Luís Castro está deixando o Botafogo na liderança do Campeonato Brasileiro e classificado aos playoffs da Sul-Americana para treinar Cristiano Ronaldo e aproveitar o dinheiro e os holofotes que invadiram a liga da Arábia Saudita na próxima temporada. Decisão pessoal e profissional pra lá de compreensível, mas ainda assim sob muito julgamento da opinião pública. O julgamento também é compreensível.
Luís Castro fez bem para o Botafogo em muitos sentidos. Em um ano e três meses, construiu um bom time na base da coletividade, indicou reforços criativos, que se encaixaram no modelo de jogo e agora viram ativos de mercado, e meio que acertou a rota de uma SAF que antes dele só criava desconfiança. Nos bastidores, mostrou que tentava absorver a cultura do clube e do Rio de Janeiro, falou até de samba e povo em entrevistas, e mostrou boa relação com todas as partes do processo. Um caso de sucesso encerrado antes do que podia ser seu ponto máximo.
Botafogo pode seguir forte, Luís Castro pode ser julgado
O Botafogo pode ser competitivo sem Luís Castro, o que não significa que não sentirá falta dele. Será uma reposição difícil, cirúrgica. O Superesportes informou que Bruno Lage é a prioridade.
Luís Castro segue a vida num mercado agora badalado, o que não significa que a gente não possa ter opiniões sobre essa decisão.
Se o Botafogo construiu um projeto para ele e agora ele abriu mão do projeto, é justo que isso seja colocado no debate. Afinal, os discursos já estariam na mesa se o Botafogo mandasse Luís Castro embora no começo do trabalho ou depois de alguma eliminação: falta tempo, a rotatividade é alta, não há projeto que se sustente. É tudo verdade.
Mas é injusto dizer que só os clubes estão errados na relação com os técnicos. No fundo, no fundo, no fundo, é mercado, trabalho, proposta, cifra e perspectiva. Para todas as partes.
A única pena é a gente nunca saber se o match entre Luís Castro e Botafogo daria em casamento.