O protesto do Bahia contra o desastre ambiental ocorrido no litoral do Nordeste ganhou grande repercussão nas redes sociais e a tentativa dos torcedores em colaborar com a ação derrubou o site em que as camisas do clube estão sendo leiloadas. O Bahia produziu para o jogo desta segunda-feira contra o Ceará camisas como se estivessem manchadas de óleo em referência ao vazamento de petróleo que atingiu o litoral nordestino. Como não houve tempo para produzir estoque do uniforme, o clube teve a iniciativa de leiloar as camisas utilizadas na partida e destinar a renda para as organizações que estão tentando combater esse desastre ambiental.
"A ideia surgiu porque estávamos incomodados sobretudo com ausência de resposta do governo ao impacto que está causando. Entendo que é algo de interesse de saúde pública e por isso não poderia passar sem discutir. Vamos ajudar quem está tomando para si a função que deveria ser do Estado", disse ao Estado Tiago Cesar, um dos coordenadores do núcleo de ações afirmativas do Bahia.
Esse núcleo nasceu há aproximadamente cinco anos com o intuito de trazer pautas humanitárias para o futebol. O Bahia já realizou ações de combate à homofobia, ao racismo e ao machismo. As iniciativas ganham a participação dos atletas e de torcedores de outros times.
O Twitter do Bahia conta com 1,4 milhão de seguidores. A ação de protesto contra o vazamento de óleo recebeu mais de 23 mil compartilhamentos e quase 80 mil curtidas. Mais de 2,5 milhões de pessoas viram a imagem. A maioria dos comentários era favorável à manifestação. "Nossa rede social tem sido muito festejada por parte de torcedores do Bahia e de outros clubes também. A gente festeja que o Bahia seja um clube querido nessa nossa jornada. Essa ação foi feita de última hora então não houve tempo para criar um estoque e vender as camisas", informou Tiago.
Mas há também manifestações contrárias, de quem leva a postagem para o lado político. Segundo Tiago, o Bahia evita entrar em polêmicas, mas avisa que não há motivo para deixar de levantar essas questões. "Quem se insurge no combate a um movimento contra a homofobia, por exemplo, precisa repensar sua existência no mundo. A gente está em busca de um mundo mais humano, mais igual. O futebol é uma grande manifestação cultural e excluir grupos contraria sua própria essência."
O Bahia prepara para novembro mais uma ação de combate ao racismo. "Vamos debater alguns temas, convocando algumas lideranças de combate ao racismo, estamos discutindo como abordar racismo estrututal e genocídio negro, que está muito presente em Salvador e em outras cidades", afirmou.