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TRAGÉDIA

Em Chapecó, mais de 20 mil pessoas vão à Arena Condá para homenagear vítimas de acidente

Torcedores lotam estádio e cantam 'É campeão' em tributo a jogadores falecidos

Rodrigo Fonseca Agência Estado
Torcedores e jogadores da Chapecoense se reúnem em oração para homenagear vítimas da tragédia - Foto: AFP / Nelson Almeida
No horário em que a Chapecoense deveria estar prestes a disputar o jogo mais importante da sua história, nesta quarta-feira, as luzes da Arena Condá, em Chapecó (SC), diminuíram de intensidadeImediatamente, os mais de 20 mil torcedores presentes começaram a entoar o hino do clubeSinalizadores verdes iluminaram o localO ambiente era aquele que deveria ser: o de final de campeonato.

No gramado, o mascote do clube, o índio guerreiro, tentava acompanhar a alegria da arquibancada, mas dentro da fantasia um homem choravaCleiton Dona, de 37 anos, vive de interpretar o mascote do time há 5 anos"Hoje (quarta-feira) a gente tenta, mas não dáÉ preciso de força, mas agora é difícil", disse Cleiton sem tirar a fantasia.

Às 21h15, o minuto de silêncio foi respeitado por todos no estádioDepois, crianças entraram com o uniforme do time; na sequência, ex-jogadores se juntaram a familiares das vítimas (Fabiano, que hoje está no Palmeiras, era um dos mais emocionados).

A cerimônia foi rápida, mas intensaDois pastores e o padre Igor, famoso torcedor da Chapecoense, falaram rapidamenteForam palavras de consolo e força - para os torcedores e para a cidade"O que se vivia era um sentimento fraternal de família", lembrava o padre
O religioso fez com que o estádio inteiro repetisse o Pai Nosso em coroNas arquibancadas, muita gente foi às lágrimas nesse momento"Acendam os seus celulares agoraÀ luz que vocês estão vendo é a luz de Deus no meio de nós", falou o padre Igor.

Minutos antes do horário daquele que seria o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, um grupo de ex-jogadores, atletas da base e dirigentes do clube deram a volta olímpica na Arena CondáA torcida emocionada acompanhou como se estivessem ali os campeões.

Um vídeo homenageando todas as vítimas do desastre aéreo foi exibido em um telãoDepois, sincronizada por uma contagem regressiva, a torcida entoou o grito de "é campeão", "é campeão".

Mesmo após a cerimônia, os torcedores permaneceram no estádioNinguém queria ir embora e perder aquele momento"Eu vou acampar no estádio até os corpos chegaremFico aqui o tempo que for preciso", disse Cristiano William Filho, de 19 anos, membro da Torcida Jovem da Chapecoense.

"Isso aqui é uma famíliaFoi como assistir uma celebração em família
Minha vontade é abraçar todo mundoAliás, todo mundo aqui está se sentindo abraçado", falou a professora universitária Mariângela Torres, de 59 anos"Nessa hora, era pra gente estar vendo o jogo", completou o torcedor Aníbal Ferreira, de 48"Por isso, não quero ir embora desse estádioVou ficar aqui como se estivesse assistindo o jogo do meu time", afirmou.