O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, disse nesta terça-feira que o time da Chapecoense estava em seu melhor momento e que a cidade “vivia um sonho”“A Chapecoense passava por um grande momentoNós vivíamos um sonho, eu nunca cansei de dizer issoUma cidade do interior, três vezes na série A do Campeonato Brasileiro, disputadíssimo”, disse Buligon em entrevista a jornalistas em São Paulo.
Ele afirmou que acredita ter uma missão a cumprir, após o acidente com o avião da equipe da Chapecoense que caiu na madrugada próximo a Medellín, na Colômbia“Estou agradecendo a DeusO que me fez chorar foi a minha filha, que me ligou agora, disse que está felizEu acredito que fiquei para cumprir a missão de resgatar a nossa autoestima”, disse.
O prefeito embarcaria junto com a equipe, mas decidiu ficar na capital paulista para uma reunião nesta manhã que trataria de parcerias público-privadas para Chapecó e pediu para que o presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense, Plínio David de Nes Filho, também ficasseO acidente com o avião que levava a equipe do Chapecoense e 20 jornalistas matou 71 pessoas.
Segundo o prefeito, os dois embarcariam num voo comercial às 15h50 desta terça-feira e chegariam à 1h (horário de Brasília) em Medellín para assistir a primeira final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, marcada inicialmente para quarta-feiraDepois do acidente, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) adiou a partidaUma nova data só deverá ser definida a partir do dia 21 de dezembro.
O governo federal liberou duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para levar autoridades, além de médicos e a equipe do jurídico da Chapecoense para auxiliar os sobreviventes e fazer o translado dos corpos
Feridos
O prefeito disse que o zagueiro Hélio Zampier Neto sofreu traumatismo craniano e que os médicos pediram tempo apara avaliar a gravidade do estado do atletaO lateral-esquerdo Alan Ruschel, que também foi resgatado, sofreu lesões que não o deixaram falar no momento do socorro“Em estado de choque, ele tirou a aliança e pediu para entregar para a mulher”, contou“Essas pessoas estão dando um fio de esperança para nós
Avião fretado
Segundo o prefeito de Chapecó, o avião foi fretado para reduzir o desgaste dos jogadoresEle disse que a aeronave já atendeu às seleções da Bolívia e ArgentinaBuligon afirmou ainda que já havia voado com a tripulação, incluindo o piloto, que também era proprietário da empresa venezuelana LaMia, sigla para Línea Aérea Mérida Internacional de AviaciónOs voos ocorreram durante os últimos jogos da Copa Sul-Americana“Foi um voo tranquilo, o piloto acabou virando torcedor da Chapecoense, assistiu o jogoEra uma pessoa tranquila, bom piloto”, disse Buligon.
Ele explicou que a aeronave deveria ter partido de Guarulhos, o que não ocorreu já que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não autorizouExiste um regulamento internacional que só permite que empresas aéreas façam fretamento com origem no próprio país“Não é do nosso cotidiano , a gente só ficou sabendo no domingo à noiteA Chapecoense redimensionou a logística”, explicou.
Dessa forma, a equipe partiu em avião comercial de Guarulhos para Santa Cruz de La Sierra, na BolíviaDe lá, partiram em avião fretado com destino a MedellínO avião deveria ter chegado à 1h da manhã (horário de Brasília) na cidade colombianaA aeronave caiu a 30 km da cabeceira do aeroporto“Houve pane elétrica”, disse o prefeito“Eu recebi a notícia às 3h30 da manhãMeu telefone fica no silencioso, eu estava dormindo no hotelO que me despertou foi o telefone do hotel, imediatamente, eu olhei meu celular e tinha várias ligações da minha cunhada, que mora em Los AngelesTalvez, pelo fuso horário, ficou sabendo primeiroFoi um impacto muito grande”, lembrou Buligon.