O protesto do Bahia contra o desastre ambiental ocorrido no litoral do Nordeste ganhou grande repercussão nas redes sociais e a tentativa dos torcedores em colaborar com a ação derrubou o site em que as camisas do clube estão sendo leiloadas. O Bahia produziu para o jogo desta segunda-feira contra o Ceará camisas como se estivessem manchadas de óleo em referência ao vazamento de petróleo que atingiu o litoral nordestino. Como não houve tempo para produzir estoque do uniforme, o clube teve a iniciativa de leiloar as camisas utilizadas na partida e destinar a renda para as organizações que estão tentando combater esse desastre ambiental.
Esse núcleo nasceu há aproximadamente cinco anos com o intuito de trazer pautas humanitárias para o futebol. O Bahia já realizou ações de combate à homofobia, ao racismo e ao machismo. As iniciativas ganham a participação dos atletas e de torcedores de outros times. "No Novembro Negro, por exemplo, cada atleta tinha na camisa o nome de uma referência do movimento negro. Nesse contexto colocamos uma biografia desses personalidades no material que o atleta recebe para o jogo."
O Twitter do Bahia conta com 1,4 milhão de seguidores. A ação de protesto contra o vazamento de óleo recebeu mais de 23 mil compartilhamentos e quase 80 mil curtidas. Mais de 2,5 milhões de pessoas viram a imagem. A maioria dos comentários era favorável à manifestação. "Nossa rede social tem sido muito festejada por parte de torcedores do Bahia e de outros clubes também. A gente festeja que o Bahia seja um clube querido nessa nossa jornada. Essa ação foi feita de última hora então não houve tempo para criar um estoque e vender as camisas", informou Tiago.
Mas há também manifestações contrárias, de quem leva a postagem para o lado político. Segundo Tiago, o Bahia evita entrar em polêmicas, mas avisa que não há motivo para deixar de levantar essas questões. "Quem se insurge no combate a um movimento contra a homofobia, por exemplo, precisa repensar sua existência no mundo. A gente está em busca de um mundo mais humano, mais igual. O futebol é uma grande manifestação cultural e excluir grupos contraria sua própria essência."
O Bahia prepara para novembro mais uma ação de combate ao racismo. "Vamos debater alguns temas, convocando algumas lideranças de combate ao racismo, estamos discutindo como abordar racismo estrututal e genocídio negro, que está muito presente em Salvador e em outras cidades", afirmou. O clube também já está pensando também em protestar contra a homofobia em 17 de janeiro, que é dia da visibilidade trans. "São muitas agendas e temos tentado dar conta de tudo", disse.