos para apontar as conclusões.

“Precisamos de seis meses, até para respeitar o protocolo de apuração. Vamos ter um grupo de trabalho formado por colombianos, brasileiros, bolivianos e também dois britânicos, que são do país onde a aeronave foi fabricada”, disse Alfredo Bocanegra, diretor-geral da Aerocivil da Colômbia.

Conforme Bocanegra, os representantes brasileiros serão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Já os ingleses são membros do Grupo de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido. A aeronave foi fabricada em 1999. O trabalho cooperativo será liberado pelos colombianos.

As primeiras análises apontaram que, no momento da queda, o avião estava com o tanque de combustível vazio. Essa condição causou a pane elétrica e a interrupção do funcionamento dos motores. Os dois problemas foram relatados pelo piloto Miguel Quiroga à torre de controle do Aeroporto Internacional de Medellín e evidenciados pela ausência de explosão no momento do impacto.

“É necessário um trabalho científico, com a presença de especialistas para determinar o que houve. Ainda é cedo para ter definições”, explicou Bocanegra. O diretor disse ainda ser prematuro explicar os motivos de a aeronave estar sem combustível no momento da queda, na noite de segunda-feira (madrugada de terça no horário de Brasília).

DENÚNCIA

Uma matéria do jornal La Razón, de La Paz, na Bolívia, publicada ontem, afirma que a Promotoria do país denuncia a funcionária boliviana da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (Aasana) por não reportar a tempo as observações do plano de voo da Lamia que decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e caiu perto de Medellín, na Colômbia.

De acordo com a reportagem, a funcionária não fez nenhuma observação a seus superiores sobre o plano de voo do avião, que devia cobrir a distância entre Santa Cruz e Medellín. Pela denúncia, a acusada só reportou o relatório sobre o plano de voo no dia seguinte ao qual ocorreu o acidente, em 29 de novembro.

Nesse relatório, a funcionária observou que a autonomia de voo do avião era igual ao trajeto e só estava indicado um aeroporto alternativo de aterrissagem, e não dois, como exige a legislação. O governo boliviano anunciou que vai investigar a Aasana, órgão encarregado de supervisionar os planos de voo, e a Direção General de Aeronáutica Civil (CGAC), encarregada da supervisão técnica das aeronaves.

O ministro de Presidência, Juan Ramón Quintana, disse ontem em entrevista coletiva que o que lhe chama “poderosamente a atenção” é que o “filho do general Vargas (o diretor-geral da LaMia) seja responsável por outorgar as licenças” e se perguntou se houve tráfico de influência. Quintana afirmou que investigar essa circunstância é “responsabilidade exclusiva do Ministério Público”.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o próprio Quintana viajaram em 15 de novembro no mesmo avião que caiu para cobrir um trajeto entre as cidades de Rurrenabaque e Trinidad, no departamento de Beni (Norte), segundo reconheceu o ministro. Apesar disso, Morales disse na sexta-feira que desconhecia que a LaMia fosse uma companhia aérea de matrícula boliviana.

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