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TRAGÉDIA

Torcedores da Chapecoense enfrentam frio, fome e cansaço em vigília na Arena Condá

Objetivo é homenagear aqueles que fizeram a cidade de Chapecó sonhar alto

Rodrigo Fonseca
Cerca de 30 torcedores fazem uma vigília no estádio desde as primeiras informações sobre o desastre - Foto: RODRIGO FONSECA / EM DA PRESS


Rodrigo Fonseca
Enviado especial a Chapecó

Eles não arrastam o pé da Arena CondáÉ uma jornada que ainda pode durar alguns diasEncaram o frio da madrugada, a fome, o cansaçoMas não desistemCerca de 30 torcedores da Chapecoense fazem uma vigília no estádio desde as primeiras informações sobre o desastre com o avião do clube, que vitimou 71 pessoas, entre atletas, dirigentes, jornalistas e tripulantes da aeronave.

Com autorização da diretoria da Chape, os torcedores se instalaram no estacionamento da Arena CondáEm barracas, em simples cadeiras de plástico ou até mesmo no chão, o objetivo é homenagear aqueles que fizeram a cidade de Chapecó sonhar altoA equipe viajava para a Colômbia para a disputa da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético NacionalA poucos quilômetros de Medellín, na madrugada de terça-feira, o avião da Lamia caiu.

Kassio Gabriel Ferreira, estudante de 14 anos, assim que recebeu a notícia correu para a Arena"Foi chocante, porque eles eram como uma família, eles nos representavamEra uma gurizada muito humilde", diz.

Não levaram quase nada para o localA temperatura de 13º C não intimidou
"Tínhamos uma barraca para todosA gente ficou junto, abraçados, um do lado do outro para vencer o frio", conta.

Contra a fome, a solidariedade da população de Chapecó"Restaurantes e padarias nos enviaram comidaNão faltou ajuda", diz a estudante Damares Ferreira, de 18 anos.

Mas há ainda o cidadão comum, que trabalhou até de madrugada e acordou com o desejo de amparar os torcedores em vigília no estádioEverton de Morais é caixa de um restauranteDormiu tarde, deixou a cama cedo, comprou pastéis e refrigerantes"Acompanhei a maratona deles pela madrugada na TVPensei que poderia ajudar de alguma formaComprei o melhor pastel da cidade e trouxe."

Chape eterna

Damares Ferreira tenta entender o que aconteceu: "Não sei dizer o meu sentimentoTem momentos que me imagino voltando à Arena e não vou mais torcer por eles
Mas não quero pensar no futuro agoraNão sei o que vai ser da ChapecoenseMas jamais vamos abandoná-la".

A promessa é de também não deixar a Arena Condá até que os corpos das vítimas do acidente deixem a Colômbia e cheguem a Chapecó, o que só deve acontecer entre os dias 1 e 2 de dezembroAté lá, orações, silêncio e solidariedade.